Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)
Mostrar mensagens com a etiqueta Economia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Economia. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Convicções e paradoxos

Quebrar sem Partir


TERÇA-FEIRA, 27 DE AGOSTO DE 2013

Convicções e paradoxos

Não obstante todo o esforço mediático em contrário, a opinião pública tem vindo a demonstrar convicções pouco tranquilizadoras para os poderes dominantes. Sabe-se, hoje (enfim, sempre se soube), que a versão oficial da história iniciada com o ‘viver acima das possibilidades’ – e da consequente contracção de uma suposta ‘dívida colectiva’ (curioso que, quando se apurou ser esta sobretudo privada, deixou de falar-se em ‘dívidas soberanas’ – todas passaram a públicas!) e da exploração enviesada do princípio de que ‘as dívidas são para pagar’ (arrastando políticas de austeridade que conduzam à ‘redução do Estado Social à medida das nossas capacidades’) – estava mal contada. A génese e evolução de tudo o que aconteceu para aqui chegarmos, afinal foi bem diferente da ‘narrativa’ neoliberal que o aparelho mediático construiu na defesa das políticas que suportam o poder financeiro global: os contribuintes (enquanto tais), agora chamados a cobrir os prejuízos, pouco ou nada tiveram a ver com a formação (e subsequente estouro) da ‘bolha’ especulativa habilmente camuflada pela engenharia financeira dos ‘derivados’, que a completa desregulação dos mercados acentuou.

À convicção pública, cada vez mais reforçada, de que a origem e a responsabilidade da crise actual se deve acima de tudo à especulação financeira em conúbio com o poder político dos Estados, associa-se, pois, uma outra, não menos firme, de que os custos da mesma estão a ser suportados por quem pouco ou nada para ela contribuiu – a generalidade dos contribuintes, em especial os mais indefesos. Eis, então, o primeiro paradoxo gerado entre dois alargados consensos: quem está a pagar a crise não é quem a provocou. Trata-se, como é óbvio, de um paradoxo de natureza ‘apenas’ moral, de um facto eticamente reprovável, que só a História terá capacidade de reconhecer a seu tempo. Para já o domínio económico e político, apoiado numa bem oleada teia mediática, impõe que a conta dos desvarios provocados por uns poucos (ainda que no desenvolvimento da lógica do sistema) seja paga pela generalidade dos cidadãos.

Este não é, contudo, o único episódio do gigantesco processo de extorsão e transferência de riqueza em benefício do sector financeiro que se encontra em curso, bem longe disso, mas é seguramente a base em que todos os outros se movimentam. Alguns são tão evidentes e escandalosos que suscitam mesmo o reparo e a contestação dos próprios apaniguados. Como o que recentemente envolveu Alberto João Jardim, normalmente mais invocado por comportamentos histriónicos ou de demagogia política, mas desta vez a propósito da decisão do ‘seu’ Governo (PSD/CDS) de aumentar o horário de trabalho na função pública das actuais 35 para as 40 horas semanais. Com efeito, dirá ele, se a troika sustenta que há pessoas a mais a trabalhar no Estado, prolongar o tempo de trabalho das que lá estão agrava ainda mais o problema, o que constitui um... paradoxo!

Este é, aliás, o grande e inultrapassável paradoxo do sistema na actualidade, já bastas vezes aqui denunciado: o enorme incremento da produtividade do trabalho em consequência do desenvolvimento técnico deveria ter como resultado lógico a libertação do tempo de trabalho e não, como paradoxalmente parece querer impor-se – sem que alguém compreenda bem porquê! – o seu aumento, em termos de horas e ritmos de trabalho. Entretanto, um estudo elaborado por economistas do Centro de Lille de Estudo e Investigação Sociológica e Económica (Clersé, Le Monde Diplomatique, Jul/13) explica porque tal acontece, aliás ao arrepio da tendência histórica mantida até aos anos 70 do séc. passado. Aí se conclui estar o custo do trabalho a ser penalizado pelo acréscimo de custos financeiros improdutivos (juros e dividendos) sobre o capital, na sequência da financeirização da economia então ocorrida (acréscimo na ordem dos 50 a 70% acima dos custos estritamente económicos). Para além do que isso implica em termos de desvio de fundos necessários ao investimento em áreas reprodutivas, tanto do ponto de vista económico estrito, como de reconversão ambiental, apoio social,...

