Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Alice Coelho ~ Bom dia para mim... Para ti... Para nós....


Bom dia para mim...
Para ti...
Para nós....
Hoje é daqueles dias, que nem o café desperta os mais adormecidos sentidos....porque o que queremos mesmo é que continuem no mais profundo sono, sem o minimo ruído que os acorde ou perturbe....
Há dias, que não deviam ter manhãs....nem tardes, mas noites de manto azul, estreladas e silenciosas....
Há dias....bonitos, que não chegamos sequer a olhar para eles, fechamos os olhos, e só vemos a magia do que vai ser, mas, nunca mais é!!!
Mesmo assim.... Bom dia para todos!!!

AC
 ·  ·  · há 3 horas

  • Victor Nogueira Bom dia, Alix. Deixa-me ir consultar o desporto on line
    há 2 se
    há 28 minutos ·  ·  1 pessoa

  • Alice Coelho Bom dia Victor......que 2 se....?
    há 27 minutos · 
  • Victor Nogueira Não, equivoquei-me. O Malfica (2º da tabela) venceu o Beira Mar (12º) por 2 x 1 , segundo o jornal do tio Belmiro. Bjo e resto de bom dia :-)*
    há 21 minutos ·  ·  1 pessoa

  • Alice Coelho tuuuuuuuuuu ......... :-))))
    há 20 minutos · 
 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

DIA SIM, DICA NÃO - Antunes Ferreira

A minha Travessa do Ferreira

 TERÇA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2011



Chuva de Outubro

Antunes Ferreira
Traz os óculos de sol Ray Ban - com armações enormes às bolinhas pretas em fundo branco - no alto da cabeça, aliás despenteada com muito gosto, coisa para aí de mais de cem euros só nas madeixas e na laca. O decote generoso que exibe com ostentação revela-lhe o rego dos seios orgulhosamente protuberantes, sem sutiã, a camisola justa marca-lhe os bicos pontiagudos. Não contara com a mudança brusca do tempo.

Chove, chove muito, em bátegas sucessivas, as cordas aquosas multiplicam-se sem fim; para um Outubro que se apresentara radiante de luz, sol desempoado, calor amplo, melhor, muito melhor do que o Agosto enfezado que deitara abaixo tantos sonhos de férias ainda com subsídio. O astro carregado já passou de ameaçador a ameaça real, contundente, violenta. Correm gabardines recheadas de gente.

Caro, mas bom

Recolhida num portal, ela tira as cangalhas oculares, guarda-as na caixa para o efeito e mete-a na malinha de mão Gucci. Um táxi é que lhe fazia um jeitão, ela naqueles preparos para Outono soalheiro e decotada à chuva, e o tal veículo preto e verde ou amarelo espapaçado nem pó. Havia-os, muitos, mas livre nenhum. E tem onde ir antes de rumar ao Quinta dos Frades para almoçar. Com o Chakall na cozinha é uma maravilha. Caro, mas bom.

Mais precisamente o seu destino inicial é a Lapa; mais exactamente ao princípio da Rua de São Domingos onde entronca com a de Buenos Aires. É ali que se encontra o seu Shangri-La, um verdadeiro paraíso, no dizer de quem sabe. O seu advogado, um pedaço de homem, diga-se, tinha-a esclarecido que fora o escritor James Hilton que começara a coisa com o Lost Horizon. Logo pensara que devia ser parente da Paris com um tal apelido.

Mas a meteorologia é inconstante, basta ser feminina e está tudo dito, no entender do companheiro, que ela adora. Não gosta do dichote, mas é ele que a orienta, que lhe indica clientes, dos que têm andar nas Amoreiras até vivenda na Verdizela, passando por BMW, Mercedes, Audis e coisas dessas. É ele também a quem entrega os euros quotidianos, a gente sabe o que são necessidades e, mais ainda, nos tempos de crise que vão correndo.

