Eternidade
Sou haste de junco vergada pelo vento, postada à beira do rio onde nenúfares brincam nas águas como pingos de adeus.
Apetece-me o colo dos teus braços, a macieza dos caminhos pelos quais me desafiavas a navegar, mas os seixos do rio lavaram o cheiro a hortelã com que deslumbravas as manhãs quando vinhas ter comigo.
No silêncio que me cobre como manta áspera de burel, pulsam estrelas apagadas que albergaram sonhos. Junto um a um os abraços e os beijos e guardo-os num cofre secreto onde os procuro quando não estás. Sento-me então num banquinho dentro de mim e cuidadosamente os lavro em doirada filigrana com que me enfeito para te esperar e para que tu me olhes vestida de ti e me saibas eternamente tua.
maria jorgete teixeira
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