* Maria João de Sousa
Onde mais nos dói
é na ferida aberta
pelo momento em que a ceia,
travestida de doçura,
se nos derrama sobre a pele nua
e os olhos da lucidez se nos estendem
até ao inesperado veneno
de um cálice que ousáramos afastar…
Alguns de nós terão sobrevivido
e permanecido ainda que domesticados,
comprados, vendidos, usados, castrados,
programados, manipulados… mas gratos,
na montra (in)comum da exposição banal,
conveniente e pateticamente gratos!
… porque nem tudo o que luz é ouro
e nem tudo o que alimenta é digerível,
muitos terão morrido, tantos terão lutado
e,
um dia,
todos teremos conquistado
o direito a recusar a exibição
de um estatuto gravado a fogo
sobre a carne viva da sobrevivência
Maria João Brito de Sousa – 01.11.2013 – 18.40h
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