Viva a Vida !

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sábado, 14 de setembro de 2013

Maria Jorgete Teixera - Virar a Cidade


Virar a cidade


As casas não são apenas um aglomerado de cimento, tijolos, vidros, pedra, lenho, água…a estes se juntam os músculos e a força, a vontade e os sonhos…
As casas têm cheiro, têm histórias, têm alma dentro…daí que as casas, nas cidades velhas, tenham para nós um outro valor. Porque as memórias, sem um suporte material, ardem e apagam-se em poucas gerações…
Nas casas antigas, há tramas de sangue e de sal, de choro doce, gemidos de amor, tranças de lamentos, cordas de enforcados, trinados de pássaros, latidos de raiva, murmúrios, medos sufocados, facas afiadas, risos de crianças. 
Nas casas antigas há bancos de sol onde se sentavam os velhos, cânticos de mulher, cavalgadas nas costas dos pais, vozes ciciadas, brisas de ternura, berços e tumbas.
Quando as casas se esvaziam entristecem e deixam de cuidar de si…
Ainda durante algum tempo, o musgo se entrelaça nas fachadas, mas aos poucos as ervas daninhas tomam conta de tudo e as pedras, sem o calor humano, vão deixando de suster-lhes a alma…e elas vão definhando aos poucos, desventradas, até caírem numa morte humilhante de quem sabe que para nada serve, já …
Cada uma que se abate é um nicho de história que deixamos morrer, irremediavelmente…
Mas nas casas antigas, batem ainda corações mesmo depois do último suspiro…pois elas são documentos vivos, papiros onde se inscreve a passagem do tempo… 
Dentro das paredes vivem adormecidas bandeiras insubordinadas.
Depois, as casas não vivem sozinhas, formam tessituras, agrupam-se segundo sensibilidades, as casas pequenas juntam-se com outras das mesmas dimensões, os azulejos formam fachadas de cor onde a luz incide da mesma maneira, as casas tem mãos que se enlaçam…por isso, quando alguma é abandonada ou morre empilhando-se em pó, as outras contorcem-se em desespero.
A sociedade, os poderes, centrais ou locais, são assassinos por incúria, baixam-se aos grandes interesses económicos e, como dá muito nas vistas cometer o crime de homicídio qualificado, optam por comete-lo por negligência, pela passividade, pela falta de prestação de cuidados. Interesses económicos assediam as pessoas com urbanizações em cartazes apetitosos que oferecem a preços mais competitivos, novas moradias, novas vidas e a felicidade em pacotes de “suaves “ prestações…
E as velhas casas vão definhando, sem que lhes sarem as feridas, sem mãos femininas que lhes enfeitem as janelas de rendas ensolaradas, sem as gargalhadas das crianças, sem as malvas a sorrir nas sacadas…
E é uma dor que escorre nas calçadas ao vê-las desventradas, rasgadas pelo vento, pelo calor e pela chuva, de orgulho mortalmente ferido. Estão assim as casas da nossa cidade, resistindo ainda, num último aceno de ingénua vaidade que lhes ficou dos dias gloriosos, à espera de que alguém olhe para elas e as salve de uma morte anunciada. 
Maria Jorgete Teixeira

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Convicções e paradoxos

Quebrar sem Partir


TERÇA-FEIRA, 27 DE AGOSTO DE 2013

Convicções e paradoxos

Não obstante todo o esforço mediático em contrário, a opinião pública tem vindo a demonstrar convicções pouco tranquilizadoras para os poderes dominantes. Sabe-se, hoje (enfim, sempre se soube), que a versão oficial da história iniciada com o ‘viver acima das possibilidades’ – e da consequente contracção de uma suposta ‘dívida colectiva’ (curioso que, quando se apurou ser esta sobretudo privada, deixou de falar-se em ‘dívidas soberanas’ – todas passaram a públicas!) e da exploração enviesada do princípio de que ‘as dívidas são para pagar’ (arrastando políticas de austeridade que conduzam à ‘redução do Estado Social à medida das nossas capacidades’) – estava mal contada. A génese e evolução de tudo o que aconteceu para aqui chegarmos, afinal foi bem diferente da ‘narrativa’ neoliberal que o aparelho mediático construiu na defesa das políticas que suportam o poder financeiro global: os contribuintes (enquanto tais), agora chamados a cobrir os prejuízos, pouco ou nada tiveram a ver com a formação (e subsequente estouro) da ‘bolha’ especulativa habilmente camuflada pela engenharia financeira dos ‘derivados’, que a completa desregulação dos mercados acentuou.