Foi há cerca de 30 anos, que o proselitismo das convicções liberais teve acesso ao poder e, em nome de uma utopia – o mercado livre – impôs uma política de desregulação da economia, o que permitiu ao sector financeiro capturar a economia global (e toda a sociedade!), pondo-a a funcionar em seu proveito. Desde então, uma sofisticada engenharia financeira proporcionou ao sector um enorme fluxo de rendimentos (por transferências do trabalho, mas também dos restantes sectores do capital), determinando, em contrapartida, o aprofundamento das desigualdades, um persistente desemprego, o lento definhamento das economias desenvolvidas, o permanente enviesamento das políticas públicas em benefício próprio,...

A crise das dívidas acentuou de forma dramática este processo de transferência de recursos, o que explica o agravamento das políticas de desvalorização do trabalho que têm vindo a ser prosseguidas como forma de se compensar o sobrecusto absorvido pelo sector financeiro improdutivo. Perante o descalabro dos resultados económicos obtidos, porém, não pode deixar, aqui também, de se achar paradoxal a convicção dos economistas liberais na persistência das políticas que a tal conduziram. Mas, como sempre, será a realidade a encarregar-se de lhes corrigir o rumo – bem mais cedo do que se espera.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

from Saif Saiju




há cerca de uma hora 

We should create heaven within the earth,not afterlife.that means a world without poverty and violence,only prosperity and peace..,


sexta-feira, 13 de julho de 2012

António Viegas - As velhas cruzadas dos novos pregadores


Quebrar sem Partir




As velhas cruzadas dos novos pregadores


A crise, já todos o sabem, mexeu (está a mexer, vai continuar a mexer...) com a vida das pessoas. Não de forma igual para todos. O que para a maioria se traduz em retrocesso e grandes dificuldades, representa para uns poucos a consolidação do seu poderio económico e social. A política, essa, parece alheia ao desenrolar dos dramas pessoais nela originados, relegada para adorno de decisões pretensamente técnicas e objectivas, manietada na lógica de uma ideologia que se afirma anti-ideológica. Manipulada na defesa de interesses pessoais ou de grupos minoritários.

Na génese desta crise encontra-se um facto, pouco destacado, mas de enorme importância na explicação da forma como foram sendo criadas as condições que a ela conduziram, as circunstâncias da sua eclosão e, agora, o emaranhado de situações e a rede de interesses que a perpetua e torna impossível ultrapassá-la. Trata-se da ‘tomada do poder das empresas pelos gestores’. Com o salutar propósito de introduzirem maior racionalidade na actuação das empresas, assumiram o comando da gestão e rapidamente passaram ao controle da decisão, neutralizando (na prática, destronando) os seus proprietários.

A pretexto da ‘criação de valor para o accionista’ e sob o genérico rótulo de ‘técnicas de gestão’, foram introduzindo um conjunto de regras orientadas essencialmente para o seu benefício pessoal. Atribuíram-se si próprios (ou recorreram, para dar menos nas vistas, a ardilosos, mas bem detectáveis, esquemas accionistas cruzados),remunerações obscenas com base em pretensos critérios técnicos, por via da indexação aos resultados obtidos no exercício (a eficácia do imediato sobre a gestão eficiente, pois a longo prazo surgirá, inexorável,... a crise!). Invadiram o espaço político, impuseram a sua forma de gestão aos serviços públicos (que passaram a ser geridos como empresas) e rapidamente se instalou a promiscuidade mais completa entre negócios e Estado, na admissão de pessoas ou na celebração de contratos. A corrupção e o tráfego de influências passou a ser encarado como natural. Em definitivo, a política ficou sequestrada nas malhas dos interesses privados e dos negócios.

