Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Margarida Piloto Garcia - A cor das lágrimas

A cor das lágrimas

De que cor são as lágrimas?
As que nascem no peito, surdas e duras
as que arranham a garganta como lixas ásperas
a tentarem desbravar caminho à loucura
as que te molham como chuva madura

Azuis na vaga que se desdobra, na bruma da manhã,
no voo planado da águia ou na neve imaculada.
Amarelas na margarida que desponta, no sorriso
da criança que brinca, no sol derramado na pele.
Ou vermelhas como a paixão de um amante feroz

Há um arrepio em cada lágrima
um rasgar febril nesse choro que não dorme
que pode ser feliz, danado ou morder-te até sangrares.
No fim a alma namora-te
e engravida o corpo de lágrimas

© Margarida Piloto Garcia.

( todos os direitos reservados ao abrigo do código do direito de autor)

© Aguarela de Paul Lovering
 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

maria joão de sousa - acreditar


XXVIII JOGOS FLORAIS - AURPICAS 2014

(Soneto não premiado)

ACREDITAR

Em que acreditas tu, que não te ergueste
Assim que as labaredas te assolaram
E nelas te lançaste e te perdeste
No mar de fogo que outros te atearam?

E porque não crerás, se assim colheste
O muito que os demais lá semearam,
Na terra e no folhelho em que acendeste
O lume em que essas chamas te queimaram?

Terás, ao menos, visto que sobraram,
Dos sonhos que sonhaste e não viveste,
Sementes, que as fagulhas nem tocaram

Na raiz desse tanto que escondeste,
Inteiras, porque a terra perfuraram,
Que brotaram de ti, quando em ti creste?


Maria da Vírgula (pseudónimo)


Maria João Brito de Sousa


  • Victor Barroso Nogueira um soneto ao jeito de 

    eugénio de andrade / as mãos

  • Que tristeza tao inútil essas mãos
    que nem sequer são flores
    que se dêem:
    abertas são apenas abandono,
    fechadas são pálpebras imensas
    carregadas de sono.
    Pela noite adiante, com a morte na algibeira,
    cada homem procura um rio para dormir,
    e com os pés na lua ou num grão de areia
    enrola-se no sono que lhe quer fugir.
    Cada sonho morre às mãos doutro sonho.
    Dez-reis de amor foram gastos a esperar.
    O céu que nos promete um anjo bêbado
    é um colchão sujo num quinto andar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

maria joão de sousa - QUANDO O LUAR BEIJA A PLANURA


Gustav Klimt - O Beijo


XXII JOGOSFLORAIS DE OUTONO – MONFORTE, 2014

SONETO


QUANDO O LUAR BEIJA A PLANURA




Lançado o véu de prata, o suave manto
Com que este chão se cobre ao sol poente,
Cada palmo de mundo,à nossa frente,
Ganha ideada forma ou traz quebranto,

Porquanto delineia,em cada canto,
Um halo indefinível,mas dif`rente
Que, por igual,cobrindo coisa e gente,
Sobre todos lançou profundo encanto;

Gerada a mutação,dá-se a magia
Impondo uma visão que, com mestria,
Me deixa embriagada de ternura,

Mas tudo se extrapola e... quanto via
Era o luar beijando,ao fim do dia,
O desnudado corpo da planura...



Ana Fauna Flora (pseudónimo)


