Viva a Vida !

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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Convívio do Movimento e Contraste (34) - Poesia Musicada de Abril em Maio

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Eu Vim de Longe
, José Mário Branco

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Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de maio começou
Eu olhei para ti
Então entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou
Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha n´outra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou
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Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei p´ra aqui chegar
Eu vou p´ra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos p´ra nos dar
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E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos cantei
Foram feitos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão
Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei p´ra ti
E então entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou
Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi p´ra esta força que apontou
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Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei p´ra aqui chegar
Eu vou p´ra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos p´ra nos dar

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Lágrima de Preta - António Gedeão (Letra) - Manuel Freire (Música)

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Encontrei uma preta

que estava a chorar

pedi-lhe uma lágrima

para a analisar

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Recolhi a lágrima

com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado

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Olhei-a de um lado

do outro e de frente

tinha um ar de gota

muito transparente

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Mandei vir os ácidos

as bases e os sais

as drogas usadas

em casos que tais

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Ensaiei a frio

experimentei ao lume

de todas as vezes

deu-me o qu´é costume
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Nem sinais de negro

nem vestígios de ódio

água (quase tudo)

e cloreto de sódio

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Cantar da Emigração - Rosália de Castro (letra) -
José Niza (Música)
Intérprete: Adriano Correia de Oliveira
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Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
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Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai
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Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará

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Menino do Bairro Negro - Letra e música de José Afonso

Os meios sociais miseráveis do Porto, no Bairro do Barredo estiverem na origem desta balada.

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Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
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Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
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Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Vira também
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Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
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Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
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Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
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Se até da gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti
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Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver
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Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
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Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

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CANTAR ALENTEJANO - Vicente Campinas (poema) e José Afonso (música)

Catarina Eufémia foi assassinada pela GNR, em Baleizão (Alentejo) a 19 de Maio de 1954, quando com outros operários agrícolas reivindicava melhores condições de vida e de trabalho.

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Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

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Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

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Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

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Aquela pomba tão branca
Todos a querem p’ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

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Aquela andorinha negra
Bate as asas p’ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

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A morte saíu à rua - letra e música de José Afonso

(José Dias Coelho, aerista plástico e dirigente do PCP, foi assassinado pela PIDE, em Alcântara (Lisboa) em 19 de Dezembro de 1961)
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A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
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O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
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Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
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Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada hà covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação
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Canto Moço - Zeca Afonso

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Somos filhos da madrugada

Pelas praias do mar nos vamos

À procura de quem nos traga

Verde oliva de flor no ramo

Navegámos de vaga em vaga

Não soubemos de dor nem mágoa

Pelas praias do mar nos vamos

À procura da manhã clara

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Lá do cimo duma montanha

Acendemos uma fogueira

Para não se apagar a chama

Que dá vida na noite inteira

Mensageira pomba chamada

Companheira da madrugada

Quando a noite vier que venha

Lá do cimo duma montanha

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Onde o vento cortou amarras

Largaremos pela noite fora

Onde há sempre uma boa estrela

Noite e dia ao romper da aurora

Vira a proa minha galera

Que a vitória já não espera

Fresca brisa moira encantada

Vira a proa da minha barca

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Os Vampiros


(José Afonso)

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No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada

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Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

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A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

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São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

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Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

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No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
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Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
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Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

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Trova do vento que passa
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é uma balada de António Portugal e Manuel Alegre do ano de 1963, estando contida no disco Fados de Coimbra cantada por Adriano Correia de Oliveira.
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Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
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Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
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Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
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Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
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Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
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Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
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E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
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Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
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Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
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Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
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E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
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Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
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E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
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Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
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Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
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Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
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O que faz falta - Zeca Afonso
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Quando a corja topa da janela
O que faz falta
Quando o pão que comes sabe a merda
O que faz falta
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O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
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Quando nunca a noite foi dormida
O que faz falta
Quando a raiva nunca foi vencida
O que faz falta
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O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta
O que faz falta
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Quando nunca a infância teve infância
O que faz falta
Quando sabes que vai haver dança
O que faz falta
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O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
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Quando um cão te morde a canela
O que faz falta
Quando a esquina há sempre uma cabeça
O que faz falta
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O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
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Quando um homem dorme na valeta
O que faz falta
Quando dizem que isto é tudo treta
O que faz falta
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O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta
O que faz falta é libertar a malta
O que faz falta
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Se o patrão não vai com duas loas
O que faz falta
Se o fascista conspira na sombra
O que faz falta
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O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é dar poder a malta
O que faz falta

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Canta Camarada

(Popular/José Afonso)
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Canta camarada canta
canta que ninguém te afronta
que esta minha espada corta
dos copos até à ponta

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Eu hei-de morrer de um tiro
Ou duma faca de ponta
Se hei-de morrer amanhã
morra hoje tanto conta

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Tenho sina de morrer
na ponta de uma navalha
Toda a vida hei-de dizer
Morra o homem na batalha

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Viva a malta e trema a terra
Aqui ninguém arredou
nem há-de tremer na Guerra
Sendo um homem como eu sou

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Venham mais cinco - Zeca Afonso

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Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já
Do branco ou tinto, se o velho estica eu fico por cá
Se tem má pinta, dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta, já crê que é rei d’aquém e além-mar
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Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa e zarpar
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A gente ajuda, havemos de ser mais eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo o que eu levantei
A bucha é dura, mais dura é a razão que a sustem
Só nesta rusga não há lugar prós filhos da mãe
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Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa e zarpar
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Bem me diziam, bem me avisavam como era a lei
Na minha terra, quem trepa no coqueiro é o rei
A bucha é dura, mais dura é a razão que a sustem
Só nesta rusga não há lugar prós filhos da mãe
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Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa e zarpar
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Trás outro amigo também
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Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
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Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
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Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
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Ouvir os poemas musicados em

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Convívio do Movimento e Contraste (35) - Convite - Canções de Abril em Maio


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