Recusa
O corpo recusou-se a morrer
numa indecente paixão sem arrependimentos
Num esforço atrevido
negou-se a enterrar as flores da pele
e os frutos das lutas famintas
que corriam sempre como rios
nas latitudes e longitudes das camas gemedoras
Disse não ao terror nas veias
que os outros lhe deixavam nas palavras
e aos abraços feitos de tendões frios
a virarem-na ao contrário
Decepou os oráculos
e atreveu-se a amassar as sombras que a tolhiam
estrangulando os medos
alinhavados nos nomes que não queria pronunciar
Rasgou a dor que respirava
e soltou o canto eterno mas secreto
Sem pudor atirou o corpo contra o outro
num passo de dança rasgado e febril.
Depois... dissolveu-se às camadas
palmo a palmo, no palato inquieto de uma boca
e no abismo assanhado de outra pele.
© Margarida Piloto Garcia.
( todos os direitos reservados ao abrigo do código do direito de autor)
Foto de Olga Mest
O corpo recusou-se a morrer
numa indecente paixão sem arrependimentos
Num esforço atrevido
negou-se a enterrar as flores da pele
e os frutos das lutas famintas
que corriam sempre como rios
nas latitudes e longitudes das camas gemedoras
Disse não ao terror nas veias
que os outros lhe deixavam nas palavras
e aos abraços feitos de tendões frios
a virarem-na ao contrário
Decepou os oráculos
e atreveu-se a amassar as sombras que a tolhiam
estrangulando os medos
alinhavados nos nomes que não queria pronunciar
Rasgou a dor que respirava
e soltou o canto eterno mas secreto
Sem pudor atirou o corpo contra o outro
num passo de dança rasgado e febril.
Depois... dissolveu-se às camadas
palmo a palmo, no palato inquieto de uma boca
e no abismo assanhado de outra pele.
© Margarida Piloto Garcia.
( todos os direitos reservados ao abrigo do código do direito de autor)
Foto de Olga Mest
1 comentário:
Magnífico poema da Margarida.Como tantos e tantos outros...
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