Maria João Brito de Sousa

sábado, 8 de novembro de 2014

domingo, 15 de setembro de 2013

Yolanda Botelho - GREGORIANO


15 de Setembro de 2013 às 16:36
EU VI AS AS PEDRAS NUMERADAS
DA CATEDRAL EM RUÍNAS
ESTAVAM ALI PRONTAS A JUNTAREM-SE DE NOVO
A VER O RIO PASSAR E SENTIR
O FRESCO CLAUSTRO
OUTRA VEZ LIVRE
DE RUÍDO.
O SILÊNCIO QUE NOS
LEVA SÓ A PENSAR
EM PAZ....
E A FONTE NO MEIO JORRA ÁGUA FRESCA
E ISSO BASTA.....
O CLAUSTRO É UM PRESSENTIR
UM ADIVINHAR
DE MANTOS E SANDÁLIAS
O RISO DAS MAIS NOVAS...
POR VEZES À NOITE
DÁ-SE O MILAGRE
DE UM GREGORIANO
MISTURADO COM A
ÁGUA FRESCA DA FONTE.....
LÁ FORA É OUTRO MUNDO
DE CAVALEIROS,DE MANTOS
COLORIDOS,DE TORNEIOS,
E SUSPIROS.
MAS AS PEDRAS NUMERADAS
TÊM SÍTIO JÁ DELAS
E ESTÃO AQUI,HOJE....
PARECE QUE FOI ONTEM.

YOLANDA




MAS AS PEDRAS NUMERADAS TÊM SÍTIO
MAS AS PEDRAS NUMERADAS TÊM SÍTIO

sábado, 7 de setembro de 2013

a arte de Yolanda

Foto

· 7/9

Lisbeth Zwerger

Foto: Lisbeth Zwerger




Victor Nogueira foi identificado em 30 fotos no álbum Fotos da cronologia de Cecilia Barata.

Bernardo Martí :

Tan pequeña es su esperanza...
y tan grande, la injusticia...
que una joven necesita

hacer, de una flor, su casa.

BERNARDO (7-9-2013)

Gracias, Cecilia. Un beso.
7/9

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ana Wiesenberger - Quero trazer a poesia para a rua

Quero trazer a poesia para a rua
Vê-la descalça a pisar
A terra e as pedras
Sem medo de assumir
A sujidade dos dias

Quero poemas com cheiro e ruído
Que nos acompanhem pela casa
Sem pejo de ir à casa de banho
Quando é preciso

Quero as palavras fumegantes
Directamente recebidas dos tachos e das panelas
Ao lume
Com sons de óleo a crepitar na frigideira
E do molho que o esquecimento
Já queimou

Quero as letras desossadas e indecisas
A agruparem-se umas com as outras
Num acaso feito de desperdício
No balde do lixo

Quero servi-las à mesa do desconforto
Do fim do dia
E regar-lhes o cansaço
Com bom vinho

Quero acariciá-las, já desfeitas
Na cinza do cinzeiro
E depois, levá-las para a cama do desejo
E transformá-las em almofadas fofas de sonhos

E quando acordar de noite
Sobressaltada pelos pesadelos
Quero que elas me abracem
E me renovem
O sentir da realidade

E quando o meu dia de partida
Chegar
Amortalhem-me com folhas de dicionário
E abecedários lúdicos, desses que se compram
Para as crianças
Quero continuar a brincar com as palavras
No jardim do Além
E, talvez, eu até convença Deus
A tornar-se um poeta


Ana Wiesenberger (in Dias Incompletos)

Foto: Quero trazer a poesia para a rua
Vê-la descalça a pisar 
A terra e as pedras
Sem medo de assumir
A sujidade dos dias

Quero poemas com cheiro e ruído
Que nos acompanhem pela casa
Sem pejo de ir à casa de banho
Quando é preciso

Quero as palavras fumegantes
Directamente recebidas dos tachos e das panelas
Ao lume
Com sons de óleo a crepitar na frigideira
E do molho que o esquecimento
Já queimou

Quero as letras desossadas e indecisas
A agruparem-se umas com as outras
Num acaso feito de desperdício
No balde do lixo

Quero servi-las à mesa do desconforto
Do fim do dia
E regar-lhes o cansaço
Com bom vinho

Quero acariciá-las, já desfeitas
Na cinza do cinzeiro
E depois, levá-las para a cama do desejo
E transformá-las em almofadas fofas de sonhos

E quando acordar de noite
Sobressaltada pelos pesadelos
Quero que elas me abracem
E me renovem
O sentir da realidade

