Nas teias que o luar tece
Por cima dos pinheirais,
Vez por outra me acontece
Ver longe e ver muito mais,
Mas, de quanto me aparece,
Nunca vi – nunca, jamais! –,
Nessas visões que ele m`oferece,
Razões que fossem normais…
Vi segredos bem guardados
De vontades por escrever
Atrás de mil cadeados
Qu`inda estão por conceber
Nos traços desencontrados
De enigmas por resolver,
Tão estranhamente esboçados
Que eu nunca pude entender
Por que me foram mostrados
Se não pedira pr`ós ver…
Vi, nessas teias benditas
Que o luar teceu pr`a mim,
As mil coisas nunca escritas
Por mãos que fossem assim…
Vi verdades, nessas teias
Que o luar me quis mostrar
E, depois de as ler, deixei-as
Pr`alguém que as soubesse achar…
Vi letras de prata pura
Descrevendo esses pinheiros
Com a toda a casta ternura
Dos seus rebentos primeiros…
Vi a vida que começa
No recomeço da vida!
Vi puzzles, peça por peça,
Sem me apressar na partida
E, como alguém que tropeça
Em causa desconhecida,
Vi tudo a crescer sem pressa
Ou foi-me a vista traída
Tal qual fosse apenas essa
A razão de eu estar perdida,
Sem certezas nem promessa
De encontrar uma saída…
Nas teias que o luar tece
À noite, nos pinheirais,
Vez por outra me acontece
Ver longe e ver muito mais,
Mas, de quanto me aparece,
Não pude encontrar, jamais,
Nessas visões que fornece,
Questões que fossem banais…
Maria João Brito de Sousa – 04.04.2012 – 23.13h
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