Pretender desmontar agora este edifício, laboriosamente erguido ao longo dos últimos trinta anos, pondo em causa os benefícios auto-atribuídos, é tarefa que se apresenta quase impossível, dada a teia de relações estabelecida, dos negócios à política. Mais fácil será o edifício ruir, arrastando todos na derrocada fatal do que os actuais decisores prescindirem das mordomias obtidas e a que se consideram com pleno direito (até por via das normas legais arquitetadas para as alcançar). A ideologia neoliberal que incentiva o empreendedor criativo – fomentando a competição desregulada (ainda que se apregoe o contrário) e a ganância, em detrimento da cooperação e da solidariedade – enquadra e justifica bem toda a agressividade destes comportamentos aparentemente excessivos.

É este, de facto, o grande papel reservado ao actual primeiro ministro, o de arauto e defensor da causa liberal (a sua única formação – mal preparado em tudo o resto!) na impossível missão de justificar a austeridade imposta. Reduzido na capacidade de decisão, refugiado na defesa intransigente do ‘memorando da troika’, cuja política emana directamente de Berlim, Passos desdobra-se em intervenções, nas mais diferentes situações e lugares. As suas conhecidas gafes – o apelo à emigração, o desemprego como oportunidade,... – mais não são, afinal, que doutrina vertida dos manuais da economia liberal, nada de surpreendente, pois.

O ideólogo sobrepõe-se ao político, o missionário prosélito ao estadista sensato. E, acrescente-se, mais em nome de interesses do que causas. A insuportável pose de pregador e a alucinada entoação doutrinária de Passos, o tom convicto que não admite dúvidas nem se perde em incertezas no caminho traçado rumo aos objectivos definidos, denota bem o espírito de missão que o anima. Tal como nos idos dos descobrimentos, em que a ‘dilatação da fé’ justificava e servia de cobertura à mais prosaica ‘expansão dos negócios’, também agora a cartilha liberal esconde e legitima interesses instalados. O pretendido efeito anestesiante, contudo, está já a esgotar-se e até o pregador dá mostras de cansaço, de enervamento, de falta de compostura – o polimento da sua esmerada formação começa a esfarelar! Resta-lhe ainda a via da ‘intentona dos pregos’, na senda do seu frenético mestre e tutor.

Delapidada sem glória nem proveito a tão gabada paciência dos portugueses, a retraída apatia parece agora dar lugar à ameaçadora revolta. O fresco Verão pode trazer um Outono quente!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

António Viegas ~ O discurso (e a prática) do ‘nós todos’



DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Sob capa liberalizante, não há discurso (e correspondente prática) mais anti-liberal do que a dos liberais instalados no poder. Com o argumento de que se torna necessário criar as condições, ou eliminar os obstáculos, ao exercício pleno da liberdade individual, tudo o que antes da conquista do poder era considerado mau, defeito ou erro, passa depois a ser bom, indispensável e certo!!!

Nada de novo, valha a verdade, relativamente a outros detentores do poder que, quando a ele ascendem, procedem exactamente de igual modo, no discurso e na prática. Com uma ‘pequena’ ressalva, porém, que aqui faz muita diferença: o suporte moral do discurso liberal assenta numa pretensa libertação do indivíduo, no sentido da sua autonomia. A começar, naturalmente, pela eliminação do que consideram as amarras do Estado que supostamente o manietam: defesa dos direitos sociais, apoios à integração social (contra a exclusão), medidas contra as desigualdades,...

Liberto de todas as amarras, políticas e sociais, o indivíduo ficará então apto a expressar todas as suas capacidades e a desenvolver todas as suas potencialidades: ‘Fim da História’! ‘Piedosos’ propósitos, contudo, que esbarram na contradição do discurso liberal do ‘nós todos’, que os faz passar do extremo individualismo, a um espúrio colectivismo socializante!? Utilizado tanto pelos políticos enfeudados, como por analistas prosélitos, constitui peça essencial no discurso de justificação da estratégia liberal de combate à actual Crise:

‘Nós todos’ temos consciência de viver acima das nossas possibilidades!
‘Nós todos’ percebemos que não há alternativa à austeridade, que ela é inevitável! 
‘Nós todos’ sabemos que se trata de pessoa muito competente (quando se fala do Catroga da EDP, do Frexes da AdP, do Vasco do CCB, do Costa do BP, de qualquer nomeado de ‘confiança’)!
‘Nós todos’ já intuímos que vamos perder regalias e até direitos adquiridos!
‘Nós todos’... sem excepções nem contestação!