Finalmente, por entre a teia de pingos grossíssimos, um carro de aluguer; era assim que a avó dizia, vinha um Palhinhas e estava resolvida a questão. Adiante. A montra, a verde, reza COMPRAMOS OURO e, logo de seguida, OS MELHORES PREÇOS DO MERCADO, e ainda SIGILO ABSOLUTO.

Tudo em esmeraldas

Entra, e o dono, solícito por trás do balcão, então hoje, querida Senhora, que temos? Entrega-lhe a gargantilha, o par de brincos e a pulseira, excelente conjunto, diz o patrão, desviado? Pensou, obviamente, em roubado, mas isso não se pergunta. Nada, ela não é dessas coisas, foi prenda de um cavalheiro que gosta muito dela, quem sabe se algum dia meterá casamento com vestido branco de cauda e ramos de orquídeas, a flor de laranjeira já deu o que tinha a dar.

Acertam o preço, pede muito, minha querida Amiga, não posso chegar a tanto, vá lá, mais isto e mais aquilo, empurra um daqui, carrega ela dacolá, discussão suave, decibéis moderados, sem diapasão, não é necessário, a afinação chega, guarda as notas na carteira, abrandou um tanto a carga de água, mas quer que lhe chame um táxi, daqui da praça, é um instantinho.

Segue para o restaurante. Ontem, fora um mau dia, e o seu homem, dono e orientador técnico que já lá deve estar à espera da massa, chateia-se muito com receita curta, chega a dar-lhe uns tabefes e por aí fora. Por isso este recurso. Um tanto bruto, o querido; mas, chulo é que ele não é. Puta de vida, mas o coração tem paixões que…




BANCARROTA E CHANTAGEM NÃO. JÁ BASTA. ~ João Andrade da Silva PRODUÇÃO SIM! -


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sem Titúlo por Yolanda Botelho


Sem Titúlo

por Yolanda Botelho a Terça-feira, 25 de Outubro de 2011 às 20:32
Todas as coisas têm o seu lugar
e devemos caminhar segundo a ordem,
quietos,mansos....pensamentos certos,aceitar
a tal ordem natural das coisas.
 Quero contrapondo, aceitar a
rebeldia
um acesso de luz
um passo incerto... que se  pode
transformar
em alvorada de alma.
Não quero mãos quietas
no regaço
e olhar perdido
por não ser audaz.
Eu construo o meu puzzle
ao contrário,
vou virando os desenhos...

fica branco
aí me vejo, revejo e me escrevo.
só .....essência de mim.

YOLANDA
(...)
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  • Victor Nogueira Olá, Yolanda. Mais vale tarde que nunca para agradecer o teu poema e o quadro. Bjos :-)*
    há 2 minutos · 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Jorgete Teixeira ~´ A CIDADE E O RIO




