Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

domingo, 30 de setembro de 2007

A Manadeira

* José Torres (#)

janeiro 07, 2005

Manadeira e prado e enxido e arraianos; Toirões e Côa, com contrabandistas e carabineiros...algumas lágrimas no fim

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...O meu irmão Zé, que há algum tempo atrás que viva S.Pedro me ofertou um conto bem popular, lá se resolveu e enviou-me mais um original: tendo em conta o comprimento que eu dei ao título é capaz de valer bem a leitura...

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M A N A D E I R A



prado.jpg



Verdadeiramente não sei o que significa manadeira. Para ser franco, nunca sequer me preocupei em conhecer o significado desse termo, embora haja sempre uma razão para todas as coisas.

Por curiosidade, fui agora ao dicionário e encontrei manadeiro, como sinónimo de manancial. Daí que depreenda que se trata de um local onde brota qualquer coisa, neste caso um regato de água, mais ou menos volumoso, consoante a época e o nível de pluviosidade.

Para mim, manadeira sempre foi um local bucólico, um prado, um pouco em declive, cuja parte baixa era humedecida pelo tal regatozinho e, a parte mais alta, estava sulcada por uns belos penedos, naquela zona sempre conhecidos por barrocos.

De qualquer forma, trata-se de uma bela palavra, soa a música, ao soletrar-se abrem-se-me múltiplas recordações, vejo o regato, a ervinha tenra onde pastavam as cabrinhas, os tais barrocos e, sobretudo, o meu avô, guardião de tudo isso, enquanto eu lhe fazia companhia, por vezes também com um irmão mais novo, o Manel.

Os tais barrocos tinham longas frestas, traçadas na vertical, de modo a que do cimo deles pudéssemos observar grandes e belos lagartos que por baixo se acoitavam e dali saíam nos dias mais soalheiros.

Então o Manel era perito em espreitá-los, munido de um pau afiado, na tentativa de os espetar, proeza que por vezes conseguia, exibindo-os depois como autênticos troféus de caça. Este gajo era um miúdo danado, um ágil trepador de árvores e do campanário da Igreja, em visita ao ninho das cegonhas! E sempre com um sorriso muito charmoso, o sacaninha, que o Povo adorava!

Por ali andei, até aos 10 anos, nos intervalos da escola, a vida conduziu-me para outras paragens, mas nunca mais esqueci a manadeira.

Certo é, porém, que fiz muitas promessas de regresso, envolvendo também o prado da meia légua, o prado da cruz, a tapada do carril, o enxido da minha terra, enfim um série de locais arraianos, próximos da ribeira de Toirões e também do Côa, dormindo por vezes na choça do pastor, meu padrinho, locais propícios sobretudo ao cultivo do pão, como se chamava ao centeio e de batatas.

Nessa altura, referindo-se ao pão de centeio, os vizinhos espanhóis diziam, desdenhosamente, que comíamos pão de perro, comparativamente com o pão de trigo, muito branquinho, que eles bastamente possuíam e que, por isso, era um dos géneros mais apetecíveis, nas trocas do contrabando de subsistência que então se fazia.

Recordo-me que um dia, por alturas do Verão, andava eu numa veiga, junto à ribeira, com o meu pai a regar batatas, quando apareceu a minha mãe e com ela me levou pelos caminhos de salto da fronteira, numa dessas jornadas de contrabando.

Perto da convencionada linha fronteiriça, disfarçada por um campo de centeio, por ali nos introduzimos, vislumbrando ao longe o casario da povoação vizinha de Castela.

Mas, às tantas, fomos interceptados por dois carabineiros, o Andaluz e o Garrido, cuja tenebrosa fama fazia tremer os contrabandistas, só de ouvir os seus nomes.

Logo ali apreenderam os ovos que a minha mãe levava e os espalharam no chão enquanto um deles, pegando numa pedra, me ordenou: “niño pártelos”!

Eu teria na altura não mais do que 6 anos, já um pequeno andarilho, como sempre fui, habituado a ouvir e a começar a viver as histórias do contrabando, mas não deixava de ser simplesmente uma criança, cuja mãe ia ser barbaramente espoliada, de umas dúzias de ovos que iriam transformar-se no pão branco da nossa parca mesa de subsistência diária.

De modo que, pondo as mãos atrás das costas, recusando a cumplicidade daquele acto bárbaro, chorava copiosamente quando apareceu um guarda fiscal, Afonso de seu nome, que logo ali travou acesa discussão com os carabineiros, argumentando aquele que ali era Portugal e estes “pero no es España”!

Na dúvida, a sentença foi benévola: - recuem e vão para casa!

Assim foi, só que a minha mãe era teimosa e queria o pão branco à mesa de todos nós, pelo que, depois de recuar e aguardar um bom bocado, decidiu meter-se de novo entre a seara em direcção a Espanha.

Desta vez quem nos interceptou foram dois cães dos carabineiros e a eles nos conduziram, ao local onde estavam emboscados, enquanto eu tremia de medo.

Desta vez não houve discussão de fronteiras e lá ficámos sem os ovos!

A manadeira faz-me recordar tudo isto! Prometi a mim mesmo revisitá-la e cumpri essa promessa, há dias, quase 50 anos depois!

Estávamos no final de uma manhã fria, mas soberbamente luminosa, inundada de um Sol reconfortante.

O ar era fino, sentia-me pujante de vida, rejuvenescido, admirando aquele prado, agora sem rebanho e sem avô, mas com os mesmos barrocos altaneiros.

Em fugazes momentos revivi tanta coisa da minha vida, voltei à minha infância e escondi-me um pouco, para a Madalena, a minha mulher, não ver as lágrimas que teimosamente escorriam pelas minhas faces.

Ouvi o avô entoar a sua voz de comando para as cabrinhas, num cantar suave mas audível em todo o prado: “vê-de lá o que andais a fazer....”

Esse cantar espalhava-se pelo prado, batia nos barrocos e repetia-se em eco e as cabrinhas reagiam levantando as cabeças e baliam, denunciando a sua presença, como dizendo: olá, estamos aqui!

Vi outra vez o Manel, em cima dos barrocos, fisgando os lagartos ....

Vi outra vez o padrinho, as tias que confortaram a minha infância e que agora repousam alí bem perto no cemitério, ao pé de um prado, cheio de freixos e gorjeios da passarada.

E vi uma vida inteira, feita dos triviais momentos de alegrias e tristezas que a todos nos confortam ou consomem

Voltei à manadeira, fui outra vez menino, aos 63 anos, num dia de ar fino e de Sol brilhante, acompanhado pela Madalena, a minha mulher, que não me viu chorar.

in Anomalias
Publicado por morfeu às 07:32 PM
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.(#) Victor Nogueira

O José Torres é um velho amigo e jurista sindical. Durante três anos compartilhamos a mesma sala do Gabinete Técnico do STAL, onde a nossa estima e amizade se reforçaram. Era o tempo das negociações com o Governo Guterres, onde nalgumas «mesas» prestavava assessoria técnica e noutras era, como dirigente sindical, membro da equipa sindical negociadora. Depois regressei a Setúbal, mas numa das vezes em que me desloquei à sede nacional o Torres mostrou-me alguns ecsritos dele, de que me ofereceu cópias.