Mas este discurso unanimista em que, sem consulta ou delegação, nos pretendem envolver pondo alguém a falar por nós como se reflectisse o pensamento de ‘todos’ – a narrativa do denominado pensamento único – não difere muito, na substância, de outras práticas de coarctação das liberdades individuais, seja por motivos políticos, religiosos ou meramente ideológicos. Apenas a forma é mais rebuscada e não reveste a violência física utilizada noutras situações para garantir, no fim de contas, os mesmos efeitos, o enfeudamento unânime de posições à política de descarada defesa dos interesses privados – sob pretexto de assim melhor se protegerem os públicos!

Trata-se, afinal, da versão liberal daquilo que mais verberam, seja o fundamentalismo religioso (islâmico, pois claro, dificilmente se atrevem a caracterizar deste modo práticas cristãs de idêntico teor), seja a tão esconjurada tese da ‘ditadura do proletariado’. O fundamentalismo (ou ditadura) destes iluminados liberais revela-se fanaticamente disposto a salvar o mundo de todas as tiranias, pela imposição de uma única: a que se acoberta na‘sua’ ideologia da liberdade (ou antes, na ideologia da ‘sua’ liberdade), precisamente a que, através do exercício do poder, lhes garante o acesso à riqueza e à exclusividade, lhes permite toda a discricionariedade!

Não surpreende, pois, o ataque que é feito a direitos básicos, mesmo tão essenciais à vida como são os cuidados de saúde, em nome, claro, de uma suposta maior eficiência económica – que assegure, é essa a expectativa destes iluminados, a preservação de tal exclusividade. Pouco importa se à custa da redução da qualidade de vida da maioria, até mesmo de muito sofrimento!

Respigo excertos de uma entrevista recente a Daniel Bessa: ‘Um dia vai ter de se por em questão o Serviço Nacional de Saúde. (...) Uma pessoa como eu deve pagar a saúde’. O raciocínio está invertido. É precisamente para poder ser como é e continuar a distanciar-se (quantas vezes? 10, 20, 100, 200,...?) da imensa maioria que apenas consegue sobreviver, é que ele se propõe pagar a saúde – e também a educação, a reforma, a mobilidade,... Seguramente até já a paga, nos privados a que recorre, dificilmente este assanhado guru liberal (a quem, por um dia ter passeado de braço dado com Guterres, se colou o rótulo de socialista!) se sujeita às ‘bichas’ do SNS!

Tudo o que foi sendo construído e hoje constitui o edifício do Estado Social Europeu – conjunto de direitos básicos imprescindível ao exercício da cidadania (mesmo considerando as diferenças que separam os diversos sistemas nacionais) – é posto em causa a partir da sua base: na opinião destes exacerbados liberais, tudo deve ser tendencialmente pago (mesmo que isso contrarie o preceito constitucional que fala em... tendencialmente gratuito ), pois esse é o argumento para poderem manter as distâncias e a justificação para continuarem até a aumentá-las.

Em nome da liberdade, são destruídas as condições mínimas que permitem o seu exercício!

Publicada por AVCarvalho às 21:41


sábado, 23 de agosto de 2008

Quinta-feira, Agosto 14, 2008

Agência Financeira - Notícias


.
* Antunes Ferreira
.

1 comentários:

Antunes Ferreira disse...
.

Estranho esta estranha crise em que vivemos, aparentemente sem grandes sobressaltos e com muita publicidade das queixas. Até os ricos são menos ricos, os bancos engolem sapos e baixam estrondosamente os lucros deles (que, ainda assim, não me importava que destas «minudências lucráticas» me coubessem apenas 0,8% e já me chegava), as seguradoras aqui-del-rei.

.

Entretanto o crescimento no segundo semestre aumentou. Pela União Europeia, muita gente põe as mãos na cabeça. O desemprego baixa. Pouco, mas baixa. Na UE, muita gente ergue os braços aos céus. Tarde piaste. Volto a dizer que estranho esta estranha crise.

.

