Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Jorgete Teoxwira - 4 palavras

quatro palavras

31 de Maio de 2013 às 15:01
quatro pedras
quatro fios de navalha
quatro cruzes
quatro estátuas de pó

quatro palavras.

quatro punhados de terra
quatro gotas de água
quatro sementes de oiro
quatro úteros cheios

quatro nós
quatro anseios
quatro bruxas
quatro enleios

quatro palavras

lapidadas
sufocadas
laceradas
soletradas

martelando
 insistindo
 rompendo
 moendo

sinto a tua falta.

Aquelas quatro 
prenhes de todas as outras,
 eram as únicas que deus tinha criado.

maria jorgete teixeira
imagem retirada da net
imagem retirada da net


  • Victor Nogueira Cheguei e ... quem espera sempre alcança e ... eu gostei, embora a frase tenha mais de 4 palavras mas para além das palavras estão o a-m(ar), o riso,, o sol e o vento : 

Graça Maria Antunes - Vou pela terra

Vou pela terra

31 de Maio de 2013 às 11:59
Vou pela terra
E desfolho ao sol a verdura do tempo
Em busca dos labirínticos atalhos
Que me conduzam a ti
E com a ansiedade de quem aguarda
A frescura do rio
Nas manhãs incertas
De opacos  invernos
Encolho-me das sombras
Onde se escondem pérfidos caminhos
Mas é para ti que das rústicas papoilas
Invento  bailarinas
É para ti que mergulho as memórias
Em florestas de luzes
Onde as fadas resistem
No assombro dos dias solares
É por ti que procuro o cheiro de violetas
E semeio  canteiros de malmequeres
É por ti
Que persigo o infinito
E encontro
O sinal dos deuses
Nos tímidos rebentos
Que na terra despontam
Vencidas os temores
Dos ventos

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Margarida Piloto Garcia - Pedido em três tempos





Pedido em três tempos ( a publicar)

Pediste-me que te dissessse que te amava.
Cá dentro havia febre como água a correr
vontade que a garganta se abrisse
e que as palavras pressurosas
saíssem mesmo que atropeladas.
Queria gritar em mãos cheias
de vibrações, o que o corpo não calava
nas ondas azuis e ansiadas
de uma juventude crepitante.
Mas eu ainda mal aprendera o nome das palavras
que apenas me permitia murmurar.

Pediste-me que te dissesse que te amava.
Não precisavas, não precisaste nunca.
“Amo-te” era uma ladaínha
que eu orava no teu corpo
mãos em cadências raras
toda eu em devota adoração.
“Amo-te” não tinha hora ou dia
ressoava mesmo nos silêncios
em que tu não estavas
ou formava um rosário de pérolas
a escorrer da minha boca
para tudo o que eras tu.

Pediste-me que te dissesse que te amava.
E eu tremi no dia quente
sentindo o frio de um vampiro
procurando-me o sangue.
Queria escorregar na tua pele
lambendo nela a palavra desejada.
Mas agora não havia força que me fizesse
descerrar os lábios
nem cavalos selvagens
à desfilada no meu corpo.
Não quero atar-te numa mentira cega
e o que me pedes não encontra espaço
para ti, no meu vocabulário.
Mergulho o olhar no horizonte
e apenas te abraço.

© Margarida Piloto Garcia.
(todos os direitos reservados ao abrigo dos direitos de autor)
 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Graça Maria Antunes - Permanecer