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Ao iniciar este Ao Sabor do Olhar, pedi ao Torres que nele colaborasse, mas ele foi sempre esquivando-se com uma modéstia que não tem razão de ser, até que me disse que poderia aproveitar os textos que publicara no blog dum dos irmãos, o Anomalias.

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E pronto, aqui está um dos textos do amigo Torres, que espero também apreciem.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Blogs especiais que encontrei deambulando pelo ciber espaço


* Victor Nogueira
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A internet é uma caixinha de surpresas ao virar de cada clique. Entrando pelos Dias que Voam fui dar com O funcionário cansado , onde após um dia de trabalho exemplar se misturam mamórias, actualidades políticas, pessoas, fotografias .... Espero que ele não leve a mal esta minha «recomendação» para saberem quem ele é do que fala.
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Pela mesma porta, embora estejamos por ela em 14 de Agosto de 2007, vamos cair em plena Batalha de Aljubarrota. Ouvem o entrechocar e faíscar do aço e do ferro, o silvo das flechas, os gritos de incentivo ou de dor, de homens e cavalos? Vêm os estandartes elevados aos céus, uns, caídos por terra, outros? Não se assustem. Podem passar indiferentes à batalha e deliciarem-se com A biblioteca de Jacinto . Quem será Jacinto e o que encontraremos naquela? Afoitem-se, Heróis do Mar e Padeiras de Aljubarrota. Entrem pel' A biblioteca de Jacinto
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É no Dias que Voam , um blog onde quem gosta de rever o passado e não só perde o norte de boa-vontade e sem dar por isso. Eu gostei ! E vocês? A porta está aberta, é só entrarem :-)
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Hoje a deambulação é pelo olhar que se encontra na .....

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Querido amigo,obrigado pelas PALAVRAS, naturalmente... AMIGAS.
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OBRIGADO.
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Tão no blog do Arestas... Surripiei ao Pedro Namora Vale a Pena Lutar .
Abraço!
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Seu amigo SEMPRE
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Ricardo Cardoso.
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Ver ESTA E OUTRAS novidades do Arestas de Vento
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no post de 2007.08.31
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A Maria Faia, do QuerubimPeregrino, nomeou-me para o galardão da blogosfera "Blog Cinco Estrelas".
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A blogosfera é um universo imenso onde de tudo se encontra para todos os gostos. Nem uma vida inteira chegaria para visitar e conhecer todos e cada um dos blogs com alguma profundidade. Alguns são como estrelas cadentes, que logo desaparecem. Outros são como estrelas cuja luz continuamos a receber apesar de extintos ou inactivos.
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Sendo assim, os blogs que nomeio são um símbolo, que justifico sem menosprezo por muitos outros.
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O Cantinho da Zé, pelo seu Humor e Simplicidade, De Amor e de Terra, pela Poesia e pelo Calor Humano e Solidário, Dona Redonda pelo seu Humor e por me ter aberto a «arca» da sua obra, O Tempo das Cerejas o blog que eu gostaria de ter capacidade e conhecimentos para fazer. As Vinhas da Ira, um blog que inequívocamente toma Partido, onde se aprende e desvendam muitos «segredos».
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Ficam muitos de fora, como os de fotografia, essa ânsia de parar o tempo em pixles ou papel, tal como ele é, «visto» com os nossos olhos através do visor: belo ou feio, colorido ou preto e em tons de cinza e branco, ou como laboratório experimental.
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Mas, por uma questão de justiça, extra-concurso, não posso deixar de referir Momentos e Documentos, do Ludovicus, pela sua Dedicação, Entusiasmo e Generosidade, e Travessa do Ferreira, meu camarada das letras e dos contos saborosos e, por último, mas os últimos serão os primeiros, BAOBAB, representante dos meus «manos» e «manas» de África.
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A Maria Faia resolveu distinguir-me com uma nova menção, que agradeço do fundo do coração. Mas se continuar a receber «nomeações» e «prémios» a este ritmo, qualquer dia pareço um daqueles generais muito medalhados ou condecorados, condecorações que têm de ser substituídas por umas tirinhas multiculares que lhes cobrem o peito até à cintura. Mas se isso acontecer, prometo-vos que crio um sétimo blog, número cabalístico, cujo nome não desvendo, para nele colocar todas as menções, prémios e apreciações que generosamente começaram a vir às catadupas. Combinado?
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- Vitor Nogueira, do Ao (es)correr da pena,
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redonda disse...
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... Os blogues que nomeio são:
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- Apetecia-me um blog
- A antecâmara
- Kant_O_Ximpi
- pin gente
- madrigal
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Gostaria de poder nomear muitos mais e não foi nada fácil escolher estes. E espero que em futuras nomeações para outros prémios dê para nomear aqueles que agora não pude.
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Olá Victor,
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Obrigado pela tua nomeação. Pelo que depois reparei o envio de nomeações acabou ontem à meia-noite. Daí que com pena minha não vá poder distribuir estrelas pelos vários blogues estrelados da blogosfera. Evidentemente , entre eles está o Kant_O_XimPi :-)
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Um abraço,
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João ter 28-08-2007
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(1) As Vinhas da Ira
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Este prémio foi-me atribuido pela minha amiga Gasolina.
Fico comovida por tanta gentileza. Obrigada amiga de fogo.
Dedico também este certificado aos magníficos blogues seguintes:
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- Alcobaça Ecos e Comentarios
- Cantares de amigo
- Catinu
- O Cartel
- Ao (es)correr da pena
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Publicada por Ema Pires em BAOBAB , sábado 25 de agosto de 2007,
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um blog alegre e cheio de poesia, que considero representante dos meus «manos» e «manas» de África.
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.... aqui vos deixo quatro blogs para irem saboreando ao escorrer dos dias e dos intervalos, sem prejuízo das vossas visitas e comentários sempre esperadas/os e bem vindas/os aos «meus» blogs.
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http://amnesia.weblog.com.pt/ (muito sobre Lisboa)
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Hoje o trabalho fica para os visitantes, a quem indico quatro sítios fotográficos para passearem neste tempo quente e abafadiço. Valeu? Se não valeu, paciência !
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14. - Viagens virtuais
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Publicada por Victor Nogueira em Sexta-feira, Julho 13, 2007
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Encontrei esta entrada no blog da Belisa e vim ter aqui. E fui lendo página a página os textos que me comoveram deveras. Como dizem os meus filhos, lá está o pai com o brilhozinho nos olhos.
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O que me encantou neste blog, a mim que sou um misto de racionalidade e sentimento sempre em luta, de reserva e de espontaneidade, é ter ficado comovido com as tuas linhas simples, mesmo quando «falas» de algo importante. E da poesia que da tua prosa muitas vezes nasce. Gostei de «ver-te» por detrás do que escreves. Nunca escrevi isto nos meus comentários, embora seja o tema dum dos meus primeiros «poemas»: Obrigado (i.e., agradecido) pelo que vi e que me comoveu!
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Há dois anos que não vou à Festa e depois fico sempre com pena porque «não» fui e porque assim não tive oportunidade de ver amigos e amigas inesperadamente no ponto de encontro que a Festa é.
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Foi este o comentário que deixei em Escrito a Quente um cantinho que vale a pena conhecer. Vão por mim :-)
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Publicada por Vieira Calado Sexta-feira, 6 de Abril de 2007
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Agradeço a sua escolha transcrita em Menção - "Caneta de Ouro" por Vieira Calado registada em Ao (es)correr da pena e do olhar.
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18. - Das palavras que nos unem
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Olá :-)
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Dei pela tua passagem por um dos meus blogs (uma das minhas 6 chagas, como digo na brincadeira) e vim dar uma olhadela pela janela que abriste ao Sabor do Olhar. Agradeço a tua visita e sobretudo as tuas palavras. Encontrei um blog simples e original, por onde perpassa, parece-me, numa leitura em diagonal, uma certa tristeza. Mas voltarei.
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As palavras deste post assemelham-se um pouco com aquilo que eu às vezes de mim digo: um pouco de mim fica sempre e vem comigo com as pessoas que conheci e das terras onde estive. Nada desaparece e tudo fica, às vezes como um peso plúmbeo, outras como ave liberta em busca do sol e do mar.
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.25 de Agosto de 2007 13:57:00 GMT
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Eu visitei Das palavras que nos unem e convido-vos a passar por lá. (VN)
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19. - SE AO MENOS EU NÃO VISSE !
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david santos disse... (1).
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Olá, Victor!
Agradeço o tema. É sempre muito importante encontrarmos blogues que se esforçam por nos relembrar ou ensinar algo. Parabéns. Fiquei muito contente por ter passado por aqui. Obrigado.
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(1) ... em Ao (es)correr da pena e do olhar, a propósito do post Evolução do Conceito de Direitos Humanos. Não é a 1ª vez que comenta, pelo que espero me não leve a mal a reprodução dum seu post em «SÓ VERDADES». Podem visitá-lo clicando na hiperligação. (VN).