À convicção pública, cada vez mais reforçada, de que a origem e a responsabilidade da crise actual se deve acima de tudo à especulação financeira em conúbio com o poder político dos Estados, associa-se, pois, uma outra, não menos firme, de que os custos da mesma estão a ser suportados por quem pouco ou nada para ela contribuiu – a generalidade dos contribuintes, em especial os mais indefesos. Eis, então, o primeiro paradoxo gerado entre dois alargados consensos: quem está a pagar a crise não é quem a provocou. Trata-se, como é óbvio, de um paradoxo de natureza ‘apenas’ moral, de um facto eticamente reprovável, que só a História terá capacidade de reconhecer a seu tempo. Para já o domínio económico e político, apoiado numa bem oleada teia mediática, impõe que a conta dos desvarios provocados por uns poucos (ainda que no desenvolvimento da lógica do sistema) seja paga pela generalidade dos cidadãos.

Este não é, contudo, o único episódio do gigantesco processo de extorsão e transferência de riqueza em benefício do sector financeiro que se encontra em curso, bem longe disso, mas é seguramente a base em que todos os outros se movimentam. Alguns são tão evidentes e escandalosos que suscitam mesmo o reparo e a contestação dos próprios apaniguados. Como o que recentemente envolveu Alberto João Jardim, normalmente mais invocado por comportamentos histriónicos ou de demagogia política, mas desta vez a propósito da decisão do ‘seu’ Governo (PSD/CDS) de aumentar o horário de trabalho na função pública das actuais 35 para as 40 horas semanais. Com efeito, dirá ele, se a troika sustenta que há pessoas a mais a trabalhar no Estado, prolongar o tempo de trabalho das que lá estão agrava ainda mais o problema, o que constitui um... paradoxo!

Este é, aliás, o grande e inultrapassável paradoxo do sistema na actualidade, já bastas vezes aqui denunciado: o enorme incremento da produtividade do trabalho em consequência do desenvolvimento técnico deveria ter como resultado lógico a libertação do tempo de trabalho e não, como paradoxalmente parece querer impor-se – sem que alguém compreenda bem porquê! – o seu aumento, em termos de horas e ritmos de trabalho. Entretanto, um estudo elaborado por economistas do Centro de Lille de Estudo e Investigação Sociológica e Económica (Clersé, Le Monde Diplomatique, Jul/13) explica porque tal acontece, aliás ao arrepio da tendência histórica mantida até aos anos 70 do séc. passado. Aí se conclui estar o custo do trabalho a ser penalizado pelo acréscimo de custos financeiros improdutivos (juros e dividendos) sobre o capital, na sequência da financeirização da economia então ocorrida (acréscimo na ordem dos 50 a 70% acima dos custos estritamente económicos). Para além do que isso implica em termos de desvio de fundos necessários ao investimento em áreas reprodutivas, tanto do ponto de vista económico estrito, como de reconversão ambiental, apoio social,...

Foi há cerca de 30 anos, que o proselitismo das convicções liberais teve acesso ao poder e, em nome de uma utopia – o mercado livre – impôs uma política de desregulação da economia, o que permitiu ao sector financeiro capturar a economia global (e toda a sociedade!), pondo-a a funcionar em seu proveito. Desde então, uma sofisticada engenharia financeira proporcionou ao sector um enorme fluxo de rendimentos (por transferências do trabalho, mas também dos restantes sectores do capital), determinando, em contrapartida, o aprofundamento das desigualdades, um persistente desemprego, o lento definhamento das economias desenvolvidas, o permanente enviesamento das políticas públicas em benefício próprio,...

A crise das dívidas acentuou de forma dramática este processo de transferência de recursos, o que explica o agravamento das políticas de desvalorização do trabalho que têm vindo a ser prosseguidas como forma de se compensar o sobrecusto absorvido pelo sector financeiro improdutivo. Perante o descalabro dos resultados económicos obtidos, porém, não pode deixar, aqui também, de se achar paradoxal a convicção dos economistas liberais na persistência das políticas que a tal conduziram. Mas, como sempre, será a realidade a encarregar-se de lhes corrigir o rumo – bem mais cedo do que se espera.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Manuel Monteiro - Claro com água


CLARO COMO ÁGUA.

Dizia-me há dias uma amiga búlgara:
-Pois é, diziam que no regime comunista não havia liberdade, embora houvesse educação, saúde e habitação gratuita para toda a gente
Eu perguntei:
-Mas agora já há liberdade, e saúde, e habitação, e educação para todos na Búlgária capitalista?
-Nada, todos as conquistas do comunismo foram arrasadas. E a liberdade é apenas para os novos donos do país. Um doente para ser internado até tem que pagar o aluguer dos lençóis da cama. Se eu não mandasse todos os meses uma mesada para o meu velho pai, que sofre do coração, há muito que tinha morrido porque a saúde é só para quem a possa pagar.
Arrasadora verdade
Não acreditam?
Informem-se

Manuel Monteiro

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Eduardo Baptista - Um agradecimento excecional


C de Comunicar, C de Conversar C de Comentar, C de Criticar, C de Conhecer, C de...


QUARTA-FEIRA, 5 DE DEZEMBRO DE 2012

Um agradecimento excecional


Obrigado Pinto Balsemão
Obrigado Daniel Oliveira
Obrigado João Lemos Esteves
Obrigado Henrique Raposo
Obrigado Henrique Monteiro
Obrigado a todos e aos que esqueci

Não é que precisemos muito deles. Sempre seria melhor que,  se tivessem  inteligência, contribuíssem para um mundo melhor. No entanto sempre é bom que escrevam o que escrevem para ajudar os indecisos a ver até onde vai a estupidez da direita instalada no poder. Até onde vai a estupidez dos anti-comunistas.

Faça-se justiça

Por isso, e porque é justo, desta vez, excepcionalmente agradeço ao Pinto Balsemão que gasta o seu dinheiro pagando textos tão estupidamente esclarecedores, de atrasados mentais, como os que publicou no Expresso. 

Henrique Monteiro prova que 66,6% dos dirigentes do PCP têm vidas semelhantes uniformizadas. E como é que o prova. Dizendo:
“É um dado que fala por si. De tão evidente, é como um grito”. Esta demonstração tão profunda e inteligente vale todo o dinheiro que Pinto Balsemão lhe dá. Obrigado Pinto Balsemão, obrigado Henrique Monteiro.


Centro de trabalho Vitória. Um luxo


A carinha aqui ao lado, de tão bonita não resisto a decorar, com ela este blogue tão feio, publicou também no Expresso, o seguinte e inteligente pensamento:
Disse João Lemos Esteves 
“1. Caminhava eu, tranquilamente, pela Avenida da Liberdade em Lisboa, quando me deparo com um cartaz em tons vermelhos com as palavras de ordem da mensagem comunista "exploração capitalista", "desigualdades", e por aí adiante. Julguei tratar-se de mais um (banal) cartaz do PCP, dos muitos que se encontram espalhados pelas ruas de todas as cidades portuguesas. Mas não: aquele cartaz revelava algo especial.

A sede do Partido Comunista

Continua o João: "Aquele cartaz sinalizava a localização da sede do partido comunista português. E perguntam os caríssimos leitores: a sede do PCP situa-se num edifício modesto, economicamente contido, distante dos centros de lazer "pequeno-burgueses" e das lojas símbolos do capitalismo selvagem? O leitor mais incauto responderá de imediato: é evidente, os comunistas, esses verdadeiros defensores dos interesses dos trabalhadores, jamais aceitariam trabalhar na mesma rua do que os "porcos capitalistas" que tanto censuram. Lamento desapontá-lo, ao quebrar porventura as suas crenças de infância, mas os dirigentes comunistas têm hábitos e práticas de burgueses…” 

O mais luxuoso e caro da Av. da Liberdade

Depois concluiu brilhantemente:
“2. Pois bem, vamos aos factos. O Partido Comunista tem a sua sede no dos edifícios mais luxuosos e caros da Avenida da Liberdade…”. 
É claro que errar é humano. Por isso o João, está desculpado por não saber, nem ter querido saber, da história daquele edifício que estava para ser demolido por já não servir a especulação imobiliária na Cidade. O João não quis dizer que o PCP o salvou e fez obras para transformar o velho Hotel Vitória no centro de trabalho, que não é a sede do PCP, (mas isso são os tais pormenores). 

