“ CLARO - OBSCURO “
Não vale a pena dizeres que não sabes
mais do que sabias, sobre o que todos sabem,
que o avião vinha de Paris e aterrou na Portela.
Um passageiro saiu antecipadamente condenado
a não conceder entrevistas aos que sabem
sempre mais do que se sabe.
Da Cruzada nada vi, mas dizem que se sentia o peso
das suspeitas, enquanto o aparelho ejetava fumaças turvas
de notícias brancas num Claro-Obscuro por decifrar.
Fala-se de um anjo caído sobre uma angústia de aço,
talvez um São Gabriel de asas abertas, em protesto,
porque os Cem Anos de Solidão de Garcia Marques
e todo o seu realismo mágico ainda não foram
devidamente beatificados, e a realidade insiste
em vender notícias mesmo antes do Julgamento Final.
De momento o que realmente transpira
é a figura triste da morte antecipada de um País,
cheio de incertezas interiores e condenações à priori,
de conluio com o peso de tanta História atraiçoada,
sendo que alguns Santos da casa, também não fazem milagres
e nos continuam a mentir, fingindo que ainda estão vivos.
É bem possível que, brevemente, uma notícia inesperada,
nos confirme que todo o País sofre de insónia congénita,
com desmemória coletiva associada, de tal forma
que já nem nos lembramos que demos novos mundos ao mundo,
permitindo, ao invés, que vozes de outro mundo ecoem,
especulando sobre o crime, com sorrisos de cicuta no bolso,
enquanto, aqui, alguns tentam ocultar as suas próprias culpas
noutros processos por esclarecer, sob a fuligem globalizada
dos bezerros de oiro do meio.
Aguarda-se, religiosamente, o veredicto,
sobre as causas e efeitos do sinistro,
enquanto nos palanques do costume as palavras
de alguns Sacerdotes, das mais variadas tendências,
compõem parábolas sinceramente amistosas,
mas apostados em afirmar, por uma questão de segurança,
nunca terem rezado com o suspeito, nem dado qualquer Amem
aos desvios da ética, que nestas coisas,
amigos, amigos… Templos aparte.
E é por isso que, aqui, na semi- obscuridade dos leigos
pacíficos, me cumpre reafirmar o que nem fui eu que disse:
Só sei que nada sei.
Carlos A. N. Rodrigues, 30 / 11 / 2014
Não vale a pena dizeres que não sabes
mais do que sabias, sobre o que todos sabem,
que o avião vinha de Paris e aterrou na Portela.
Um passageiro saiu antecipadamente condenado
a não conceder entrevistas aos que sabem
sempre mais do que se sabe.
Da Cruzada nada vi, mas dizem que se sentia o peso
das suspeitas, enquanto o aparelho ejetava fumaças turvas
de notícias brancas num Claro-Obscuro por decifrar.
Fala-se de um anjo caído sobre uma angústia de aço,
talvez um São Gabriel de asas abertas, em protesto,
porque os Cem Anos de Solidão de Garcia Marques
e todo o seu realismo mágico ainda não foram
devidamente beatificados, e a realidade insiste
em vender notícias mesmo antes do Julgamento Final.
De momento o que realmente transpira
é a figura triste da morte antecipada de um País,
cheio de incertezas interiores e condenações à priori,
de conluio com o peso de tanta História atraiçoada,
sendo que alguns Santos da casa, também não fazem milagres
e nos continuam a mentir, fingindo que ainda estão vivos.
É bem possível que, brevemente, uma notícia inesperada,
nos confirme que todo o País sofre de insónia congénita,
com desmemória coletiva associada, de tal forma
que já nem nos lembramos que demos novos mundos ao mundo,
permitindo, ao invés, que vozes de outro mundo ecoem,
especulando sobre o crime, com sorrisos de cicuta no bolso,
enquanto, aqui, alguns tentam ocultar as suas próprias culpas
noutros processos por esclarecer, sob a fuligem globalizada
dos bezerros de oiro do meio.
Aguarda-se, religiosamente, o veredicto,
sobre as causas e efeitos do sinistro,
enquanto nos palanques do costume as palavras
de alguns Sacerdotes, das mais variadas tendências,
compõem parábolas sinceramente amistosas,
mas apostados em afirmar, por uma questão de segurança,
nunca terem rezado com o suspeito, nem dado qualquer Amem
aos desvios da ética, que nestas coisas,
amigos, amigos… Templos aparte.
E é por isso que, aqui, na semi- obscuridade dos leigos
pacíficos, me cumpre reafirmar o que nem fui eu que disse:
Só sei que nada sei.
Carlos A. N. Rodrigues, 30 / 11 / 2014
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