D'a Filha do Administrador

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* Dina Domingues, Filha do Administrador
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“Quase no fim da segunda semana de aulas – 1º ano do 1º ciclo”
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Tentando conhecer o gosto ou não pela escola da minha criança, todos os dias o invado com perguntas sobre como correu, quem são os colegas, se já têm nome, quem fica ao lado dele, quem fala mais, o que fez, o que mais gostou de fazer, como se chama a professora, quais os trabalhos de casa, …

Enfim, questões e mais questões que umas vezes são respondidas outras só têm como resposta “és uma chata, já te disse que não sei o nome da professora” ou parecida.

Mas no início da segunda semana começaram a chover novidades, para felicidade aqui da mãe.

Ora bem, nem sei por onde começar, talvez pela primeira que soube:
Filho: - já tenho um amigo novo.
Mãe: - Boa e como se chama?
Filho: - sei lá, é só meu amigo, fazemos os dois as mesmas coisas e conversamos muito.

(conclusão da mãe: realmente, para quê saber o nome)

Segunda:
Filho: - a joaninha já não é a minha namorada (era desde os 3 anos de idade)
Mãe: - então?
Filho: - arranjei outra, mas ela não percebe o que lhe digo.
Mãe: - porquê?
Filho: - dou-lhe recados, mando-lhe beijinhos e ela nunca me responde.
Mãe: - se calhar é envergonhada!
Filho: - não, ela só quer falar, até já escrevi o nome dela mais um coração e o meu nome e ela não percebeu.
Mãe: - olha que deve ter percebido.
Filho: - mas não disse nada nem fez nada…

(o resto da conversa desenrola-se sempre sobre a dificuldade de compreensão da menina e já vamos em 4 dias de conversa sobre o mesmo tema.)

(Conclusão da mãe: se a menina se está a fazer de difícil para o meu filho vou convencê-lo que ela não presta para ele e deve partir para outra, só lhe dou até ao fim desta semana)

Terceira: (inicio das aulas extracurriculares)
Mãe: - então como correram as aulas de actividades físicas e desportivas?
Filho: - ah! Fizemos um joguinho da treta!
Mãe: - que jogo foi esse, perdeste foi?
Filho: - não, só deixaram jogar os da 2ª classe.
Mãe: - então, mas como era o jogo?
Filho: - tinha uns tracinhos e mais um pauzinho e íamos acrescentando pedaços!
Mãe: - espera ai filho, explica melhor.
Filho: - não sabes nada. Assim (e desenha no ar) não estás a ver? No fim desenhamos a perna!
Mãe: - ah! Já sei qual é, mas esse jogo vocês não podem jogar porque não sabem ler
Filho: - treta!

(conclusão da mãe: para o caso de não terem percebido… era o jogo da “forca”)

Conclusão das 2 semanas: os trabalhos de casa são a grande dificuldade… 30 min sentado a fazer os trabalhos ao lado da mãe… vai ser duro.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Lágrimas


* Maria Emília N. S.
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Sonhei com um amor que não vivi
E perdido o encanto de viver,
Mortos os afagos que não senti,
Afundei-me num sombrio abismo.
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Lágrimas profundas embaciaram
Meus olhos cansados deste vazio.
Cheios de amargura se ofuscaram
Não visionando um longínquo clarão.
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As lágrimas são alívio da dor
E também da solidão e tristeza
Deixando que se perca o calor
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Dum amor que não chegou a florir.
As lágrimas secaram por encanto
E meus olhos voltaram a sorrir.
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Paço de Arcos 1995.04.15
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Fotografia por J.J. Castro Ferreira (Luanda)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os canitos ladram mas a Caravana passa !







