a Domingo, 31 de Outubro de 2010 às 21:14
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GALOPE ( SEM ANTOLHOS )
Terra de viscos, risco rangendo lento
A aresta de um arado, incerto e frio,
Roço aquoso, em vez do chão onde fulgiu
O ferro, o bojo, a quilha de um navio
E tudo o que além de nós foi tanto:
História, intento, plectro, gesta quente,
Que mais do que és, tu foste e sempre, a tempo
De dobrares, ao fim e ao cabo, o vento,
Adamastor, que olhaste, bem de frente,
Mudando o mapa, para seres gente.
Urgente é enfrentar rigores, ao vivo,
Que o caminhar é o melhor caminho,
Quando não cede o passo ao ser mesquinho,
Que tece o lado fóssil do destino,
Nas pregas incoerentes do umbigo.
Fá-lo diferente e vem, irmão, amigo,
Dizer-me aquilo que nunca te disse,
Que o tempo é fero e a glória uma tolice,
Mas foras tu tão cego que o não visses,
Eu te daria a vista, por castigo.
E de olhos soltos de cabos da esperança,
Junto rasgaríamos nos sargaços,
O verde salgado do abraço,
Que alaga o caminho até ao espaço
De um sorriso novo de criança.
E, depois de adubarmos os membros,
Os braços, as pernas e os dentes,
Deixar crescer, olhando as fontes,
Uma alimária, sem freios, nem correntes
E cavalgar o tempo que perdemos.
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(...)
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Fotografias de Victor Nogueira
Terra de viscos, risco rangendo lento
A aresta de um arado, incerto e frio,
Roço aquoso, em vez do chão onde fulgiu
O ferro, o bojo, a quilha de um navio
E tudo o que além de nós foi tanto:
História, intento, plectro, gesta quente,
Que mais do que és, tu foste e sempre, a tempo
De dobrares, ao fim e ao cabo, o vento,
Adamastor, que olhaste, bem de frente,
Mudando o mapa, para seres gente.
Urgente é enfrentar rigores, ao vivo,
Que o caminhar é o melhor caminho,
Quando não cede o passo ao ser mesquinho,
Que tece o lado fóssil do destino,
Nas pregas incoerentes do umbigo.
Fá-lo diferente e vem, irmão, amigo,
Dizer-me aquilo que nunca te disse,
Que o tempo é fero e a glória uma tolice,
Mas foras tu tão cego que o não visses,
Eu te daria a vista, por castigo.
E de olhos soltos de cabos da esperança,
Junto rasgaríamos nos sargaços,
O verde salgado do abraço,
Que alaga o caminho até ao espaço
De um sorriso novo de criança.
E, depois de adubarmos os membros,
Os braços, as pernas e os dentes,
Deixar crescer, olhando as fontes,
Uma alimária, sem freios, nem correntes
E cavalgar o tempo que perdemos.
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Victor Nogueira - Grato pela presença atenta, retribuindo foto-graficamente para vários gostos :-)
Fotografias de Victor Nogueira
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