“ LENDA DO BRAÇO LEVANTADO “
( Ou dos quarenta conjurados )
Antes das nove badaladas dos sinos da Sé,
Já de madrugada armados, no Terreiro do Paço,
Há Fidalgos em seus coches e outros de pé,
Com o caminho traçado: Libertação ou galés.
Castelhanos e Tudescos não são guardas de somenos
Mas Miguel de Vasconcelos, ainda é mais odiado,
Ganhou a raiva do povo, mas tal não lhe tira o sono,
Nem às nove badaladas estaria já acordado.
Tardiamente prevenido pelo seu corregedor,
Este ministro traidor, evoca outro ditador
E nem se mostra apressado: “ César morreu sem temor
A caminho do Senado”, mas logo se vai esconder
Num armário de madeira, onde será encontrado,
Felino encurralado, que segundo a lenda lavra,
Nem tempo tem de altercar, com a clavina empunhada,
Levou tiro nas goelas que lhe secou a palavra.
O atiraram pela janela os de Dom João Coutinho,
Para que o Povo visse bem, o que a todos mais traíra
E, pelo desprezo sofrido, o tratassem sem carinho,
Que curarem não podiam, porque já nada sentia.
Era o Secretário morto, suspeito de peculato
Com a Duquesa de Mântua e de mancebia, às vezes,
Ei-la ainda, equivocada, perguntando aos Portugueses:
“ Cadé vossa lealdade, qu’é isto que aqui se passa ?...”
Como vos atreveis, tratar-me por Margarida,
O meu nome é Vossa Alteza, falo por nosso Rei
Dom Filipe, com o poder que por ele me foi concedido
- Enganais - vos, Vossa Alteza, já de saída Vós estais,
- Nosso Rei é o Senhor Duque de Bragança, por sinal
Está a chegar: Viva Dom João IV de Portugal !
Clama Dom Carlos de Noronha, mas ela o entende mal,
Faz menção de ir à janela, ignorando o real.
-Tenho que ao Povo falar e minha Guarda chamar,
Se não me quereis entender - Mas sois vós, quem não quer ver,
Que ou saís por aquela porta ou pela janela há de ser…
E ela verga, humilhada, sai, vencida e sem poder.
É Dom Carlos de Noronha quem acalmá-la tenta,
Mas já só tem na ideia dar asas a toda a gente
E gritar bem alto pelas ruas a Vitória dos Quarenta,
Mas Dom Antão de Almada, quer assinatura urgente,
Ela resiste, teimosa, ele a ameaça de morte,
Reconsidera a Duquesa e a D. Luís del Campo
Diz que se inscreva, com pena, o que lhe exige a má sorte,
Praças e Castelos devolva, oficialmente e com estampa.
E assim se queda a Duquesa, prisioneira no Palácio,
O traidor desmascarado, jaz no chão, com seus pecados,
E tudo nos é devolvido, para além do que foi roubado,
Já da Sé sai Nicolau da Maia, Padre, do nosso lado,
Em Procissão para louvar Portugal ressuscitado,
Tocam os sinos de Lisboa, é um triunfo total,
Hasteiam o signo real os Quarenta Conjurados:
Liberdade ! Liberdade !, todos gritam por igual.
Clama o Bispo de Lisboa também seu patriotismo,
E, como lhe compete, exaltando o Crucifixo
E mais bênçãos pedirá, pelo Senhor fará Baptismos,
E outro prodígio haverá, tem-no como ideia fixa,
Da qual pede confirmação ao próprio crucificado,
E eis que este ergue o braço direito e a todos abençoa,
Deixando o Povo prostrado em oração mui sentida,
Que assim a lenda é ditada pelos crentes de Lisboa.
Aos Quarenta Conjurados a História lhes deu valor
E o Cristo crucificado abençoou o que fomos,
Com o seu braço direito, mas sem voltar ao passado,
Nos abençoe o outro lado, para estarmos melhor que estamos,
Que, hoje pior é difícil e tanto não pediremos.