* Victor Nogueira

Dum amigo que muito prezo recebi um mail anónimo, por ele reenviado. Como os amigos são para as ocasiões, não revelo o seu nome, pois só o sono ou uma momentânea falta de atenção o terão levado à inadvertência de espalhar ut et orbi (fica sempre bem esta erudiçao, modéstia à parte, não concordam?) o que abaixo se transcreve, intitulado TEXTO ANÓNIMO.
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Por acaso ou traição do subconsciente do Leão da Alameda, apesar de sentimentos menos nobres que manifestou nas suas escritas, esqueceu-se da máxima «os últimos serão os primeiros», reconhecendo assim a inquestionável grandeza do Glorioso Futebol Clube do Porto, que nos tempos da ditadura era sistematicamante preterido pelos lagartos ou pelos encarnados e por um tal Belenenses que não sei se ainda existe.
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Verdade verdade é que a pujança dos Dragões só em Democracia teve condições para mostrar o seu real valor, não só no futebol como noutras modalidades desportivas que os jornais referem muito discretamente.
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Por outro lado a vinda da Democracia revelou que os Águias ainda não se converteram a ela. Basta ver que decorridas mais de 30 anos sobre o 25 de Abril, continuam a ser designados por encarnados (não confundir com engraçados porque este conservadorismo é triste). Sim, que para a ditadura o vermelho era subversivo e verifica-se que ainda não arejaram a designação obsoleta.
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Quanto aos lagartos, que são aqueles sáurios minúsculos parecidos com os jacarés, crocodilos ou caimões, mas inofensivos, mostram a sua enorme ingratidão para com o Glorioso e a sempre nobre, leal e invicta cidade do Porto, a única que teve toma..... para não permitir que os nobres estivessem lá senão de passagem, três dias salvo erro, pois sendo a cidade do trabalho, não estavam para aboletar sanguessugas. E foi à invicta que D. Pedro IV, o Liberal, que deu a Portugal a 1ª Constituição, mesmo assim avançada para a época, legou o seu coração, que está na Igreja da Lapa.
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Não me lembro de em Lisboa haver qualquer estátua aos leões. Ora deixem lá pensar ...Na de D. José I há um cavalo, esmagando serpentes, e um elefante. Na estátua de D. Pedro IV (ou de Maximiliano I do México), no Rossio, não há qualquer animal. Mais para cima, nos Restauradores, não dou por animais, salvo uma ou outra pomba que pousa para repousar. Ao lado, na Praça da Figueira, está um cavalo, montado pelo D. João I. Depois temos a Estátua do Marquês. Ora vamos lá dar uma volta em torno dela. Apenas cavalos ou mulas. Subamos o Parque Eduardo VI e encontramos tritões ou cavalos, mas nem águia nem leão. Passemos pelo Saldanha e Praça do Chile. Em Entrecampos encontramos o monumento aos heróis da Guerra Peninsular. Vamos lá dar outra voltinha. Não consigo dar a volta, mas se houver são apenas cavalos.
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Bem, vamos lá em busca das águias! Xiii Encontro apenas uma no estádio do Benfica, presa ao chão, sem ar altaneiro, com o Eusébio por perto pronto a chutar a bola não vá ela querer voar. Sim, que mais vale uma águia no chão que dois leões a voarem. Desculpem ... que dois pardais a voarem.
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Ah! Que cabeça a minha. No Porto há ou havia o Café Águia de Ouro e por Lisboa não sei se há algum Leão de Ouro. Aqui em Setúbal há o cafézito de bairro, chamado Estrela de Ouro, onde às vezes vou lanchar e que tem um cinzeiro um só, leram bem, com o Leão do SCP que a dona teima em pôr na minha mesa, não sei porquê pois não fumo e detesto quem fuma ao pé de mim ou nas redondezas. Nisto eu e o Miguel Sousa Tavares divergimos, não obstante o dragonesco parentesco. Também havia um filme, como era .... ? deixa lá ver ...? ai esta minha cabeça ... era .,.. tenho o nome mesmo aqui debaixo da língua! Que disseste?! É isso mesmo: «O Leão da Estrela»
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Quanto ao elemento feminino, Lisboa não está mal servida, escultóricamente falando. Mas disso farei prova num post no local apropriado, que é «Ao (es)correr da pena e do olhar».
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O Leão da Alameda efectivamente fala dum espaço grande, como é a Alameda D. Afonso Henriques. Num topo temos o Instituto Superior Técnico e no outro a majestosa Fonte Luminosa -. O que é verdade deve ser reconhecido com franqueza e sinceridade. Esta, efectivamente, tem cavalos e cavalos marinhos! Agora entre os dois extermos encontramos um enorme e verde relvado, que se pode prestar a piadas de mau gosto, como aquela de que só lá faltam os carneiros a pastar, piada que de modo algum subscrevo.
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Mudando de agulha e passando à geografia. Ele há o Mar Vermelho (reparem - vermelho e não encarnado), o Mar Negro (esse pode servir para a Académica), o Rio da Prata , o Rio Amarelo (esse serve para leões e águias) Porque? Então nunca ouviram falar ou viram um sorriso amarelo?! E depois chamam Verde Lima a um rio que nem em Portugal nasce, um rio iberista, como o Rio Tejo , cujo estuário se chama o Mar da Palha. Este nome presta-se a mal entendidos e a piadas de mau gosto pelo que não prossigo por este caminho. Com efeito, já os vossos avós diziam «De Espanha nem bom vento nem bom casamento», embora a realeza procurasse com os casamentos obter a união ibérica. Bem, mas chamem-no Verde Lima ou não, a verdade é que um rio verde é um rio doente, cheio de limos. Portanto fiquemo-nos por Rio Lima. E terminamos com uma referência ao indomável Rio Douro , que banha o PORTO. È verdade que é um rio iberista e não tem um estuário por aí além. Mas, terminando a sua viagem na Invicta, só mostra o seu valor sem par ou a par do Rio Azul.
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Claro que rios com estuários que se vejam, só dois existem em Portugal: o Tejo, com o seu Mar da Palha, e o Sado. o Rio Azul, como é conhecido o Rio Sado cujo estuário não é vira-casacas, porque azul se mantém, tal como o céu! É claro que o Sado é o maior rio português, pois nasce no Alentejo, nas terras da fraternidade, das searas douradas e dos campos vermelhos. Deve ser por isso que O Vitória de Setúbal não faz juz ao nome, mas à cautela nada mais digo, que esta malta daqui é muito bairrista e só vislumbra Vitória onde eu encontro muitos empates ou derrotas. Enfim, «o sonho comanda a vida», dizia o poeta, pelo que deixemos os setubalenses do Centro Histórico e não só com «o» Vitória (pois, é assim que falam dele, mas de nada lhes serve o verde, pois não dizem «a» Vitória) Se fossem azuis como o rio, talvez outro dragão cantasse. Mas ... é a Vida
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Ainda falando nos lagartos e na sua aversão ao Porto e ao Glorioso, tenho de reconhecer com alguma mágoa a sua extrema ingratidão. Com efeito, na Rotunda da Boavista , como não há em Lisboa uma com tal grandiosidade, está lá no cimo duma coluna, bem visível, em sítio de muito trânsito, a escultura dum Leão subjugando a seus pés uma Águia. Os lagartitos para além de ingratos, ou são míopes, ou têm qualquer problema colunar que os impede de olhar para cima. Mesmo subjugada, a Águia está la em cima! Ao menos em terras do Glorioso respeitam-se os vencidos
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Aliás, isto as palavras são como as vermelhas cerejas, em Lisboa houve no anterior milénio o Grupo do Leão, do nome da Cervejaria, com vida efémera (1880-89), fixado na tela por Columbano, bem como os Vencidos da Vida, de existência ainda mais curta (1887 a 1889), «recordados» para a posteridade graças à photographia, e que se reuniam semanalmente para jantar e conversar no Hotel Bragança, no café Tavares ou na residência dum ou doutro dos seus distintos membros. Não dou notícia de algo similar haver no Porto. ~
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Então fiquem bem e vivam a Invicta e o o Glorioso!
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TEXTO ANÓNIMO
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De acordo com quase tudo, excepto algumas insinuações a respeito do clube mais intrinsecamente Português, enquanto os outros dois são de bairro e de uma cidade da Província.
No que respeita às minhas queridas acompanhantes no Clube com a melhor Academia de formação do Mundo, estou de acordo. Quando elas saltam, qualquer (homem) se põe em pé. Tenho dito.
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Leão d'Alameda
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O BENFICA É: - O maior clube do mundo, do universo, quiçá até de Lisboa. Disto não há duvida e temos o Guiness para provar. - O clube com as gajas mais feias. Em Portugal se não fossem as sportinguistas, nós benfiquistas andavamos a dar com a cabeça nas paredes. - O clube com os presidentes mais labregos. Ex.: Vilarinho e Luís Filipe Vieira. - O clube com o maior número de bêbados de tinto nas bancadas durante um jogo em casa. É disto tb não há qualquer dúvida.
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O SPORTING É: - O clube com a maior comunidade de betos ao cimo da terra. Já vi vários jogos no estádio do sporting e é vê-los com o seu polozinho Gant, o seu sapatinho vela e o cabelinho "à f***sse". Até faz impressão. Os betos do sporting não se enfurecem quando o sporting perde... ficam agastados; não chamam "filho da p***" ao arbitro... viram-se para o adepto ao lado apontado para a jogada e dizem "viu este lance?!... é um escandalo!"; não queimam o cartão de sócio quando perdem com o benfica.... resignam-se e vão esquecer para a Kapital. - O clube com o maior numero de Skinheads. Bem... não podiam ser do benfica porque, o maior jogador de todos os tempos do benfas ... é preto! Dão um certo colorido ao clube. De um lado temos os senhores doutores bem vestido e do outro... os barbaros skinheads... parece um quadro de caça, os Lordes a cavalo e os cães raivosos a espumar da boca à volta à procura da lebre. - O clube com as mulheres mais boas deste pais. Já vi rabinhos naquele estádio que me deixaram a pensar que o bilhete de época nem é assim tão caro. E quando elas saltam para comemorar golo... tudo salta com elas... é uma alegria. - O clube com a maior casa de banho do mundo! Auto-explicativo.
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O PORTO É:- O clube com as adeptas mais ordinárias do mundo. Juro que é. Por vezes, em transmissões televisivas, ouço palavrões que nem sabia que existiam. Elas saltam da bancada e chamam coisas ao arbitro que acho que... nem dá para ser. - O clube com o estádio mais arejado do mundo.- O clube com o recorde de estações de serviço vandalizadas. Sempre que vêem jogar a lisboa... pimba! vai de lixar uma estação de serviço. Vai de partir aquela merda toda, apenas para acalmar a derrota... ou então para comemorar a vitória. - O clube com o bicho mais estúpido como mascote!... epá... sonho com o dia que o Porto (também nisso) resolva imitar o benfas e solte o dragão do topo do seu estádio para vir aterrar cá em baixo... ao pé dos jogadores. (No sporting foi pensado algo semelhante. Como o leão não voa, a ideia era catapultar 1, em cada jogo em casa, de maneira a acertar no circulo do meio campo ou, com um pouco de sorte, no Tello. Ainda não tiveram autorização da direcção). - O clube com a direcção mais Mafiosa. Consta que nas reuniões da direcção, é beijado o anel de Pinto da Costa e são sacrificados Benfiquistas para dar de comer aos Defesas Centrais dos escalões de formação.