27 de Maio de 2013 às 15:44
Permanecer

Volto ao mar
Como animal anfíbio
Medusa e caravela
E neste navegar me fundo
E afundo
Num prolongado anseio
De azul
Riscado de Sóis
Aqui
 Flutuo
E permaneço
 Entre marés
 Aqui
 Onde as  fragas mutiladas
 São sentinelas
Útero
E abrigo
GMA

domingo, 26 de maio de 2013

Clara Esteves - O musgo dos olhos


26 de Maio de 2013 às 2:25


Não é miragem,
É o musgo indiferente dos olhos
No silêncio do horizonte
Como aves naufragadas, sem sentido.
Lembra um mar desencabrestado,
Ondas bramindo o sigilo de sentimentos,
Inquietação beliscando faces
Sem usar palavras enérgicas, nem estilhaços,
Só os olhos, ventos enrolados, atiram lufadas de músicas dissonantes.
Sem encenação especial,
Sem indignação ou repulsa,
O poente desce, desce lentamente
Qual rosa a desfolhar-se sangrando em fim de tarde.
Nas janelas hipócritas dos olhos
Um sopro desértico de emoções.
Não há socos prenunciando a noite
Nem a madrugada cicatriza feridas .
Num lívido mar de decepções
Imagens que se evaporam por entre o anúncio luminoso da lua cheia.
Ciente de não mais vagas nem marés,
Suspensa de um tudo – nada,
Recorta o perfil dos olhos,
Enche a boca de morangos
( sumo doce fartando os lábios)
E porque tudo acontece ao mesmo tempo,
Numa dura linha horizontal,
Quando as sombras do estio andam perdidas,
E não se sabe onde encontra-las.
O musgo  dos olhos atravessa o sono exausto.

Clara Roque Esteves ( maio de 2013)

Yolanda Botelho - Luas

 

26 de Maio de 2013 às 16:30
Dos pássaros
da montanha
 da persiana entreaberta
dos carros que raramente passam
da lua cheia
e também da lua nova que é invisível
dos vidros pintados
que coam a luz
 e do sentimento de
certeza que estás a meu lado
e dos bancos corridos e macios
e do voltar ao quarto de
persiana entreaberta
contigo no coração
e mergulhar na lembrança
da luz coada dos vitrais e
do meu coração que
sereno espera a hora em que abras a porta,
a porta da realidade
sonhada,imaginada e querida.....
com o coração e a esperança.
Com a mão desenho no ar
o teu perfil
depois de me sentar nos bancos corridos e pedir ....
virás....e se não vieres
não faz mal....
continuarei a ser lua cheia e outras vezes lua nova.

Yolanda



***

Jorgete Teixeira - Partida

26 de Maio de 2013 às 18:47

Sabes como partir?
perguntou-lhe ela, desta vez fixando-lhe os olhos claros.
sabes como podemos ir-nos assim, sem que ninguém dê conta,  como o sol quando baixa no horizonte e se despede e não o sentimos porque é só um instante apenas, um fechar de olhos momentâneo como um suspiro de estrelas?
disse ela sem esperar que ele lhe respondesse porque os seus olhos eram lençóis de despedida e os lábios rios mudos e quedos onde não se enredavam beijos...
Sabes como se faz para apagar da nossa memória o calor dos amplexos em que nos fizemos um só, tantas vezes, até nos desfazermos de ternura e transformá-los depois em sombra e névoa, em sal e vazio?
Sabes como dizer-te, já não te amo, quando as noites são páginas virgens à espera de que nelas inventes a poesia com que eivas o meu sono?
Sabes como se morre?
perguntou tão baixinho que as nervuras das folhas do livro onde moravam, se desfizeram em desenhos carcomidos e o magma negro da tristeza lhe abrasou as veias.
Sabes como conseguir dizer-te que te apartes enquanto me rasgo em pedaços e me costuro, enfiando a agulha sempre no mesmo lugar?
Sabes como se morre?
Sabes como se morre devagar ?

sábado, 25 de maio de 2013

Margarida Piloto Garcia - Confiança




Confiança ( a publicar)


Sem que a dúvida te traia
confia em mim.
Desde a aurora a despontar no corpo
até ao ocaso dos desejos
segue a minha rota e peregrina-me.
Desde o dia em que as nossas palavras
caminharam de mãos dadas,
até ao momento em que a carne se desprenda dos ossos
e estes sejam apenas cinza a amar os oceanos,
sempre confia em mim.
Não tenho mentiras a chocar contra os dentes
nem salivas que não sejam osculadas.
Trago um abraço pleno
feito de pele branca, onde espreitam janelas azuis.
Apenas te aconchego porque te quero rebelde
e largo-te do cimo da falésia numa liberdade
que será sempre tua.
Por isso, confia em mim.