E quando o meu dia de partida 
Chegar
Amortalhem-me com folhas de dicionário
E abecedários lúdicos, desses que se compram
Para as crianças
Quero continuar a brincar com as palavras
No jardim do Além
E, talvez, eu até convença Deus
A tornar-se um poeta


Ana Wiesenberger (in Dias Incompletos)

Imagem - Alexandr Dolgikh
Imagem - Alexandr Dolgikh 
 



Victor Nogueira o fogo e a cor das palavras, azuis ou em labareda ! Bjos, Ana Wiesenberger

um poema de Clarice Lispector

Uma boa noite por terras do Sado.
Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar. 
Pesa como pesa uma ausência
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

Clarice Lispector

Art by Mstislav Pavlov 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ana Wiesenberger - Na Minha Vida Deixei-me Abraçar

querotrazerapoesiaparaarua



Sexta-feira, 23.08.13

Imagem - Pedro César Teles

Na minha vida deixei-me abraçar
Por patas e páginas
Cães, Gatos
Livros, jornais, revistas
Cadernos meus em que mergulhei
Emoções
Em que tentei encadernar a minha solidão
Endémica

Houve sempre mãos a quererem-me tocar
E eu a querer ser tocada
Aprisionada na torre do meu ser
Sem me conseguir libertar
Sem me conseguir dar
A ninguém

Todavia, sinto com tanto fervor
O Colectivo; as vozes feitas de terra
Sangue e Dor
Os desprotegidos, os segregados
Pela amoralidade dos sistemas
Pela indiferença confortável
Dos que juraram viver bem
Num quadrado bem definido
De presunção e concepções estreitas
Fechadas à dinâmica do crescimento
Da elevação do percurso humano

Na minha vida, restam-me as palavras
Para chegar aos outros e a mim
E às vezes, quando o sol se põe
E a noite me enlaça numa exteriorização
Da minha amargura, da minha escuridão
Olho o céu através da cortina das minhas lágrimas
E procuro nas estrelas longínquas
Todas as vozes e os cheiros amigos
Que já se apartaram de mim

Ana Wiesenberger
20-08-2013

Imagem - Pedro César Teles

domingo, 18 de agosto de 2013

yolanda botelho - Conchas


18 de Agosto de 2013 às 16:47
Nasci à beira mar,
tenho por isso comigo
todas as lonjuras
todos os perigos
mas também toda a beleza
que não é só superficial.
Sou fundo do mar
de estrelas,de rendas de corais
de profundidades insondáveis.
Quem mergulha em mim
sabe que sou um desafio
mas também paz e maré vaza.
Nasci à beira mar e isso fez-me portadora de
fantasias e mundos inventados.
Sou a distância, mas também....
conchas pequeninas
e grandes.
E nas grandes deixo-me levar convosco
basta encostarem o ouvido.....
aí poderão caber todos os sonhos
num mar que se deixa levar no seu ruído.....
para na serenidade
vos fazer sonhar
com castelos de areia, ou colares de algas.....
até com o azul que não se tem.

YOLANDA







quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Yolanda Botelho - VIDRO

15 de Agosto de 2013 às 1:13
E O VIDRO
REFLECTIA
TODAS AS EMOÇÕES.
NÃO A MIM
MAS O MEU OLHAR.
NELE 
TODO O BRILHO,
TODA A AVENTURA
E DESVENTURA
QUE SE ABRIA 
EM MIM ,
COMO O SOL
DEPOIS DE UM DIA CINZENTO.
ERA DE TODAS AS CORES
O VIDRO.
CAPTAVA O SOL.
E A SUA TRANSPARÊNCIA
ERA INTACTA,EXEMPLAR
PURA......
E EU CLARAMENTE INDEFESA
IMPERFEITA ,INSEGURA....
REVIA-ME NELE
E SEGURAVA-O ENTRE AS MÃOS
SEMPRE....
PROTEGIA-O, PARA NÃO ME FERIR.

YOLANDA ,15 DE AGOSTO DE 20013



Victor Nogueira um vidro como se cristal fora, contendo em si todo o universo. Bjos, Yolanda Botelho