J.J. Castro Ferreira (3) - Fotos de Família

Susana, Maria Emília, Rui Pedro


Rui Pedro

Susana

Rui Pedro

Susana
.
Fotografias por J.J. Castro Ferreira


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

2 Poemas de Gilberto de Oliveira, que foi meu amigo e prisioneiro no Campo da Morte Lenta - Tarrafal

A Minha Resposta
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Vinte e seis dias já, há quasi já um mez.
Que vim para este templo de pensamento.
E o tempo, oh! ... maldito passa lento;
Olhando p'ra mim, com super altivez.
.
Mas não julgues que com isto burguesia
Meu espírito fica amedrontado.
Pois me sinto 'inda mais revoltado.
Por desvendar aqui , a tua hipocrisia..

É com a prisão burguês, que te defendes?
Do operário que quer a liberdade!?
Sim, é isso certamente, o que pretendes.
.
Mas vêde bem, oh burgueza sociedade
O povo já sabe que por base só tendes
A infâmia, a fraude, a falcidade.
,
1933.08.03
Lisboa (1)
.
À Burguesia
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Oh vil burguesia, imérita velha traiçoeira.
Com teus vestidos, de rapariga, jovem atraente.
Consegues iludir do povo, ainda alguma gente.
Que inconsciente vai caindo na tua ratoeira.
.
E como qual réptil, na sombra vais rastejando.
Sem cantar vitória, pois te dentes já moribunda.
Sim é agora o teu fim, oh sociedade imunda.
É a invencível morte, que p'ra ti vai avançando.
.
E representada, a tua morte é, p'lo fascismo,
Consequência única, do fim do teu império..
E então darás lugar, eternamente, ao Leninismo.
.
A esse ideal puro e justo sem vitupério;
Que edificará na terra, p'ra sempre o Socialismo;
Que a humanidade unirá, num amor eterno.
.
1933.08.04 - Lisboa
.
.
Cessem teus males, oh sociedade viciosa!
Que só da fraude vives, do engano e da maldade.
Tuas armas são: uma a taberna perigosa;
A igreja, antro d'hipocrisia e falsidade;
.
E a outra é o prostíbulo, casa venenosa.
Só com isto te sustentas, maldita sociedade.
Cantando o divulgarei para toda a gente.
Se para isso me ajudar o povo consciente.
.
1933.08.06 - Lisboa
.
_______________
1 - Este poema e os dois seguintes foram escritos nas paredes da prisão de Belém.

domingo, 23 de setembro de 2007

Hoje o dia nasceu





* Mana Kalinka
.