© Margarida Piloto Garcia.

(todos os direitos reservados ao abrigo dos direitos de autor)
 —

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Sofia Champlon de Barros - Vertigem galopante

24 de Maio de 2013 às 21:27
Sob as coxas com que te cinjo e ensino,
És sela quente onde o meu querer se agita,
Alazão bravo sobre o qual me inclino,
Boca entreaberta, em gula infinita.

Traças com a língua um trilho que desperta
Em mim o cio bêbado de fêmea acesa
Monto-te livre, vibrante, aberta,
Enquanto me domas, nas tuas mãos presa.

Somos corcéis trotando contra o vento
Esporeando-se em loucura repentina,
Cavalgamos, rédeas soltas, ao relento,
No peito o fogo, nas tuas mãos a crina.

Investimos todo o fôlego na corrida
Vertigem galopante, desenfreada
E serenamos da derradeira investida
Na mansa plenitude da madrugada.


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Graça Antunes - Semeei margaridas

 

20 de Maio de 2013 às 10:24
Semeei margaridas em terras estéreis
Procurei o Sol em tuneis de sombras
Estendi os braços no eco da noite
Bebi a água que brota do nada
Partilhei as asas das gaivotas em voo
Refugiei-me em grutas de espuma e limos
Onde o ritmo das ondas tinha o som dolente
De uma alma retida em labirintos e sonhos
Escalei montanhas e irmanei-me na neve
E exausta e perdida
Revi-me em ti
Como iluminada

GMA

Foto da net
Foto da net

domingo, 19 de maio de 2013

Maria Jorgete Teixeira - Eternidade

Eternidade

19 de Maio de 2013 às 0:13


Sou haste de junco vergada pelo vento, postada à beira do rio onde nenúfares brincam nas águas como pingos de adeus.
Apetece-me o colo dos teus braços, a macieza dos caminhos pelos  quais me desafiavas a navegar, mas os seixos do rio lavaram o cheiro a hortelã com que deslumbravas as manhãs quando vinhas ter comigo.
No silêncio que me cobre como manta áspera de burel, pulsam estrelas apagadas que albergaram sonhos. Junto um a um os abraços e os beijos e guardo-os num cofre secreto onde os procuro quando não estás. Sento-me então num banquinho dentro de mim e cuidadosamente os lavro em doirada filigrana com que me enfeito para te esperar e para que tu me olhes vestida de ti e me saibas eternamente tua.


maria jorgete teixeira


Carlos Rodrigues - LENDA DO BRAÇO LEVANTADO ( Ou dos Quarenta Conjurados )


19 de Maio de 2013 às 21:40
                                     “ LENDA DO BRAÇO LEVANTADO “
                                       ( Ou dos quarenta conjurados )

                                 Antes das nove badaladas dos sinos da Sé,
                                 Já de madrugada armados, no Terreiro do Paço,
                                 Há Fidalgos em seus coches e outros de pé,
                                 Com o caminho traçado: Libertação ou galés.

                                 Castelhanos e Tudescos não são guardas de somenos
                                 Mas Miguel de Vasconcelos, ainda é mais odiado,
                                 Ganhou a raiva do povo, mas tal não lhe tira o sono,
                                 Nem às nove badaladas estaria já acordado.

                                Tardiamente prevenido pelo seu corregedor,
                                 Este ministro traidor, evoca outro ditador
                                 E nem se mostra apressado: “ César morreu sem temor
                                 A caminho do Senado”, mas logo se vai esconder

                                Num armário de madeira, onde será encontrado,
                                Felino encurralado, que segundo a lenda lavra,
                                Nem tempo tem de altercar, com a clavina empunhada,
                                Levou tiro nas goelas que lhe secou a palavra.