Um luxo que merece ser apreciado

Seria interessante os leitores deste blogue, entrarem no edifício e com os seus próprios olhos apreciarem oluxo daquelas instalações. Assim poderão confirmar o acerto das palavras de João Lemos Esteves. Assim poderão ver até onde vai a estupidez humana dos prostitutos da direita. Obrigado João Lemos Esteves, por mostrares isso. Quando fores grande terás futuro a limpar as botas dos teus patrões, se ainda existirem, o que é duvidoso com serventuários como tu, rapazinho.

Raposos e raposas

Um outro rapazinho também principiante nestas lides, o Henrique Raposo, escreve também no Expresso, vejam lá o esforço que Pinto Balsemão faz, coitado. Diz o Raposo que ”É sempre cómica a forma como o jornalismo português transforma um fascista vermelho num grande democrata”. 
Vejam lá esta dupla tirada tão extraordinária: "jornalismo português" e "fascista vermelho".

Jornalismo português

Jornalismo português é, explicou ele: “uma jornalista até disse que "Cunhal sempre lutou por um partido livre e transparente". E depois fica admirado com a possibilidade de ainda haver comunistas nas redações. Haverá? pergunta ele, deixando no ar o apelo:  Vamos já à caça deles.

Fascista vermelho

Fascista vermelho é o que não vai à caça de comunistas. É Alvaro Cunhal que segundo o rapazote Henrique Raposo, que não conheceu o fascismo, foi um fascista vermelho. Fascista vermelha foi a jornalista que disse que Álvaro Cunhal lutou por um partido livre e transparente.

Romances e tampos de sanita

Mas Henrique Raposo descarrega toda a sua grande dose de Cultura, para demonstrar o que afirma: “Meus amigos, Cunhal lutou toda a sua vida contra a democracia. Cunhal tinha uma concepção totalitária da política: só compreendia a linguagem da força… dos romances aos tampos das sanitas, tinha de obedecer a um plano central (o de Moscovo). Por outras palavras, Cunhal era fascista”

Raposas Sapiens

Este Henrique Raposo supera tudo o que se espera de um ser humano (Homos sapiens). Mais adiante conrfirma o que diz: “Antes de 1974, Cunhal fez a vida negra às oposições democráticas, porque o PCP não queria uma transição para a democracia”. “Cunha Leal e Norton de Matos afirmaram que Cunhal era pior do que Salazar. …Cunhal era uma fotocópia de Salazar. Moral da história? Durante o Estado Novo, o grande alvo do PCP não foi Salazar, mas a restante oposição. Daí nasceu esta guerra civil entre as esquerdas (tornada explícita em 1975) e a ditadura intelectual do PCP junto dos meios jornalísticos e intelectuais. Algo que ainda perdura em reportagens que cantam loas a Cunhal em 2012”.

Um espanto tanta idiotocultura

Henrique Raposo, o rapazote, lutador pela democracia, conclui: “Em 2012, os jornais e TV estão cheias de pessoas a dizer que "ora, ora, com tanta manif na rua, o governo perdeu a legitimidade e deve cair". O fascismo de Cunhal continua vivinho da silva”. Continua a não ter coragem para escrever mas novamente deixa no ar o apelo: “vamos a eles”.” Vamos caçar os Jornalistas fascistas vermelhos”. Obrigado, Henrique Raposo. Obrigado Pinto Balsemão que bem lhe pagas o que ele merece.