Hoje o dia nasceu
negro e amanheceu
sombras me invadem
a alma
os olhos inundam-se
lágrimas rolam
a tristeza acompanha-me
porque será?
questiono-me
mas as respostas faltam
quero tudo esquecer
voltar-me para o lado
e adormecer...


.
Colocado por Victor Nogueira @ Segunda-feira, Julho 09, 2007 em Kant_O_XimPi

Venho de mansinho



* Mana Kalinka
.

Venho de mansinho
lembrando a minha meninice
ver as gaivotas, na Nazaré
As da minha infância
também eram belas e meigas
em terras de África, pois é.
Fico deslumbrada com
os seus bailados esvoaçantes
Emitindo gritos sonantes.
Mas, tu ignoras-me
deixo-te recados,
miminhos, como quem brinca
e mesmo assim,
não me visitas, no kalinka
A tristeza invade-me
tropeço nas rochas,
oiço os seus gritos de socorro
mas,
ninguém dá conta da minha queda.
Ali permaneço
horas sem fim
dorida, estremeço
quem olha por mim?
.
.
Colocado por Victor Nogueira @ Segunda-feira, Julho 09, 2007 em Kant_O_XimPi

sábado, 22 de setembro de 2007

Eterno

martes 14 de agosto de 2007



Eterno

Silencio,
por favor silencio.
Voy a gritar que la amo.
Silencio,
por favor silencio.
Van a gritar que me aman.
Oh, que espera
y que silencio eterno.


Silencio

Yo soy ese que te ama.
Yo soy esa que…silencio,
no lo digas,
mi corazón escucha.




sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Vi-te



* A.R.

.

Vi-te

.

sentado no chão

e senti o contacto da terra

da água do ar e do fogo

e no meio dos quatro elementos

.

Dancei

.

e dançamos juntos

a dança do ventre

ao som de tambores

e de mil odores

.

Sonhamos

.

e do ventre da terra
nasceram frutos e flores

fechamos os olhos

morremos de amores

.

renascemos

.

juntos, deitados no chão

lágrimas caíram de tanta emoção

comungando e sentindo

o despertar único da criação

.

[2003]

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Escrito a Quente

Encontrei esta entrada no blog da Belisa e vim ter aqui. E fui lendo página a página os textos que me comoveram deveras. Como dizem os meus filhos, lá está o pai com o brilhozinho nos olhos.
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O que me encantou neste blog, a mim que sou um misto de racionalidade e sentimento sempre em luta, de reserva e de espontaneidade, é ter ficado comovido com as tuas linhas simples, mesmo quando «falas» de algo importante. E da poesia que da tua prosa muitas vezes nasce. Gostei de «ver-te» por detrás do que escreves. Nunca escrevi isto nos meus comentários, embora seja o tema dum dos meus primeiros «poemas»: Obrigado (i.e., agradecido) pelo que vi e que me comoveu!
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Há dois anos que não vou à Festa e depois fico sempre com pena porque «não» fui e porque assim não tive oportunidade de ver amigos e amigas inesperadamente no ponto de encontro que a Festa é.
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Foi este o comentário que deixei em Escrito a Quente um cantinho que vale a pena conhecer. Vão por mim :-)

Victor Nogueira

Da Travessa do Ferreira ...





ORA TOMA...

Lisboa «deambulada»
pelo Victor Nogueira

Antunes Ferreira
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O Victor Nogueira é impagável – e imparável. No seu blogue Ao (es)correr da pena (que já recomendei, recomendo e recomendarei) vai, desde há uns tempinhos deambulando por Lisboa. É obra, minhas Senhoras e meus Senhores. O nosso homem não pára. Tudo o que encontra nesta capital que é nossa, vá de registar. Constrói, assim, uma cidade de muitas colinas e muitas obras de arte e outras, até nas artérias.
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Este apontamento é uma homenagem a Lisboa, mas também ao Victor que no-la traz de forma airosa, interessada e interessante. Recria-a perante os nossos olhos, o que - pelo menos para mim, alfacinha e orgulhoso de o ser – é cometimento para longa duração porque longo é o caminho a percorrer, sedimentado pelo já percorrido. Vai em frente, Victor. Não te alerto para eventuais distracções – porque tu não te distrais. Vai, Victor, vai. Continua.
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Grato ao Henrique, camarada das letras, que encontram com a sua saborosa escrita já aqui, na
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Travessa do Ferreira

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Poemas do meu Bisavô (2)

* José Castro
.
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Adeus (imitação)
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Adeus Pátria, adeus família
Adeus serra onde nasci;
Adeus colinas e vales
Onde feliz eu frui.
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Adeus regato suavíssimo
Que te despenhas do monte,
Adeus água cristalina
De tão poética fonte.
.
Adeus sol que t’escondes
No teu tálamo de verdura,
Adeus tudo que é campestre
Adeus tudo que é ventura.
.
Adeus outeiros que além
Sustêm formosa ponte;
Adeus crepúsculo da tarde
Que te retratas no monte.
.
Adeus noites tão belas
Noites de grato luar;
Adeus milhares d’estrelas
Alvo do meu louco olhar.
.
Adeus minha guitarra
Adeus p’ra sempre folgar;
Adeus danças campestres
Adeus meu belo cantar.
.
Adeus douradas madeixas
De milhares de formosas!
Adeus doces enleios
Adeus nacaradas rosas.
.
Adeus minha mãe querida
Adeus oh! grata visão!
Adeus tu que dás a vida
Ao meu triste coração.
.
Óbidos

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ainda a Poesia...


* Maria Mamede


UM HINO À CIDADE

Ai esse corpo cidade que a cidade vai abrindo
Esse corpo de ansiedade nas vidas que vão florindo...

Ai esse corpo violado que se esgueira pelas vielas
Esse corpo mal tratado nos corpos deles e delas...

Ai esse corpo almofada sem atavios riqueza
Corpo de pedra lavrada, corpo de vida burguesa...

Ai esse corpo cidade com traineiras na lonjura
Sempre manhã, sempre tarde, nos braços da noite escura...

Ai esse corpo doçura no amor de quem lhe quer
Esse corpo dedilhado, como guitarra-mulher...

Ai esse corpo de espanto desta cidade brumosa
Todo riso, todo pranto, todo amante ansiosa...

Ai cidade marginal do desespero dos dias
Cidade nobre e leal de muitas democracias...

Ai encanto de pintores, de poetas, doutros mais
De jardins cheios de cores, de tertulias ancestrais

És cidade toda Povo de manjerico na mão
E és Porto de igualdade em Noite de S.João!...