                                O atiraram pela janela os de Dom João Coutinho,
                                Para que o Povo visse bem, o que a todos mais traíra
                                E, pelo desprezo sofrido, o tratassem sem carinho,
                                Que curarem não podiam, porque já nada sentia.

                                Era o Secretário morto, suspeito de peculato
                                Com a Duquesa de Mântua e de mancebia, às vezes,
                                Ei-la ainda, equivocada, perguntando aos Portugueses:
                              “ Cadé vossa lealdade, qu’é isto que aqui se passa ?...”

                                 Como vos atreveis, tratar-me por Margarida,
                                 O meu nome é Vossa Alteza, falo por nosso Rei
                                 Dom Filipe, com o poder que por ele me foi concedido
                               - Enganais - vos, Vossa Alteza, já de saída Vós estais,

                                 - Nosso Rei é o Senhor Duque de Bragança, por sinal
                                   Está a chegar:   Viva Dom João IV de Portugal !
                                   Clama Dom Carlos de Noronha, mas ela o entende mal,
                                   Faz menção de ir à janela, ignorando o real.

                                -Tenho que ao Povo falar e minha Guarda chamar,
                                   Se não me quereis entender -  Mas sois vós, quem não quer ver,
                                    Que ou saís por aquela porta ou pela janela há de ser…
                                    E ela verga, humilhada, sai, vencida e sem poder.

                                     É Dom Carlos de Noronha quem acalmá-la tenta,
                                     Mas já só tem na ideia dar asas a toda a gente
                                     E gritar bem alto pelas ruas a Vitória dos Quarenta,
                                     Mas Dom Antão de Almada, quer assinatura urgente,

                                     Ela resiste, teimosa, ele a ameaça de morte,
                                     Reconsidera a Duquesa e a D. Luís del Campo
                                     Diz que se inscreva, com pena, o que lhe exige a má sorte,
                                     Praças e Castelos devolva, oficialmente e com estampa.

                                     E assim se queda a Duquesa, prisioneira no Palácio,
                                     O traidor desmascarado, jaz no chão, com seus pecados,
                                     E tudo nos é devolvido, para além do que foi roubado,
                                     Já da Sé sai Nicolau da Maia, Padre, do nosso lado,

                                     Em Procissão para louvar Portugal ressuscitado,
                                     Tocam os sinos de Lisboa, é um triunfo total,
                                     Hasteiam o signo real os Quarenta Conjurados:
                                     Liberdade ! Liberdade !, todos gritam por igual.

                                     Clama o Bispo de Lisboa também seu patriotismo,
                                     E, como lhe compete, exaltando o Crucifixo
                                     E mais bênçãos pedirá, pelo Senhor fará Baptismos,
                                     E outro prodígio haverá, tem-no como ideia fixa,

                                    Da qual pede confirmação ao próprio crucificado,
                                    E eis que este ergue o braço direito e a todos abençoa,
                                    Deixando o Povo prostrado em oração mui sentida,
                                    Que assim a lenda é ditada pelos crentes de Lisboa.

                                    Aos Quarenta Conjurados a História lhes deu valor
                                    E o Cristo crucificado abençoou o que fomos,
                                    Com o seu braço direito, mas sem voltar ao passado,
                                    Nos abençoe o outro lado, para estarmos melhor que estamos,
                                    Que, hoje pior é difícil e tanto não pediremos.

                                    Carlos A.N. Rodrigues, 18 / 05 / 2013

                                                       



LENDA DO BRAÇO LEVANTADO ( OU DOS QUARENTA CONJURADOS )
LENDA DO BRAÇO LEVANTADO ( OU DOS QUARENTA CONJURADOS )