Militantes de fim de semana

Daniel Oliveira, merecia-me algum respeito. Contudo agora merece mais. Obrigado Daniel por teres escrito, também no Expresso (Obrigado Expresso): “Quando vi que o Congresso do PCP começava numa sexta-feira, de dia, não pude deixar de pensar: como pode um partido político juntar os delegados a um congresso num dia de semana? Só de uma forma: se uma parte significativa desses delegados trabalharem para o partido…”.
Sim Daniel. Os militantes os militantes que foram eleitos delegados, os amigos do PCP que vão às manifestações, que constroem a Festa do Avante, que dedicam parte das suas férias ao partido, que metem dias de férias a que têm direito para trabalhar no PCP, “trabalham para o partido”. 

E os desempregados, Daniel?

Mas não incluíste no teu superior pensamento, os muitos milhares de desempregados. Não te lembraste que muitos comunistas foram vítimas preferenciais dos despedimentos. Enfim são números de pouca monta. Uns escassos 25% ou seja um quarto. 
Obrigado Daniel por lembrares este esforço militante de quem dedica parte da sua vida a uma sociedade mais justa. Obrigado Daniel. Obrigado Pinto Balsemão.

Falta de espaço para os muitos comunistas no Expresso

Entretanto com tantos comentários e comentadores o Expresso não teve espaço para falar do Congresso do PCP, nem sequer de dar uma linha a um dos muitos jornalistas comunistas que abundam naquele jornal. Obrigado Balsemão por tornares tão evidente o que é o jornalismo e o que são os “grandes” Jornais.
Obrigado!

5 comentários:

  1. É uma boa (e irónica) denúncia...
    mas também é perder tempo com gente tonta.

    (não valem nem um pedaço deste teu espaço)
  2. Quando li os comentários deste rapaz "imberbe", deu-me tanta vontade de rir... Mas isto é jornalismo?!... Ele devia era ir para a Escola, aprender... Coitado! "Vomita" aquilo que lhe "bufam", porque conhecimentos da realidade política, não tem. É um triste! Leonisa-Luxemburgo.
    1. Talvez, quem sabe, aquela criança tenha sido convencida que os comunistas comem criancinhas...
      Os outros, menos crianças, sabe-se lá os complexos que as movem.
  3. à medida que a luta de classes se agudiza, Balsemão/ppd-psd mostra a sua verdadeira face - a da sarjeta e dos serventuários desqualificados que são a canina voz do dono
  4. A estupidez destes comentadores de que o Jornal Expresso se serve, é tão grande e flagrante que, coitados, são eles os mais atingidos pelos tiros que dão. Quem defende interesses de classe que não pode revelar, sujeita-se a contradições que dão nisto. Têm que mentir para tentar enganar mas, até para mentir são incompetentes.

    http://c-de.blogspot.pt/2012/12/um-agradecimento-excecional.html

sexta-feira, 13 de julho de 2012

António Viegas - As velhas cruzadas dos novos pregadores


Quebrar sem Partir




As velhas cruzadas dos novos pregadores


A crise, já todos o sabem, mexeu (está a mexer, vai continuar a mexer...) com a vida das pessoas. Não de forma igual para todos. O que para a maioria se traduz em retrocesso e grandes dificuldades, representa para uns poucos a consolidação do seu poderio económico e social. A política, essa, parece alheia ao desenrolar dos dramas pessoais nela originados, relegada para adorno de decisões pretensamente técnicas e objectivas, manietada na lógica de uma ideologia que se afirma anti-ideológica. Manipulada na defesa de interesses pessoais ou de grupos minoritários.

Na génese desta crise encontra-se um facto, pouco destacado, mas de enorme importância na explicação da forma como foram sendo criadas as condições que a ela conduziram, as circunstâncias da sua eclosão e, agora, o emaranhado de situações e a rede de interesses que a perpetua e torna impossível ultrapassá-la. Trata-se da ‘tomada do poder das empresas pelos gestores’. Com o salutar propósito de introduzirem maior racionalidade na actuação das empresas, assumiram o comando da gestão e rapidamente passaram ao controle da decisão, neutralizando (na prática, destronando) os seus proprietários.

