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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cultura e Poesia Populares




Jangada Brasil, a cara e a alma brasileiras 
Victor Nogueira 4/11 às 21:35
A Jangada .... não é de Pedra mas do Brasil
Ab
VM
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 Carlos Rodrigues 5/11 às 12:15
Gostei muito desta Jangada Brasileira e popular, com muito trabalho de Antropologista e Etnólogo pelo meio. Fica-me o Baile de Augusto Saint Hilaire, a comparação de dois modos de vida e de duas classes, a das senhoras que tocam piano e falam Francês, em contraste com a escravidão da mulher do interior Brasileiro. Algo terá mudado, de então para cá, mas sempre insuficiente. O da Porca de Oliveira Hermes Gomes, dos contadores/cantadores espontâneos Nordestinos, com os seus desejos de queimar ps ricos no Fogo dos Infernos ter Jesus ao lado dos pobres e a sua conclusão final de Um homem não vive só, é preciso ser casado ( se não faz filhos em porca e tem filho parecido com ela/ele ?...), cheio de sabedoria popular, fez-me lembrar os nossos Poetas Barbeiros, Calafates e outros como o Carpinteiro, Joaquim Moreira da Silva, Cantador e Repentista ( para além de Anarquista ) que, muito embora Analfabeto até aos vinte anos, tem um Português obviamente melhor do que o dos Brasileiros e dizia coisas mais interessantes como:Nasce da larva nojenta /A borboleta formosa /Sai também da podridão /O lírio, o cravo e a rosa.
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Já para não falar do António Aleixo, que esse era outro número de Obra... Obrigado, gostei muito, Victor.
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Victor Nogueira 5/11 às 15:54
O Aleixo era um sábio. Na Câmara tínhamos 3 poetas populares, um deles repentista. Mas eram "pobres" e só tenho poemas dedicados a mim ou à minha filha Susana e livros dum deles autografados: o João Calceteiro, que com a idade passou a contínuo, pois batedor de maço, asfaltador e calceteiro são três profissões violentas! 
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O senhor Palma, que era o guarda do edifício onde eu trabalhava, deixava-me ler os poemas que escrevia, mas nunca me deu cópia nem mos deixou trazer para passar ao computador. Era um tipo muito delicado, com uma letra bonita, de contabilista, que nunca foi, e deixava-me recados na secretária que começavam "Senhor Dr Victor Nogueira" e continuavam numa linguagem doutros tempos: "Telefonou a senhora sua mãe mas não é nada de cuidado, era apenas para saber como estava o senhor doutor". E como eu o tinha entrevistado enquanto dirigente dos recursos humanos, entrevista da qual naturalmente não me lembrava, comentava-me sempre com reconhecimento mas sem subserviência: "Foi o senhor doutor que me entrevistou para eu entrar para a Câmara". 
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O repentista era o Matos, que nos almoços dos trabalhadores, em lhe dando ou não o mote, erguia-se e desfiava a poesia!
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E do Aleixo termino com uma das muitas pérolas, a essencial do que tudo ele escreveu:
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"A quadra tem pouco espaço
Mas eu fico satisfeito
Quando numa quadra faço
Alguma coisa com jeito."
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Abraço
VM
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Carlos Rodrigues 5/11 às 16:26
Houve muitos Poetas Populares e repentistas, hoje conhecidos normalmente pelas suas profissões, o Carlos dos Jornais ( Ardina ), o Barbeiro, Augusto Pires, o Calafate, António Maria Eusébio, o Chofer, o Ganhão, etc. e um António Vilar da Costa, de Lisboa, nascido em 1921, conhecido pelo CONTÍNUO, não sei se será este a que te referes, que muito escreveu para o Fado, sendo o mais conhecido " Ai Chico, Chico ", Fado Alegre, com música de Nobre de Sousa ( Ai, Chico,Chico do cachené ! Quem te viu antes / E quem te vê...
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Devo ainda ter por aí um livrinho de Fernando Cardoso exactamente sobre os POETAS POPULARES, muito interessante pelos comentários do Autor a cada um deles, apontando diferenças, defeitos e virtudes naturais e apontamentos biográficos. ( Tem pelo menos 3 edições ). Claro que o António Aleixo também lá está.
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Victor Nogueira 5/11 às 18:38