As gasolineiras baixaram timidamente os preços dos combustíveis. Lá vão começar a choradeira das perdas enormes dos lucros enormíssimos. O pessoal, que se cortara na gasoza, não sabe se pode meter mais no tanque. Raios partam isto tudo. De novo: estranho esta estranha crise.

Hoteis nacionais perdem clientes e ganham menos. A populaça volta ao campismo e os chavalos às pousadas de juventude. Mas, entretanto, os bons restaurantes rebentam pelas costuras - de tantos clientes que pagam os pitéus caríssimos que comem. E os médios não se queixam assim tanto. E as tasquinhas vão-se safando. E as auto-estradas - e já há muitérrimas - são percorridas em altas velocidades por topos de gama que se marimbam nos 120 km pespegados nas beiras delas. Abro a boca: estranho esta estranha crise.

.

Que hei-de fazer? Continuar a estranhar e continuar a estranhar e continuar a estranhar esta estranha crise. E venha lá o PCP e venha lá o BE elucidar-me e assim fazer com que eu deixe de estranhar esta estranha crise.
Deo gratias. Ite, missa est.

+++++++++++

Ó victor
Volta ao meu blogue para veres como está animado. E volta a postar comentários. Serás, como sempre, muito bem acolhido
Abrs

dom 17-08-2008 2:57
.
.
.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Sobre a blogosfera, o «mercado» e o que mais se verá (1)

.

* António Viegas

.

Victor,

Só hoje estou a responder ao teu ‘desafio’ por circunstâncias várias da minha vida, entre elas o facto de, na arrumação caseira do vasto (???) hardware cá da casa, ter ficado, não sei por que cargas de água, sem a Net durante um certo lapso de tempo. (...)

.

Não te fazia tão freneticamente internético, sobretudo estava bem longe de te imaginar profissional bloguista. Que tinhas o Kant_O_XimPi já eu sabia há muito, tu próprio te encarregaste de mo indicar numa mensagem já quase de 'outras eras'. Agora, que alimentavas 6 (seis????),... é obra!!!! Tive oportunidade de passar uma vista de olhos sobre cada um deles e confesso que ia ficando zonzo! Pasmo, sobretudo, com a versatilidade de que dás mostras pela diversidade de matérias neles tratadas.

.

A minha atracção pela blogosfera já conheceu melhores dias, agora passo por lá a espaços e, admito, com cada vez menor convicção. Penso que já te havia referido isto em anterior mensagem. Apesar da qualidade literária de alguns textos, da oportuna abordagem de alguns temas, da estética bem conseguida de alguns formatos, do interesse relevante de algumas lutas, o certo é que a blogosfera vive e busca cada vez mais – como, aliás, tudo nesta sociedade – o efeito imediato, a conveniência corporativa do grupo ou tão-somente a promoção narcísica dos indivíduos que a povoam. Digo isto não por qualquer arreganho de bacoca superioridade ética, apenas pelo cansaço que produz a certeza da inutilidade (ou pelo menos da ineficácia) da acção centrada no casuístico, como é pretendido – e conseguido – por quem, afinal, lucra com todo o pagode, o capital (propositadamente no abstracto, o famoso ‘sistema’), construído e alicerçado, é bom frisá-lo, no mercado – mecanismo dito objectivo e neutro, que ninguém ousa pôr em causa, sob pena de vir a ser apodado de totalitário, porque se instituiu ser ele a determinar, em última instância, o carácter democrático de uma sociedade!!!. E tudo isso resulta de vivermos dominados, sem nos apercebermos (ou pelo menos sem questionarmos), por mecanismos sociais inteiramente comandados, ao mais ínfimo pormenor, por essa coisa simples que se chama mercadoria, a única que, afinal, dá sentido e transmite coerência às nossas efémeras existências. Por mais que esbracejemos veementes protestos ou nos esgotemos em inúteis explicações.

.

