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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

sílvia mendonça - DEPRESSÃO NÃO É FRESCURA

DEPRESSÃO NÃO É FRESCURA
Por Silvia Mendonça.

Hoje não dormi. A insônia tem se tornado uma companhia constante - às vezes, agradável; às vezes, assustadora. Não tenho controle dos pensamentos, que, feito salteadores, tomam o meu cérebro e o torturam. Não tenho controle dos sentimentos, o que não é nenhuma novidade, bipolar que sou. Porém, conheço o meu "mal" de perto: a gangorra pende para baixo e a depressão vai se instalando. Um pouco mais abaixo, vi uma postagem de Moacir Elcio Beretafalando sobre esse tema, a necessidade de conhecê-lo e tratá-lo. Eu disse, em artigo: "Depressão não é frescura", isola e abate a pessoa, causa pena ao contrário de compaixão - e só entende quem tem ou teve. Cada um dói de si, lembram-se? Dor a gente não mede nem compara. Dor a gente sente. 

E por que nos deprimimos? Qual a causa da depressão? Há várias teorias explicativas para o aparecimento da depressão. Mas, apesar da vasta investigação desenvolvida, persistem dúvidas relativamente à origem. Atualmente, a depressão é referida como uma doença multifactorial: traduzindo, com várias causas envolvidas no seu aparecimento. Ou, só Deus sabe! Algumas teorias referem uma explicação genética e estudos feitos com gêmeos monozigóticos demonstram a existência de uma tendência familiar. No entanto, não é claro como é feita a transmissão genética. São igualmente importantes as causas físicas, como o desequilíbrio hormonal, certas patologias (neurológicas, infecciosas ou oncológicas) ou alguns medicamentos, que tem como efeitos depressões secundárias. 

Outras, denominadas psicodinâmicas, dão maior importância às relações dos doentes com o meio e, em particular, com os pais/educadores ao longo do seu desenvolvimento. Os fatores sociais, por outro lado, como a vulnerabilidade das classes sociais baixas, as relações interpessoais pobres (muito comum nas redes sociais), o desemprego, uma perda familiar importante ou um acontecimento traumático podem também estar na sua origem.

A tecnologia proporcionou um conhecimento vasto das alterações morfológicas e do funcionamento do cérebro do doente deprimido. São estes desequilíbrios que estão na base do tratamento farmacológico atual, com antidepressivos. Hoje, sabe-se que as principais moléculas em causa no cérebro depressivo são os seguintes neurotransmissores: noradrenalia, serotonina e dopamina.6. Os neurotransmissores permitem a comunicação entre as principais células nervosas - os neurónios - sendo a falta destes neurotransmissores que origina o quadro de depressão. 

Agora me diga: essas explicações satisfizeram você, que esta no fundo do poço, por, principalmente não saber lidar com suas perdas? A mim, não! Claro que este é o quadro clínico da depressão. E o humano? Tratamento medicamentoso existem, os laboratórios agradecem a escolha do produto, mas a terapia, componente essencial, não. Se for se tratar pelo SUS, prepare-se para entrar em uma longa fila de espera. E, qualquer médico sério vai te dizer: a medicação é apenas suporte; a terapia, é essencial. Diante disso, você fica mais deprimido. 

Natal e Ano Novo são duas datas que deprimem qualquer "cristão". Mais do que quando seu time perde, seu companheiro te deixa em um momento em que você esta cheio de amor para dar. Falta tudo: dinheiro, (às vezes, emprego), família, amigos, sinceridade, boa vontade, caridade - e sobra depressão. Orar, meditar, jogar flores para Yansã, seguir todas essas superstições natalinas e de entrada pode ajudar; pode ser divertido. Porém, tenha em mente: depressão é considerada uma doença séria. Não a subestime!

Quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Silvia Mendonça.
 


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