Nao, o contínuo não é esse. Tenho para aí vários volumes de poesia popular, designadamente do Alentejo, colectâneas ou de autor, entre as quais a do antologiador que referes. E tenho tb daqueles folhetos que os cegos vendiam no antigamente, quase todos do estilo "Ai, Maria, não me mates que sou a tua mãe".
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Uma vez na esplanada duma pastelaria contígua à Suiça, salvo erro "Irmãos Unidos", com esplanada para a Praça da Figueira, andava um poeta popular a vender livros dele como se de cautelas se tratasse. Então ele e a minha mãe à compita começaram a declamar poemas de cada um e acabei por lhe comprar um dos livros, que ele dedicou à minha filha Susana, não me lembro se em verso ou não, Está ali na secção de livros autografados pelo autor, da minha biblioteca
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Abraço
VM
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Victor Nogueira- 5/11 às 18:55
Em tempo - Deixo-te os endereços de O Fogareiro - Um Taxista em Lisboa http://ofogareiro.blogspot.com/, saborosíssimo, e dum poeta popular, José Manangão - Poesia no Popular http://poesianopopular.blogs.sapo.pt/
VM
ofogareiro.blogspot.com
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Carlos Rodrigues 5/11 às 19:49
Li com interesse as Crónicas do Taxista que fala de realidades que eu conheço muito bem, da velha Lisboa. Conheço o Adicense, a Sociedade, a Escola de Natação que foi, para muitos, na Doca do Jardim de Tabaco, onde por acaso nunca ninguém falou. no autêntico festival competitivo que era o chamado Pau de Cebo, subida que só verdadeiros atletas conseguiam completar. Claro que havia outras Sociedades Recreativas, A Boa União, dos meus primeiros namoros, um acabou em casamento, e bailaricos ( só se entrava de gravata e havia fiscais de comportamento na sala, vigiando os parzinhos mais atrevidos que eram logo chamados à Direcção e admoestados ), depois outra ainda mais elitista, a que a minha família mais frequentava, mas sem peneiras, o Lusitano Clube, obra de velho maçónico, o qual, respeitosamente, se tratava por Pai Carvalho, e, enfim, não havia droga nos Bairros, a droga era o vinho, como também se diz por aí. Hoje restam as Marchas, acho que, pelo menos em Alfama a Magalhães de Lima, ( outro Maçónico ) continua forte na Organização da Marcha, quase sempre vencedora, os Santos Populares valem por si só, mas nada é o que era. Depois há a outra parte das obras aprovadas pela Câmara há séculos que não mexem e outras que me tocam bem de perto, mas que não dá para falar sem me engasgar. Enfim, um dia falamos. Um abraço.
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Carlos Rodrigues 5/11 às 19:54 
Claro que também gostei do José Manangão. Mas mantenho algumas reservas quanto à Poesia Panfletária. Ou uma coisa ou outra, sem ofensa, às vezes também vou por aí, mas não por método. Realismo, realismo, panfletos à parte. Não deixo, porém, de concordar com tudo o que diz. E esta, hein ?
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Victor Nogueira 5/11 às 20:38
O Aleixo na sua aparente inocência é muito acutilante e subversivo. Não sei que poeta teria sido e que poesia teria escrito se não fosse analfabeto.
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"Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia. "
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Tantos colegas pobres que tive no ISESE e que agora são gente com vastos cifrões e cargos importantes, esquecidos da pobreza e dos pobres no meio dos quais nasceram !
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"Não sou esperto nem bruto,
nem bem nem mal educado:
sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado."
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1 comentário:

Ensino,religião e política. criticas. disse...

TRISTE PAISAGEM

Admirando a triste paisagem
Nos destroços nos entulhos
Que antes foi grande orgulho
De uma morada feliz
Hoje só restam farrapos
De cortinas com status
Nas ruínas do chafariz

Alguns anos lá no passado
Era uma morada feliz
Com flores toda enfeitada
Com perfume de jasmim
Hoje só restam escombros
Em meio a muitos assombros
Tudo teve o mesmo fim

Nossas vidas são como casas
Foram outrora deslumbrantes
Também foram cativantes
Já tivemos nossa emoção
Agora no fim da jornada
Com a beleza desmoronada
É bem triste a sensação
Da beleza só restam escombros
E o peso dos anos nos ombros
Que nos fere o coração.

Esta poesia foi extraída do livro Cônicas Indagações e Teorias, autor Paulo Luiz Mendonça.