Pode ser que quem esteja desfocado da realidade seja eu, o futuro se encarregará de o confirmar (ou infirmar), mas quer-me parecer que corremos demasiado atrás daquilo que ‘outros’ (ou outrem, no indefinido) querem que corramos: na busca de um emprego pela sobrevivência, em nome duma carreira no emprego, da gestão eficaz nas empresas,... Na disputa política, ao invés de nos centrarmos no essencial – e o essencial é, pois, o mercado (e a mercadoria) – dispersamo-nos e desgastamo-nos por causas no mínimo de duvidosa prioridade, por exemplo a opção pelo sector público em detrimento do privado (ou vice-versa). Bem pode o Jerónimo (ou o Louçã, é igual) proclamar que o Governo se encontra vergado aos interesses do mercado, apontando como solução a preservação das empresas públicas ou até o reforço do investimento (também) público. Como se optar pelo sector público significasse, de algum modo, pôr em causa ou abdicar do mercado: em nome da sua eficácia produtivista – que ninguém ousa contrariar, eis o verdadeiro busílis da questão – o ‘público’, que se rege pelos mesmíssimos princípios mercantilistas do privado, manter-se-á enquanto servir e for do interesse do ‘normal funcionamento do mercado’, ponto final. Neste contexto, contestar o mercado é arriscar comprometer os resultados esperados por todos a nível do crescimento económico, da melhoria do emprego,... Quem é que então se arrisca a fazê-lo? No final esgrimem-se números em favor das teses defendidas por cada lado, para maior e definitivo gáudio do... capital.

.

Seguramente por muitos anos, neste como noutros domínios, vamos ainda sofrer as consequências do grande logro que constituíram as experiências ‘socialistas’ de Leste, seja da URSS ou da China. Esta última, então, manipula o mercado como nenhuma potência dita capitalista o conseguiu fazer até agora, com os resultados que se conhecem: é a eficácia capitalista levada ao seu expoente máximo!

.

Ora, começa já a perceber-se, à esquerda e à direita, ser insustentável manter o crescimento contínuo que fez a prosperidade ‘ocidental’ sem comprometer equilíbrios naturais essenciais à própria continuidade desse modo de vida (recursos, ambiente, clima,...). São os mais conscientes dos teóricos liberais que, mesmo não abdicando da fé nas virtudes do mercado, afirmam que, a manter-se a actual tendência predadora na utilização de recursos finitos, a Humanidade caminha para a sua extinção, a vida na Terra pode encontrar-se ameaçada. A ideologia do crescimento contínuo, base inquestionável da actual Globalização Competitiva, conduzirá, dizem, “ao esgotamento do Planeta, não apenas dos recursos minerais mas também dos elementos fundamentais que permitem a existência da nossa vida” (A. Neto da Silva, em O triplo conflito). Daí se contrapor a tese milagrosa de um ‘desenvolvimento sustentável’, pretendendo com isso traduzir-se a necessidade de se manter o crescimento sem lesar tais equilíbrios. Só não se percebe como é possível conseguir isso sem se pôr em causa a base em que assenta ‘este’ modelo de desenvolvimento – a lógica da mercadoria – que impõe uma sempre crescente valorização do capital (que se pretende traduzir por desenvolvimento) sem olhar aos meios utilizados, o que de modo algum se compadece com preocupações ambientais, como a razão explica e a experiência comprova. Certo é que o crescimento ilimitado do mercado, imposto pela lógica do valor, choca-se com um mundo de recursos limitados: o mercado tende inevitavelmente para a sua própria autodestruição. Não se trata de dramatizar ou pintar com cores demasiado carregadas o futuro, trata-se apenas de perceber e desenvolver racionalmente as lógicas que nos comandam e empurram, temo, para becos sem saída.

.

Ora, dirás tu, entretanto: mesmo admitindo razões para o dramatismo aqui exposto (e não é líquido que assim seja), o certo é que já não é a primeira vez que a Humanidade se vê em tais apuros e sempre se tem safado. É verdade e só espero que, mais uma vez, tal venha a ocorrer. Mas até agora todos os momentos de grande destruição registados ao longo da história do Homem resultaram de movimentos localizados, os seus eventuais efeitos devastadores encontravam-se, portanto, limitados. Só que hoje, as condições de funcionamento globalizado do mercado implicam a destruição com carácter sistemático (de espécies, de recursos,...), da devastação localizada e controlada passou-se para a devastação planetária: a afirmação de que o futuro da Humanidade se encontra em sério risco surge agora cada vez menos como dramatização e mais como tradução da realidade.
.