Carlos A.N. Rodrigues, 18 / 05 / 2013
( Ou dos quarenta conjurados )
Antes das nove badaladas dos sinos da Sé,
Já de madrugada armados, no Terreiro do Paço,
Há Fidalgos em seus coches e outros de pé,
Com o caminho traçado: Libertação ou galés.
Castelhanos e Tudescos não são guardas de somenos
Mas Miguel de Vasconcelos, ainda é mais odiado,
Ganhou a raiva do povo, mas tal não lhe tira o sono,
Nem às nove badaladas estaria já acordado.
Tardiamente prevenido pelo seu corregedor,
Este ministro traidor, evoca outro ditador
E nem se mostra apressado: “ César morreu sem temor
A caminho do Senado”, mas logo se vai esconder
Num armário de madeira, onde será encontrado,
Felino encurralado, que segundo a lenda lavra,
Nem tempo tem de altercar, com a clavina empunhada,
Levou tiro nas goelas que lhe secou a palavra.
O atiraram pela janela os de Dom João Coutinho,
Para que o Povo visse bem, o que a todos mais traíra
E, pelo desprezo sofrido, o tratassem sem carinho,
Que curarem não podiam, porque já nada sentia.
Era o Secretário morto, suspeito de peculato
Com a Duquesa de Mântua e de mancebia, às vezes,
Ei-la ainda, equivocada, perguntando aos Portugueses:
“ Cadé vossa lealdade, qu’é isto que aqui se passa ?...”
Como vos atreveis, tratar-me por Margarida,
O meu nome é Vossa Alteza, falo por nosso Rei
Dom Filipe, com o poder que por ele me foi concedido
- Enganais - vos, Vossa Alteza, já de saída Vós estais,
- Nosso Rei é o Senhor Duque de Bragança, por sinal
Está a chegar: Viva Dom João IV de Portugal !
Clama Dom Carlos de Noronha, mas ela o entende mal,
Faz menção de ir à janela, ignorando o real.
-Tenho que ao Povo falar e minha Guarda chamar,
Se não me quereis entender - Mas sois vós, quem não quer ver,
Que ou saís por aquela porta ou pela janela há de ser…
E ela verga, humilhada, sai, vencida e sem poder.
É Dom Carlos de Noronha quem acalmá-la tenta,
Mas já só tem na ideia dar asas a toda a gente
E gritar bem alto pelas ruas a Vitória dos Quarenta,
Mas Dom Antão de Almada, quer assinatura urgente,
Ela resiste, teimosa, ele a ameaça de morte,
Reconsidera a Duquesa e a D. Luís del Campo
Diz que se inscreva, com pena, o que lhe exige a má sorte,
Praças e Castelos devolva, oficialmente e com estampa.
E assim se queda a Duquesa, prisioneira no Palácio,
O traidor desmascarado, jaz no chão, com seus pecados,
E tudo nos é devolvido, para além do que foi roubado,
Já da Sé sai Nicolau da Maia, Padre, do nosso lado,
Em Procissão para louvar Portugal ressuscitado,
Tocam os sinos de Lisboa, é um triunfo total,
Hasteiam o signo real os Quarenta Conjurados:
Liberdade ! Liberdade !, todos gritam por igual.
Clama o Bispo de Lisboa também seu patriotismo,
E, como lhe compete, exaltando o Crucifixo
E mais bênçãos pedirá, pelo Senhor fará Baptismos,
E outro prodígio haverá, tem-no como ideia fixa,
Da qual pede confirmação ao próprio crucificado,
E eis que este ergue o braço direito e a todos abençoa,
Deixando o Povo prostrado em oração mui sentida,
Que assim a lenda é ditada pelos crentes de Lisboa.
Aos Quarenta Conjurados a História lhes deu valor
E o Cristo crucificado abençoou o que fomos,
Com o seu braço direito, mas sem voltar ao passado,
Nos abençoe o outro lado, para estarmos melhor que estamos,
Que, hoje pior é difícil e tanto não pediremos.
Carlos A.N. Rodrigues, 18 / 05 / 2013
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