Estou estacionada ao lado das Piscinas Municipais, em frente ao rio, e olho extasiada a paisagem à minha frente.
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Lisboa é a cidade da luz: o casario branco estende-se desde a ponte Vasco da Gama, mais distante, com o seu traçado etéreo, quase irreal, até à ponte 25 de Abril, mais próxima, e segue pela margem esquerda, Almada, Amora, Seixal…
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A maré está vazia: o rio recuado mostra uma zona larga de baixios, povoada de gaivotas que voam baixo ou se detêm, bicando no lodo, à procura de alimento. Bandos de limícolas rasam a água voltejando em círculos e uma garça cinzenta, mais ao longe, de porte altivo, movimenta-se com um andar cadenciado, quase em câmara lenta. Os homens também estão presentes, são às dezenas partilhando a lama, curvados, à procura sabe-se lá do quê…
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Passam dois catamarãs ao longe, um para lá outro para cá, levando e trazendo gente com suas secretas alegrias e tristezas, unindo as cidades.
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Sinto-me alheia a tudo, sentada no meu automóvel, protegida do frio, num espaço e num tempo que é só meu. Apenas a paisagem à minha frente me atinge pela brutalidade da luz e a largueza do horizonte.
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Não sei nada das vidas das gentes de um lado e do outro do rio. Aqui não chega a humanidade. Nada sei dos anseios que os movem, nem os dramas que os consomem, nas casas, nas ruas, nos hospitais. Também nada sei das alegrias, dos amores mais ou menos secretos, do trabalho, e das canseiras na labuta do dia-a-dia, das negociatas, dos crimes.
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Só a cidade grande me seduz, muda e resplandecente na sua brancura.
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Ponho-me a pensar no lado de cá e nas pessoas que habitam esta cidade subalterna, que vive em função da outra, de costas para o rio que as une, indiferente à paisagem…
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Quantas cidades no mundo terão o privilégio de ter uma vista assim? E no entanto, nós, os que aqui vivemos, só por acaso nos detemos neste local.
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 Se é certo que não se pode mudar a mentalidade das pessoas de um dia para o outro, também é verdade que a Avenida da Praia não tem estruturas para conseguir competir com outros locais mais apelativos. As pessoas preferem concentrar-se junto aos Fóruns, frequentar as ruas mais comerciais ou de intensa diversão nocturna.
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Cabe aos responsáveis autárquicos implementar medidas que possam conduzir a uma mudança de atitude. Abrir a cidade ao rio. Fazer com que as pessoas participem activamente na discussão e na planificação da sua cidade, que aprendam a conhecê-la e assim, a amá-la.
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É verdade que já se deram alguns avanços significativos, nomeadamente no que diz respeito à requalificação das zonas ribeirinhas, incluídas no Programa Polis, mas acho que é preciso fazer mais: chamar as pessoas a este lado, revitalizar a zona com cafés e esplanadas, comércio, dar mais visibilidade a algumas actividades já existentes, ao exemplo do que se faz noutros sítios.
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Ao olhar a paisagem que se espraia à minha frente, penso quão grave é desperdiçar um tesouro destes e como seria bom que as gentes desta terra olhassem o rio como uma mais-valia e não apenas como a ponte que nos leva para o outro lado.
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Jorgete Teixeira

Jorgete Teixeira ~ O Natal de antigamente



CONTO




O Natal da minha infância cheirava a fumo e a frio.
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Na aldeia, nas faldas do Marão, o dia 24 de Dezembro amanhecia com uma auréola especial. Logo cedinho, havia uma azáfama diferente, as pessoas andavam como se os seus passos pairassem sobre nuvens, e uma calma doce parecia envolver tudo.
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Raramente havia sol e o cinzento frio da serra descia e inundava tudo com uma luz fantasmagórica. O fumo subia das chaminés, das casas que as tinham, ou então evolava-se da ardósia que cobria as casas de xisto. Não parava de fumegar até à altura do apagar de todas as lareiras. No universo feminino das cozinhas das casas, as iguarias eram preparadas pelas mães e avós sob a observação atenta das meninas que, mais tarde, iriam perpetuar, nas suas próprias famílias, os antigos segredos culinários. A abóbora cozida escorria em pequenos sacos pendurados à entrada da porta das cozinhas, para mais tarde ser frita no azeite, transformando-se nos pequenos bolos de “calondro”. As rabanadas eram feitas com fatias de um pão de massa fina, os cacetes, encomendados na Vila para aquela ocasião, passadas por ovo e por leite, fritas e envoltas por fim, em calda de açúcar. A aletria também não faltava, cozida e disposta em pratinhos, depois enfeitados com desenhos de canela. Na noite de consoada o bacalhau era o rei. E não eram muitas as postas que se coziam na altura, umas lascas para as crianças, meia posta para os adultos e isto nas casas mais abastadas. Nas outras, era apenas um “cheirinho” para dar o gosto às batatas e à couve troncha. Essas eram com fartura, cultivadas no campo e escolhidas entre as melhores, assim como as batatas da terra fria, saborosas mesmo que só comidas com azeite. A ceia era servida cedo e o serão passado a conversar e a jogar o “par ou ímpar” ou o “rapa, tira e põe” que era jogado com um pequeno pião que tinha escritas as três palavras que ditavam a sorte de quem o lançava. A minha avó materna sentava-se no escano e ia espevitando o lume e, de vez em quando, entrava na brincadeira. Acho que era a altura em que a sentíamos mais perto de nós e o seu semblante, sempre um pouco severo, mais se adoçava.
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Íamos para a cama cedo e, antes de nos deitarmos, os sapatos eram deixados todos enfileirados na base da chaminé. Nessa noite nem dormíamos descansados e só no dia seguinte saberíamos o que o Pai Natal lá tinha deixado.
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De entre os símbolos do Natal o presépio era o mais importante. A sua feitura estava a cargo dos irmãos mais velhos que colhiam o musgo nos soutos e nos pinhais para atapetar o chão onde eram plantados os montes e os vales, os rios e os lagos de um universo em miniatura: a cabana do menino, coberta de colmo, ao centro, os pastores e seus rebanhos, as mulheres com galinhas à cabeça ou cestos de ovos, os velhos com as suas bengalas e claro: os três reis do Oriente guiados pela estrela. A narrativa era contada aos mais novos à medida que o presépio ia tomando forma, qual “História Antiga” de Torga. Falava do nascimento do menino, o deus humanizado, gerado e crescido no ventre de sua mãe e dado a conhecer ao mundo numa manjedoura, acolhido pelos animais que o aqueciam, adorado pelos pastores.
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Nesse tempo de inocência, as figuras do presépio tinham, além do seu lado terreno, uma dimensão divina. Depois, na entrada da adolescência, surgiram as dúvidas, mas a história continuou a fascinar-me principalmente pela sua humanidade. É por isso que sempre a contei aos meus filhos e ainda hoje a conto aos meus netos.
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A maior parte das crianças da aldeia não sabia o que era ter prendas no Natal. Os tempos eram difíceis e arranjar dinheiro para fazer uma ceia mais aprimorada já era muito bom. Os mimos recebidos resumiam-se a uns confeitos ou rebuçados que eram dados aos montinhos, embrulhados em papel.
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Na minha casa sempre tivemos presentes, guardados pela mãe, no guarda fato do quarto dela e que nós, já mais crescidos, depressa descobrimos o segredo, mas que fingíamos grande surpresa de manhã quando aos saltos pulávamos para a cama dos meus pais a mostrar as prendas. Raramente havia brinquedos, normalmente os presentes constavam de peças de fazenda para fazer uma saia, meias, flanela para os pijamas etc. Mas houve algumas excepções. Uma delas foi quando o meu pai, que tinha regressado de Macau onde estivera a prestar serviço militar, me trouxera uma pequena boneca de porcelana e uns barquinhos de lata que andavam movidos a um pavio mergulhado em azeite. Estes brinquedos fizeram a delícia dos meninos da aldeia que para eles olhavam com o olhar maravilhado que só as crianças sabem ter. Outro presente, que guardo na memória, foi recebido num Natal ainda passado na casa dos meus avós paternos. Os meus pais tinham referido as dificuldades sentidas nesse ano: talvez o Pai Natal não trouxesse presentes. Já deitada, e nada certa em relação às prendas, ouvi o barulho da máquina de costura o que me causou uma certa estranheza. Quando, no outro dia, me dirigi à chaminé a espreitar o sapatinho, tinha lá a minha boneca com um bonito vestido que a minha mãe e a minha tia tinham feito na noite anterior.
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Hoje, os natais não têm, para mim, a magia desse tempo, mas procuro guardar um pouco da luz e interioridade de antigamente para passar às gerações vindouras, pois se é certo que não se pode parar o progresso, também é certo que o que somos em adultos é consequência da teia de afectos que nos forma, alimenta e resguarda, quando somos meninos.