Por esta altura da prosa (se ainda não desististe!), já te passou pela cabeça um sem número de ideias, do género: este gajo passou-se, pirou de vez, vive obcecado e fora da realidade, nem sequer admite a moderação de uma fase gradativa, tipo ‘o socialismo antes do comunismo’,... O que legitima, pelo menos, uma conclusão segura: do irrealismo delirante à esquizofrenia vai um passo, o perigo que daí resulta recomenda, portanto, muito cuidado. Aí está a razão porque me parece não ser aconselhável, por inoportuno (por falta de condições objectivas que o permitam ou, dito de outro modo, por ser demasiado prematuro, por enquanto), tornar públicos os escritos em que me tenho gasto ultimamente. Não só por considerar os ‘ambientes’ (à direita e à esquerda) pouco propícios à mera consideração de tais teses, mas também porque os conceitos precisam ainda de ser muito trabalhados, estão longe de corresponder a um produto acabado. Por enquanto, pois, vou prosseguindo neste insano labor de estruturar este meu pensamento louco, aguardando por melhor oportunidade (que nem sei se algum dia chegará,... trata-se de textos essencialmente para ‘consumo interno’).

.

Estou consciente de que expressar esta posição de crítica sistemática ao mercado e às lógicas que o suportam, implica assumir quase uma vida dupla, já que ninguém consegue sobreviver nesta sociedade se não souber utilizar os seus mecanismos. E tão pouco o facto de não (se) vislumbrar uma alternativa viável ao caos provocado pelo mercado me torna menos crítico deste, me faz atenuar esta posição. Contudo, é importante saber manter suficiente distanciamento analítico desta realidade em nome de alguma sanidade mental, pelo menos para não nos tomarem completamente por tolos, distraídos, acomodados ou mesmo comprometidos. Saber que é essencial mudar esta realidade, mesmo estando conscientes de que ela nos submerge completamente. Sem ‘cair’ no efémero ou episódico (agitação, contestação, manifs,...), mas não abdicando dele, sem transigir com o pragmatismo em nome de um pretenso sentido de realismo. É claro que não me encontro só neste desvairado caminhar rumo a um aparente ‘nada’, mas a companhia é ultra-minoritária e sem voz para se fazer ouvir. Também não quer dizer que, aqui ou ali, não tente corresponder ao teu amável convite com um comentário mais a propósito, mas não em termos sistemáticos, como é o teu caso (que admiro, devo confessar).

.

Por hoje chega de seca, que já te basta teres de tratar das tuas 6 (seis!) ‘criaturas’. Vou-me mantendo atento, sem compromisso, ao que por lá se passar e se acaso ‘pintar’ a ocasião, pode ser que calhe. Mas, como digo, não me sinto muito motivado, nem para aí virado.

Um abraço

António Viegas

qui 18-10-2007 23:14

(1) - Título da responsabilidade do Editor
.
Quadro -
Mercado en mi pueblo por FAUTO PEREZ,PINTOR SALVADORENO

in www.freewebs.com/huanaco/pintoressalvadorenos.htm

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Hoje há música (4) - Greve Geral da Administração Pública


A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública convocou para o próximo dia 30 de Novembro, uma greve geral e nacional de trabalhadores da Administração Pública, para exigir melhores salários, uma verdadeira negociação das condições de trabalho e contrariar a destruição dos Serviços Públicos.

Deste modo, a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública e os Sindicatos da Função Pública do Norte, do Centro, do Sul e Açores e dos Consulados e Missões Diplomáticas iniciaram já o processo de mobilização dos trabalhadores que representam para a participação nesta nova jornada de luta.

Numa altura em que o Governo se mostra intransigente no que toca aos aumentos salariais, tentando impôr percentagens que confirmam a perda de poder de compra já registada em anos anteriores; numa altura em que se perspectiva a entrada em vigor de um novo sistema de avaliação de desempenho que é apenas e só um instrumento de coacção dos trabalhadores; numa altura em que se prepara a destruição do vínculo público e dos sistemas de carreiras e de remunerações, a luta dos trabalhadores da Administração Pública é determinante.
.
STAL e STML em Greve também
.
.
Ver poema em José Afonso - Venham mais cinco