Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

sílvia mendonça - estranho amor


ESTRANHO AMOR
Por Silvia Mendonça

Quando me tocas
esteiras de luzes
se acendem em
meu corpo [neon]

Estrelas espetam-me
os dedos [úmidos]
E um atropelo de carnes
lateja sangue em veias
sem saída [gozo]

Farpas veneno
Cortam-me a pele;
Teu suor frio
Eriçam-me os pelos.

E ardo febril
- em meio às chamas -
me inflamas]
E tremo de medo
- ao teu desejo -
em descaso]

Catástrofes
tumultos
tesão
revoltas
vontades
provocas
em mim]

Altera-me o cio
Acende-me a química
Exponho-me ao perigo
Enlouqueço-te em gozos.

Viro
Reviro
Revido
Torço
Contorço
Consumida
em prazer]

Em seguida
Me afasto
Sem deixar
rastro
nem lastro]

[Foto: Google]
[MENDONÇA, Silvia -15/03/2011]
 —



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

margarida piloto garcia - recusa



Recusa

O corpo recusou-se a morrer
numa indecente paixão sem arrependimentos
Num esforço atrevido
negou-se a enterrar as flores da pele
e os frutos das lutas famintas
que corriam sempre como rios
nas latitudes e longitudes das camas gemedoras
Disse não ao terror nas veias
que os outros lhe deixavam nas palavras
e aos abraços feitos de tendões frios
a virarem-na ao contrário
Decepou os oráculos
e atreveu-se a amassar as sombras que a tolhiam
estrangulando os medos
alinhavados nos nomes que não queria pronunciar
Rasgou a dor que respirava
e soltou o canto eterno mas secreto
Sem pudor atirou o corpo contra o outro
num passo de dança rasgado e febril.
Depois... dissolveu-se às camadas
palmo a palmo, no palato inquieto de uma boca
e no abismo assanhado de outra pele.

© Margarida Piloto Garcia.

( todos os direitos reservados ao abrigo do código do direito de autor)

Foto de Olga Mest
 


carlos rodrigues - os malefícios da maçã


 " OS MALEFÍCIOS DA MAÇÃ "


" OS MALEFÍCIOS DA MAÇÃ "

 “ OS MALEFÍCIOS DA MAÇÃ “      

Como era não quer dizer coisa alguma
se não tivesse sido assim
doutra maneira seria ou de nenhuma
há um bicho da maçã em mim
uma lagarta que prevê o futuro

fatalmente somos todos iguais
ao fruto maduro mas crescemos
e apodrecemos desigualmente
uns mais que  outros
entre anúncios luminosos
de vire à esquerda e siga em frente

a minha arte  os meus lavores
os maiores  os mais pequenos
os nossos sentimentos  os nossos valores
a ilha dos amores o mais urgente
é a utopia a cada esquina
a árvore imensa  o sonho  que imagino
seja o destino de toda a gente
do mais inteligente ao mais cretino

a ave  o voo o fado a veia o estouro
 o sangue o tinto  a minha flauta a tua harpa
o que nos traz  o que nos leva
o  que chega e o que parte
o que me é leve o que me pesa
o que te abate o que te eleva
o que não esquece o que apodrece
o que se agarra
à vidarte eterna  mente

Não me diga foi um enfarte ou bicho ruim ?
ainda ontem o vi e  juro que não estava assim
na Madragoa a dançar o Kuduro
com uma maçã na boca e duas no escuro
só bebia sumos era um homem puro uma alma boa
sempre bem disposto e até previa o futuro…

Carlos A.N. Rodrigues, 4 / 12 / 2014



  • Victor Barroso Nogueira bem me parecia o picasso que foi uma maçã dura de roer, tal como chaplin ou Niemeyer Havia a lagarta que não era serpente mas crisálida em flor ! Um abraço 

domingo, 30 de novembro de 2014

um texto de Mia Couto




"Uma única certeza
demora em mim:
o que em nós já foi menino
não envelhecerá nunca."

Mia Couto
Do poema - declaração de bens-
Do livro "Tradutor de Chuvas"


carlos rodrigues - o tempo e a alma


Carlos Rodrigues escreveu uma nota nova: " O TEMPO E A ALMA ".
Viver interessa mais que ter vivido; e a vida só é vida real quando sentimos fora de nós alguma coisa de diferente.                                                                                                                      
                                    

O TEMPO E A ALMA

Há dias em que só tenho desinspirações, ao contrário do que se possa pensar respiro melhor quando não penso.  A terra transpira imprevistos por todos os poros, na periferia as ruas exibem ainda estertores lamacentos, mas no Centro os Jardins Públicos exultam de alegria quando ninguém se atreve a sair à chuva. As flores, essas, acolhem bem as lágrimas do céu, mas odeiam os gatos que prevêem o mau tempo com miadelas soturnas, lhes metem a unha no caule e lhes mictam nas folhas. Amanhã hei de pensar nisto. Por enquanto, meu santo, usarei as tuas palavras para encabeçar a brancura do papel, mas só me vêm à cabeça guerras lamacentas vazias de sentido e enxurradas criminosas, com todo o respeito que tenho por ti, tudo menos engolir as Cruzadas do Quinto Império, que me arranham a mente e me revolvem o estômago como o horror que tenho aos Hamburgos, às salsichas de Viena e a todos os cachorros imperialistas, antes a coragem do pão com azeitonas do que Dom Sebastião outra vez. Mas é Natal e deixa-me reconstituir a humildade do Presépio e da Família Sagrada à minha maneira.


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

carlos rodrigues - sonho perto


                                                                 “ SONHO PERTO “              

                                                     Quando o sol caiu no corpo da bruma
                                                     E esta se abriu e enroscou no olhar,
                                                     Teu corpo surgiu, de um alvor de espumas
                                                     E uma luz de cristal acendeu o luar,

                                                     Tua boca acesa, teus olhos p’ramar,
                                                     Acordaram o sonho das conchas,
                                                     E  me fizeste saber que o Amor,
                                                     Tinha o sabor das ostras vivas, frescas,

                                                     Ora de lembrar me arrisco p’las rochas,
                                                     Onde te vi pousar sob a Lua-Cheia,
                                                     Fruto do mar, salgado nas coxas,

                                                    O sangue na guelra pulsando nas veias,
                                                    Teus seios suma-a-uma, minha Sereia,
                                                    Hoje são almofadas … p’ra sempre que queiras.

                                                    Carlos A.N. Rodrigues, 28 / 11 / 2014