MEU PORTO

Quando a noite chega
Com seu manto negro
E tu emerges do rio
Liquidamente coroada de luzes
Meu coração acelera o compasso
E meus olhos, em êxtase
Fundem-se em ti...
Pairo
Gaivota em voo tardio
Sem norte e sem rota
Inebriada de luz
E poiso na areia...
Esqueço o ninho, a vida
E embalando o cansaço
Adormeço
Na espera dos primeiros alvores
Dum dia de verão!...




DESPINDO A ALMA

Eu dispo a minha alma
À tua frente
Num jeito despudor
De entrega feito
Que despir a minha alma
É o meu jeito
De mostrar e de pedir
Amor!
E dispo a alma
A alma somente
O corpo, é só um fato
Que vestimos
E quando amamos muito
Desistimos
De pensar nessa fato
Que esquecemos...
Apenas alma e lua
São divinas
Qualidades na mulher plena
E por isso
É que vale a pena
Despir a alma
E deixá-la nua
Aos raios de luar
E de verbena
E ao toque doutra alma
Como a tua!...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

«Convívio das Quadras»


Este é um blog aberto à colaboração de pessoas minhas amigas, conhecidas ou simples visitantes.

Sendo assim e se quiserem podem enviar de 1 a 3 quadras, neste caso independentes ou interligadas. Isto não é um concurso, não há prémios nem classificações. Mas há regras: a(s) quadra(s) têm de ser escritas em português ou castelhano, não necessariamente escritas para agora, de autoria do remetente, que se deve identificar, dando um mail válido ou identificação do seu blog ou site, e, embora a temática seja livre, esta não pode ser racista, xenófoba, sexista ou ofensiva.

Se quiserem participar deixem as vossas contribuições no comentário do último post acima referido ou por mail, com a indicação «Convívio das Quadras», até 30 de Setembro do corrente.

Um abraço
Victor Nogueira

domingo, 16 de setembro de 2007

A Modinha das Quadras

Belisa deixou um novo comentário na sua mensagem, "Sequência de Quadras":
.
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Ora vamos lá :)
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Não é pra todo o que quer...
mas poderá vir a ser
Acho que quem não souber
poderá vir a saber!
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Começou por brincadeira
esta coisa de rimar
Mesmo que eu não queira
só agora assim sei falar!
.
Estou a ficar preocupada
Com esta minha mania
Não posso dizer nada
Sem que toda a gente se ria!
.
Está mesmo a acontecer
mesmo em tudo o que digo
O que é que eu hei-de fazer?
Para não gozarem comigo?
.
Não sendo muito letrada
não são muitas as palavras
Mas fico toda encantada
quando me saem estas quadras!
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16 de Setembro de 2007 19:53
.
Sobre Quadras ver:
.
António Aleixo - (1899 - 1949). QUADRAS POPULARES
.
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Sobre a Modinha ver, que nada tem a ver com a Quadra:
.

O Mistério das Quadras

Belisa disse...
.
Olá :)
.
Esta sequência de quadras
não sei onde irá dar...
Mas façam o favor de...
meu post de hoje espreitar!
,
Espero a vossa visita
e quando isso acontecer...
Espero também lá estar...
p'ra saber o que fazer!
.
16 de Setembro de 2007 2:06
.
Ver post anterior
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sábado, 15 de setembro de 2007

Sequência de Quadras



Mas não resisti.. sem deixar de dizer que adoro "Quadras" e que gostei.
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Então até mais ver.
Já são horas de dormir
Estou para aqui a escrever
Para quem lêr ...se rir....
.
Belisa
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13 de Setembro de 2007 3:47
.
.
Por esta não esperava
fiquei até surpreendida!
Mas pensando bem...estava
a pensar na minha vida..
.
Belisa
.
13 de Setembro de 2007 23:30
.
.
Respondendo...
.
Um sorriso alegra a vida
Sorria e ria com gosto
Que gosto teria a vida
Sem um sorriso no rosto?!...
.
Maria Mamede
.
a 15 de Setembro de 2007 às 01:06
.
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Já tinhas feito uma visita e foi-me dito...Que eu parecia uma ...saltarica
.
Saltarica ...como as rãs
E alojada no "Sapo"
Mesmo assim fiquei contente
Só faltou o guardanapo!
.
Belisa
.
.
Olá Belisa, bom dia...
.
Quem canta, seus males espanta
diz o rifão popular
aqui, não falta garganta
O que é preciso é cantar!...
.
Maria Mamede
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9/15/2007 11:14 AM
.
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Olá!
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Sobre o poeta Bocage
pouco ou nada sei
Fiquei mais elucidada
e agora investigarei...
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Belisa
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Setembro 15, 2007
.
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Quem canta seus males espanta!
Digo isto com regalo!
Cantar nem sempre adianta...
A não ser "cantar de galo".
.
Belisa
.
13 de Setembro de 2007
.
.
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Olá Belisa, bom dia...
.
Quem canta, seus males espanta
diz o rifão popular
aqui, não falta garganta
O que é preciso é cantar!...
.
Maria Mamede
9/15/2007 11:14 AM
.
,
Rosa dos Ventos deixou um novo comentário na sua mensagem "Quadras ao desafio?":
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Instada pelo V.Nogueira
Aqui estou a versejar
Desta ou daquela maneira
A coisa tem de rimar.
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Rosa dos Ventos
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14 de Setembro de 2007 22:40
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Gravura: "lenços dos namorados" ou "lenços de pedidos"
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SABER MAIS EM Galeria & Photomaton :
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Dia de Bocage - Feriado Municipal de Setúbal


*José Castro
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Café do Nicola
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Aurindo as delícias do café
Envolto nos fumos do "havano",
Bebem-se os eflúvios do "Elmano",
Com amor e esperançoso filé.
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És tu oh Sala dos vates Sé
Onde rebrilha o olhar profano,
Tentando desvendar o arcano.
Do Vate, com arreigada fé.
.
Não se nota aqui uma falta,
Reminiscências do passado se evola
Dos quadros, da Sécia, do Peralta.
.
Isto aqui é Sé, Parnaso e Escola
Onde se reza, verseja e s'exalta
Bocage e o café do "Nicola".
.
.
,
"Saiba morrer o que viver não soube"
.
Bocage
.
Dedicatória rogatória
.
Quando tu, genial poeta, viste
A negra Morte a rondar teu leito,
Arrependido, a arfar teu peito,
Ao Criador o teu perdão pediste.
.
Os prazeres do teu Ser repeliste,
A contrição foi um Credo perfeito,
Da Ala dos Imortais és eleito,
Favor das musas, com amor fruiste.
.
Se do Além tiveres a permissão
D'enviares teu Estro a este Mundo,
Favorece aquele que tenta em vão
.
Compor sonetos de pensar profundo,
Como, só tu, com divinal condão,
Soubeste criar com amor fecundo.
.
16-9-1950
.
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Na sala espírita
invocando "Bocage"
.
Invocais Bocage ? Aqui estou;
Esta alma que vai penando
E o peso aliviando
Dos pecados que praticou;
.
Meia jornada já alcançou
Neste calvário miserando,
Esta alma purificando,
Que tanto, tanto conspurcou.
.
Mais um século neste penar
Irá, por fim, alcançar
A glória do Celeste Pai.
.
Mortais, sejam Irmãos,
Dêem para o Bem as mãos,
Vossos pecados aliviai.
.
.
Da «Autobiografia e Obra Literária» do meu bisavô paterno, ( 1862-1955) digitalizada pelo neto e meu tio J.J. Castro Ferreira.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Festa do Avante 2007

