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domingo, 16 de outubro de 2011

Chegou o tempo por Maria Clara Roque Esteves

a Domingo, 16 de Outubro de 2011 às 2:09
Chegou o tempo / avança, meu país                            
                       
“Quando o homem é maior que o chão que pisa não há limites para a ambição”.

 É a minha última noite na cidade da mágoa. Há que ver um pouco mais para além da linha do horizonte: um homem não pode caber apenas no chão que lhe deram. Foi por isso que o meu País ficou maior que ele próprio e ganhou o tamanho da visão de um homem e de outros que lhe deram a mão. O meu País não acaba onde começa o medo e se alguém inventou o mar para além do medo e fez de nós donos do mundo não serei eu a deixar de crer até onde existir esperança, ambição e sentido de liberdade.
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Não aceito o cheiro de gritos congelados em rostos fechados, não recebo na alma o relento de ocupações de um pavor indefinido. Urge saber o nome e a ocupação de quem atiça gritos de velhas guerras longínquas quando mantos de viuvez cobriam campos e vilas com uma dor muito calada que asfixiava sonhos no peito de cada um e de todos num silêncio amortalhado.
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Hoje, os jovens que abandonam a terra não o fazem com o sentimento de desesperança das andorinhas quando pressentem o fim da primavera, hoje o mundo é uma mistura de ruídos metálicos e a nossa paixão vai para além do pisar do chão da lua. A ambição do homem, hoje, vai muito para além do espaço que os seus sapatos ocupam e já não há paragens distantes. O mundo está mesmo aqui ao lado e já não há juventudes amortalhadas em silêncios ou falta de ar. E não vale escutar vozes ocultas traficando desesperanças nas esquinas, cúmplices, pela calada das noites.
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Hoje, mais do que nunca, há que manter o lume aceso, mesmo quando ele esmorece na alma dos homens, há que soprá-lo com força, ramo a ramo, como quem passa a palavra para que, mesmo no fundo do buraco mais escuro, se mantenha viva a brasa da esperança.
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Longa foi a noite que vivemos muitos de nós, o amanhecer foi lindo, com as armas fizemos poesia numa madrugada leve, entusiasta, peculiar e fantasista de soldados dançando com o povo.
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Hoje, o que mais importa é não provocar desastres nos que navegam, não intoxicar gentes até ao desmaio, não demolir a beleza que ainda existe, como todas as tiranias tão bem sabem fazer.
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Hoje há que conhecer regras, definir limites, respeitar direitos, matar o pavor e, mais uma vez,navegar para além do medo. Um encontro mal marcado pode surpreender-nos mesmo ao virar da esquina e eu que já tentei ser muitas para escapar de mim, não quero surpreender-me vendo-me abraçada a um banco de nevoeiro a irromper do nada.
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Avança, Portugal!
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Clara Roque Esteves ( Lisboa, Outubro de 2010)
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* Este texto carece hoje apenas de algumas atualizações. A situação dos jovens é muito pior do que a descrevi ao tempo. Os desastres foram provocados e o barco está a afundar-se. Continuo a não querer ver-me abraçada a um banco de nevoeiro.
 ( Outubro de 2011)




Funchal, Madeira. imagem da minha autoria

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Invejo-te Clara, não tenho a esperança que te vai na alma. Posso até continuar a navegar para além do medo, posso até resistir ao choque mas a brutalidade, a frieza e o 'austeritarismo' que nos é imposto, é de tal ordem que prevejo décadas de retrocesso e até já sinto o cheiro bafiento da noite longa que vivemos, na esperança da manhã clara. Existe um irremediável afastamento entre os sonhos que eu tinha e as ameaças que pairam no ar. Perante esta selvajaria reduzo-me à minha insignificância na tristeza de saber que já não assistirei ao romper da aurora. Neste momento não consigo pensar de outra maneira.
há cerca de uma hora · Gosto
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A única diferença, Ana, entre o antes e o agora, é que muitos de nós vivemos o "sonho" do 25 de Abril mas Mário Soares foi muito claro após vencer as eleições dizendo que arrumara o "socialismo" numa gaveta para confessar despudoradamente numa alentada entrevista em 3 volumes a Maria João Avilez (já não tive pachorra para comprar e ler o 3º volume) que ele, (tal como o PSD/CDS)[e esse farsante do Otelo] haviam mentido, que o socialismo não era o seu objectivo mas que o fizeram pois doutro modo não teriam ganho eleições. 

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A agenda de Soaress/Alegre e dos que se lhe seguiram no PS(D)CDS é a agenda da Cia e da República Federal Alemã, do grande capital transnacional. O pesadelo de que falas e receias foi ou já é o dos povos, civilizações e economias destruídos pelos cristãos em nome da civilização e agora da fome, da guerra e da miséria crescentes em África, na America Latina, em muitos países asiáticos e nos antigos países socialistas, para cuja queda a Igreja Católica deu um grande contributo através de João Paulo II, por isso apressadamente beatificado. 

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Nós vivíamos aqui neste cantinho fiados na proteção da senhora de Fátima e do Futebol. 

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E a perspectiva é ou a humanidade destrói o capitalismo ou este destrói a humanidade. Ao pé disto, as angústias dos/das portugueses/as nada são, nada valem por sí só. E lembra-te, Ana, que o capitalismo teve de lutar contra o feudalismo, com um rasto de sangue, morte e miséria, para prosseguir exterminando povos, civilizações e culturas muito mais avançadas, quer do ponto de vista tecnológico, quer do ponto de vista da relação com a Natureza. Já lá vão cerca de 5 séculos desde que o capitalismo surgiu e só agora, após a queda dos países socialistas, está a tentar estender-se por todo o planeta, já sem máscaras. O punhado de sub-humanos que governa o mundo em seu proveito tem muita ronha, sabedoria de exploração e mentira mas muitos povos continuam ou começam a resistir. 

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Bjo e ânimo, Ana A batalha é dura mas do contributo e da força de ânimo de cada um de nós depende o resultado final. Que espero seja a derrota deles e a sobrevivência e o renascer da Humanidade !
há 7 minutos · Gosto


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