a Sábado, 27 de Novembro de 2010 às 17:53
“ E, AGORA, AUGUSTO ? “
Escutaste ou dormias,
Quando o ruído das Legiões vitoriosas,
Que ainda há pouco te aplaudiam, se apagou
E os louros de glórias passadas
Caíram, inúteis, sobre os teus pés de barro ?
Escutaste ou dormias,
Quando o rufar de outros tambores,
Reclamaram o fim da incerteza,
E o sentido uníssono das vozes,
Te negou o direito à surdez ?
Escutavas ou dormias,
Quando a ineficácia dos Senadores
Te incendiou de dúvidas e, corajosamente,
Uma ave humilde, de amplos propósitos, se ergueu,
Rasgando as chamas, de asas abertas
E cavalgou, sem freio, um alazão de alertas ?
Já então era tarde,
Para dormires descansado
Ou esperares, ainda, um Mensageiro,
De última hora
Que te salvasse do opróbrio.
Fingirás, ainda, a pose despreocupada
Dos seres eternos,
Evocando, em tua defesa, vitórias antigas,
Enquanto te empanturras de músicas estranhas
E deitas as novas Vestais da ambição
No sofá amarelado das promessas,
Com propostas gastas de ressurreição,
Inscritas em pautas, para Dueto ou Triunvirato,
Na desafinação caduca e austera, por que te reges.
E, enquanto a fome percorre as ruas,
Decretarás, em última instância,
A esperança obrigatória,
Nos Templos da memória.
Escutas ou dormes, Augusto ?
Levanta-te, antes que o Palácio desabe
E procura outro punhal de emergência;
Um que não abra feridas em mais ninguém,
Se não em ti próprio.
Já uma imensidão de lanças
Reclama a tua cabeça,
Não percas mais tempo
Com poses estudadas,
Todos sabem que estás por uma pena,
Só tu ainda não te apercebeste de que pouco mais és
Do que a sombra do que foste.
Estás nu, entre ruínas,
E é tão presente o teu passado,
Que quem vier depois de ti,
Há de repetir os mesmos erros epidémicos,
Como tu fizeste, com os que herdaste
Do Império.
Escutas ou dormes, Augusto ?
Acaso não sentes a voz dos ofendidos,
De Roma e de toda a parte ?
Ouve os telhados rangendo,
O clamor das pedras pisadas,
A terra, que um dia mandaste arar
E no outro entregaste aos Patrícios,
Fria, dolorida, abandonada,
Por que não há braços capazes de cultivar
A desesperança ou a fé no infortúnio,
Quando tudo lhes é roubado.
E, agora, Augusto,
César dos Magnânimos,
Senhor da incerteza,
Plantador de promessas,
Escolhe a tua sorte
Ou continua a dormir,
Sobre a glória de tudo o que não fizeste.
Já Brutus prepara a adaga final,
Nas tuas costas,
Não terás sequer tempo
De mudar a História,
Tentarás, se tanto, vender a alma,
Pela melhor oferta
Ou resolverás, teimosamente,
Defender o sono dos deuses,
Até à última gota do veneno,
Que tu próprio alimentaste.
E, agora, Augusto, Divi filius ?
C.R. ex improviso
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Victor Nogueira Li duma assentada tão bela e conseguida Imprecação contra César Augusto e descrição .... da maldade ! Mas se na Roma Imperial reinava a Paz dos Cemitérios e se incorporavam os costumes locais, na de hoje quer-se o Pensamento Único com formato de servidão e os traidores são bem pagos ! E não sei o que restará quando o magma irromper e cobrir tudo de lava incandescente e de cinzas !
há 13 minutos ·.
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Victor Nogueira Carlos - A Igreja de Santa Engrácia, agora Panteão Nacional Republicano, foi dada por terminada mas sem as torres sineiras do projecto inicial. Há outros Panteões: o dos Jerónimos (Lxa), misto, e outros reais e em mosteiros - o de S. Vcente de Fora, (Lxa), da Batalha, de Alcobaça e de Santa Cruz (Coimbra), sem falar na Igreja do Mosteiro de Santa Clara a Velha (Coimbra)
Segunda-feira às 22:42 ·
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Carlos Rodrigues
Bom dia, Victor, primeiro obrigado pela achega sobre os diversos Panteões Nacionais, pois realmente eu sabia, sem ter a certeza, que outros existiam, para além do de Santa Engrácia e o de S. Vicente de fora, na Capital. Não me recordava dos... outros, não menos importantes na Batalha, em Alcobaça e em Coimbra. Aqui fica a correcção.
. Quanto ao Augusto, acho que todos nós continuamos sentados sobre as heranças de Roma,ainda que alguma coisa pudessemos ter aprendido, pelo menos sobre Direito ( algo primitivo, mas um grande avanço para o tempo ) e Justiça,mas o que melhor assimilámos, parece ter sido a vocação incendiária e os golpes à traição. Acho que nos deixámos adormecer, como em Pisa, no sopé do vulcão e cristalizámos as ideias, atentos espectadores de arsenistas e ruínas. Saudemos, mesmo assim, os poucos que ainda não se deixaram petrificar ou entregar ao Augustiainismo e ao Pensamento único formatado. Um abraço.
há 13 horas ·
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Victor Nogueira Uma pesquisa levou-me a concluir que são apenas considerados Panteões Nacionais os de Santa Engrácia, e o da Igreja do antigo Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Os restantes embora funcionem como panteões, não têm essa qualidade. Um rei português - D. Pedro IV - está sepultado no Brasil, dele se conservando o coração na Igreja da Lapa no Porto e da Dinastia de Bragança D. Maria I não está em S. Vicente de Fora mas na Basílica da Estrela, em Lisboa.
há 2 segundos · .
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