Nº 1763 - 13.Setembro.2007
.
Primeira Página
Festa do Avante!
Mailinglist
Subscrever
Sugestões
.
Editorial
QUEM LÁ ESTEVE E QUIS VER, VIU
Opinião
Opinião
Crónica Internacional A propósito de uma campanha
A Talhe de Foice De vermelho, naturalmente
.
Nacional
Mais 5,8% no salário mínimo
Greves na ETAR de Sines e Valorsul
Jerónimo no Seixal
Agricultores no Porto
.
Argumentos
.
Aconteceu
Morre Luciano Pavarotti
Pais de Maddie McCann constituídos arguidos
Empates, vitórias e derrotas
Proibido divulgar «escutas»
Resumo da Semana
.
Página Principal Arquivo Pesquisa Contactos Ficha Técnica

Quadras ao desafio?

.
.
Belisa disse...
.
Por esta não esperava
fiquei até surpreendida!
Mas pensando bem...estava
a pensar na minha vida.
.
13 de Setembro de 2007 23:30
.
.
De Amor e de Terra disse...
.
Respondendo...
.
Um sorriso alegra a vida
Sorria e ria com gosto
Que gosto teria a vida
Sem um sorriso no rosto?!...
.
Maria Mamede
14 de Setembro de 2007 0:00

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Quadra

Mas não resisti.. sem deixar de dizer que adoro "Quadras " e que gostei.

Então até mais ver
Já são horas de dormir
Estou para aqui a escrever
Para quem lê...se rir...
.
Belisa

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Quadras

* F.G.

Encontrei-te meu amor
À entrada do Pinhal
Agora prometo-te amor
E prometo ser leal.
.
Tua cara é um jardim
Os teus olhos dois amores
Os teus lábios são assim
Como as pétalas das flores.
.
Ao saborear os teus beijos
Nos momentos de ternura
Invade logo em desejos
De aparente loucura.
.
O que eu andava a pensar
Está já acontecer
Pelo muito de te amar
Faz-me andar a sofrer.
.
Já estou a sofrer tanto
A falta do teu amor
Desde que me levanto
Até o Sol se pôr.
.
1995.09.05

J.J. Castro Ferreira (2)

Oeiras - O Parque dos Poetas




Parque dos Poetas
.Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
.
O Parque dos Poetas é um projecto da Câmara Municipal de Oeiras que pretende homenagear a cultura portuguesa. Foi inaugurado em Junho de 2003, proporcionando um espaço de lazer, de cultura e de desporto, procurando cruzar a poesia e a arte dos jardins.
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Tem jardins, alamedas, parque infantil, fontes, parque de merendas, anfiteatro ao ar livre, entre outras possibilidades a descobrir.
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Uma visita virtual pode ser feita em Parque dos Poetas . Fotografias de Dias dos Reis

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A visita da Filha do Administrador












* Victor Nogueira



Fui hoje visitar a Belisa, pois ela comunicou que criara um blog para as fotos tiradas por ela, mas a minha curiosidade ficou lograda pois por enquanto, tirando o genérico, parece aquele filme do João César Monteiro, Branca de Neve.
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Na simpática sala de estar encontrei a filha do administrador . Filha do Administrador? E pensei logo, como angolano que sou, que o pai dela fosse ou tivesse sido um daqueles administradores que usavam o chamado capacete colonial, também imagem de marca dos polícias sinaleiros. Apesar da minha timidez (ninguém lá no emprego acredita que eu seja tímido, triste sina minha) resolvi meter conversa com a filha do Senhor Administrador.
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VN -Olá :-) Quem é a «filha do administrador» ? Sim, que quem se apresenta com este nome desperta a curiosidade ou a estranheza. Filha do Administrador, perguntei aos meus botões? E pimba, aqui vim conhecer um blog simples, me desculpe, a moça é uma pessoa simples e com humor. Ah, também gosta de histórias aos quadrinhos? Pois, este é tema com pano para mangas. Por agora não me pronuncio sobre a BD, embora a leia de todas as formas e feitios desde miúdo. É a minha deixa para nos voltarmos a encontrar :-)
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A filha do Senhor Administrador, que me acolheu com um «olá», neutro, foi muito simpática e charmosa, apesar de não ter sorrido logo de entrada. Já na despedida, disse-me:
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FA - Obrigada pela visita. Sou a "filha do administrador" porque me dá aquela vantagem de me dar ao luxo de dizer o que quero, quando quero, sem véus a disfarçar seja o que for :). [aqui ela já botou um sorriso] Ou seja o que me vai na alma pode vir inteirinho cá para fora, sem a maioria das pessoas se atrever a "bater-me". afinal é a "menina do administrador", certo? Uma vantagem que não conhecia, mas que me dá gozo. Já agora conto com futuras visitas. :) [novo e simpático sorriso, embora comedido].
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Fiquei muito agradado com este acolhimento, até porque não sou filho de Administrador e só sou Administrador vitalício desde condomínio desde há 7 anos, reeleito anualmente, e onde moro vai para 30 anos, mas esta é uma Administração que nem dá para comprar um tremoço. E assim, convido-vos a visitar a filha do administrador. Vão por mim e não se arrependerão.
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Não, não é da Administração do Condomínio que falo, mas se à borla quiserem pegar nesta pasta e garantir-me que não deixam os elevadores pararem .... Sim, que isto de subir nove andares a pé já não é para a minha idade.
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NOTA - Pensando bem, se calhar o pai da filha usa chapéu de coco. Bem, se assim for já não poderei ir em mangas de camisa? Terei de comprar um fato apropriado? Como esse aí à esquerda? Olhem, façam como melhor entenderem. Eu cá vou em mangas de camisa !

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Ah! Não sabem quem é o João César Monteiro ? Eu gosto dele e do seu humor. Não, não vi a Branca de Neve porque li a crítica primeiro, e dormir por dormir, prefiro em minha casa ou num hotel.
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Obrigado Belisa. Fico torcendo para que essas fotos sejam postadas.
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Ciao, ciao a todo o mundo!
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Que pena eu não poder ser como a Filha do Senhor Administrador! Porquê? Ora vejam a resposta em Da Carta1. Se as cartas não fossem cartas, muitas ...