A pretexto da ‘criação de valor para o accionista’ e sob o genérico rótulo de ‘técnicas de gestão’, foram introduzindo um conjunto de regras orientadas essencialmente para o seu benefício pessoal. Atribuíram-se si próprios (ou recorreram, para dar menos nas vistas, a ardilosos, mas bem detectáveis, esquemas accionistas cruzados),remunerações obscenas com base em pretensos critérios técnicos, por via da indexação aos resultados obtidos no exercício (a eficácia do imediato sobre a gestão eficiente, pois a longo prazo surgirá, inexorável,... a crise!). Invadiram o espaço político, impuseram a sua forma de gestão aos serviços públicos (que passaram a ser geridos como empresas) e rapidamente se instalou a promiscuidade mais completa entre negócios e Estado, na admissão de pessoas ou na celebração de contratos. A corrupção e o tráfego de influências passou a ser encarado como natural. Em definitivo, a política ficou sequestrada nas malhas dos interesses privados e dos negócios.

Pretender desmontar agora este edifício, laboriosamente erguido ao longo dos últimos trinta anos, pondo em causa os benefícios auto-atribuídos, é tarefa que se apresenta quase impossível, dada a teia de relações estabelecida, dos negócios à política. Mais fácil será o edifício ruir, arrastando todos na derrocada fatal do que os actuais decisores prescindirem das mordomias obtidas e a que se consideram com pleno direito (até por via das normas legais arquitetadas para as alcançar). A ideologia neoliberal que incentiva o empreendedor criativo – fomentando a competição desregulada (ainda que se apregoe o contrário) e a ganância, em detrimento da cooperação e da solidariedade – enquadra e justifica bem toda a agressividade destes comportamentos aparentemente excessivos.

É este, de facto, o grande papel reservado ao actual primeiro ministro, o de arauto e defensor da causa liberal (a sua única formação – mal preparado em tudo o resto!) na impossível missão de justificar a austeridade imposta. Reduzido na capacidade de decisão, refugiado na defesa intransigente do ‘memorando da troika’, cuja política emana directamente de Berlim, Passos desdobra-se em intervenções, nas mais diferentes situações e lugares. As suas conhecidas gafes – o apelo à emigração, o desemprego como oportunidade,... – mais não são, afinal, que doutrina vertida dos manuais da economia liberal, nada de surpreendente, pois.

O ideólogo sobrepõe-se ao político, o missionário prosélito ao estadista sensato. E, acrescente-se, mais em nome de interesses do que causas. A insuportável pose de pregador e a alucinada entoação doutrinária de Passos, o tom convicto que não admite dúvidas nem se perde em incertezas no caminho traçado rumo aos objectivos definidos, denota bem o espírito de missão que o anima. Tal como nos idos dos descobrimentos, em que a ‘dilatação da fé’ justificava e servia de cobertura à mais prosaica ‘expansão dos negócios’, também agora a cartilha liberal esconde e legitima interesses instalados. O pretendido efeito anestesiante, contudo, está já a esgotar-se e até o pregador dá mostras de cansaço, de enervamento, de falta de compostura – o polimento da sua esmerada formação começa a esfarelar! Resta-lhe ainda a via da ‘intentona dos pregos’, na senda do seu frenético mestre e tutor.

Delapidada sem glória nem proveito a tão gabada paciência dos portugueses, a retraída apatia parece agora dar lugar à ameaçadora revolta. O fresco Verão pode trazer um Outono quente!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Um texto de António Garrochinho


Segunda-feira
Ter boa disposição neste País já é um acto heróico, de qualquer forma desejo a todos os meus amigos, amigas e camaradas uma semana feliz. Lutar é um dever contra os cinzentos que nos enegrecem os dias e nos roubam descaradamente, está nas nossas mãos a unidade e a acção (concreta) para mudar o rumo desta política que já se assemelha ao fascismo e nos derespeita todos os dias. Vamos fazer a unidade sem sectarismos e com o único objectivo de correr com esta canalha de corruptos que estão a dilacerar as nossas vidas. A alegria é uma componente importante na nossa luta, cabeça erguida e para a frente com coragem e determinação !

sábado, 7 de abril de 2012

Governo Sombra Texto de Isabel do Carmo



Texto de Isabel do Carmo.

O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa.

Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.

Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um ' balão' na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas".

Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem - comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).

Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa".

E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".

Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.

Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame.

Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.

Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal
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