Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

sábado, 4 de maio de 2013

Carlos Rodrigues - "DA ÁGUA QUE BEBE DELA " "DA ÁGUA QUE BEBE DELA "


4 de Maio de 2013 às 11:16
                                     “ DA ÁGUA QUE BEBE DELA “        

                        Isabel bordava sonhos,com desejos dentro dela
                        De laços que lhe subiam e enredavam no peito,
                        Por Peres de Trava,que amava, mas só via da janela,
                        Sua mão ele pediria, assim lhe dessem direito.

                        Isabel perdera a mãe e fora entregue à madrinha,
                        Que com seu pai a criara de uma forma um tanto fria;
                        Dona Ximenes  tem por cisma intenção assaz daninha:
                        Casá-la com Dom Raimundo,do qual se sabe ser tia.

                        Astuta, diz a Isabel,com bem estudada euforia,
                        Que é chegado o dia de seu pretendente ouvir,
                        Crescem asas na afilhada, não esconde sua alegria:
                       - Hoje mesmo ao meu eleito pedirei para cá vir;

                        Apresentará seu pedido, o Conde Pedro de Trava,
                      - Tu estás louca, rapariga, ou falas só para te ouvires ?
                         Quem foi que te autorizou a contrapor tal entrave
                         À decisão já  tomada de com meu sobrinho casares ?

                          Hei de falar com meu pai, a senhora está errada
                        - Clama Isabel, destroçada - sai Ximenes de rompante
                        - És ingrata e insolente,espera-lhe pela pancada…
                          Chama Isabel Juliana, seu anjo em forma de gente,
                           
                           Sua Dama de Companhia, o que Amiga subentende:
                         - Queres que te leve recado aos do Castelo de Trava ?
                         - Ao jovem Pedro direis que aqui esteja ao sol nascente,
                           Para me pedir a meu pai, se não ainda outro me leva.

                           Toda a noite não dormiu e até pediu aos céus
                           Que se apagasse o luar, para o sol se levantar,
                           Lá  fora cascos ouviu e o som reconheceu,
                           Era o cavalo de Pedro, se é que não estava a sonhar.

                            Bate seu pai, prazenteiro, à porta que está trancada,
                            Por fora, mas não comenta e com chave própria entra,
                          - Aqui algo está errado, mas quero-te ver animada,
                            Minha filha, cá me esperam dois jovens teus pretendentes.

                            E, enquanto a informa, ri, satisfeito, com seu plano,
                            Que Isabel sabe ser prova que Pedro não esperaria,
                            Ou seu pai sabe o que faz ou  quer levar ao engano,
                             Por conselho de Ximenes,o que Isabel escolheria,

                             Montada está a armadilha,que Isabel aflige:
                             A um cabe, por tarefa, trazer água da levada,
                             Ao outro seu pai exige montar a cúpula da Igreja,
                             O primeiro  a terminar  terá  noivado garantido.

                             
                              Desolada Beatriz, diz que o teste vem fisgado
                              Por Ximenes, para que ganhe seu sobrinho,
                              ( Que é mole e aparvalhado, mas traz dote apetecido )
                              Trazer água da levada não é coisa doutro mundo,

                               Não será pois, por acaso, que tal coube a Dom Raimundo,
                               Já o impossível  é destinado ao amor de sua vida,
                               Mas Pedro não hesita nem um mínimo segundo,
                               Essa cúpula há de montar, de uma forma decidida.

                               Ora nas lajes prostrado o reforçam  suas preces,
                               Ergue-a por força divina, já Raimundo se entontece
                               De tanta facilidade, vai à levada e adormece
                               Segue a tia em seu encalço, mas quando acorda já é tarde:

                               - Vede como corre a água, minha tia - diz Raimundo,
                                 Dentro em pouco chegará junto à minha prometida…
                               - Pois beba dela, sua besta, que a cúpula já está montada !...
                                 E hoje se a água  turva vai o Povo  mais a fundo:

                                 “Raimundo que beba dela “, onde melhor lhe calhe,
                                  Ou cerca da Capital  ou em São Romão está ela,
                                  Em Oliveira do Hospital ou em São João da Talha,
                                  A água que foi levada, não chegou à  Bobadela !

                                 Carlos A.N.Rodrigues, 03 / 05 / 2012
                                
                               

DA ÁGUA QUE BEBE DELA
DA ÁGUA QUE BEBE DELA

Sem comentários: