“ CANÇÃO DO RIO SECO “
Por lá já haviam passado
Fenícios, Celtas e Gregos,
Romanos e Visigodos,
Que cada Povo, a seu modo,
No Algarve meteu prego,
Mouro seria o mais notado,
Por seu garbo, não o nego.
Mais tarde chegam Cristãos,
E entre eles está Joana,
A qual, a lenda em questão,
Diz ter como ocupação,
Várias manhãs por semana,
Lavar no rio roupa à mão,
E cantar as suas penas.
Perto de Haron, leva a crer,
Que Farão e Faro deu,
Ora cumpre imaginar
Uma água clara a correr,
Se Rio Seco lhe sucedeu
Tem margem para acontecer,
E decerto alguém o viu.
Por aí há que seguir,
Pois um dia aconteceu
Estar Joaninha a esfregar,
Para alguma roupa entregar,
Mouro nas costas ouviu
Dizer: Contigo hei de casar,
E ela à magia se deu.
O que a sua mãe aborreceu:
- Tu ficaste louca,moça ?
Dizes que um infiel te deu,
Debaixo de um outro céu,
Um anel à beira do poço ?
Bom… se é certo que tem de seu…
Mas será de carne e osso ?
Tens de tirar isso a limpo,
Fá-lo jurar por esta cruz
Que se casa para sempre;
Joana não perde tempo,
De manhã logo assim faz:
- Se quer casar como disse,
Há de o jurar por esta cruz.
- Gosto de ti, não sentiste ?
- Jura lá pelo crucifixo,
( Ele recua e ela insiste ),
Já vejo que me enganaste,
Mas se não juras nem existes,
Tira-me esta ideia fixa,
Cuido que me seduziste,
Podes ser Mouro encantado…
Só então ela dá conta:
Está de costas no relvado ,
P’la cruz ele jura deitado,
Mas ai… que um trovão se escuta,
Cai um raio no noivado,
Joana fica viúva
Mesmo antes de casada.
- Foi-se o Mouro, minha mãe,
Deixou- me, mas sem vontade,
Ou com a verdade sonhei,
Que nunca cantei tão bem,
Ora fico encantonada;
Cantarás para os de Estói,
Como soe, meia verdade:
Cuidando do meu cuidado,
Fui ao rio para lavar;
Mas logo um mouro encantado
Apareceu a meu lado
Para comigo casar,
Mas porque é mouro encantado
Cristã não pode levar.
Carlos A.N. Rodrigues, 20 / 04 / 2013
Por lá já haviam passado
Fenícios, Celtas e Gregos,
Romanos e Visigodos,
Que cada Povo, a seu modo,
No Algarve meteu prego,
Mouro seria o mais notado,
Por seu garbo, não o nego.
Mais tarde chegam Cristãos,
E entre eles está Joana,
A qual, a lenda em questão,
Diz ter como ocupação,
Várias manhãs por semana,
Lavar no rio roupa à mão,
E cantar as suas penas.
Perto de Haron, leva a crer,
Que Farão e Faro deu,
Ora cumpre imaginar
Uma água clara a correr,
Se Rio Seco lhe sucedeu
Tem margem para acontecer,
E decerto alguém o viu.
Por aí há que seguir,
Pois um dia aconteceu
Estar Joaninha a esfregar,
Para alguma roupa entregar,
Mouro nas costas ouviu
Dizer: Contigo hei de casar,
E ela à magia se deu.
O que a sua mãe aborreceu:
- Tu ficaste louca,moça ?
Dizes que um infiel te deu,
Debaixo de um outro céu,
Um anel à beira do poço ?
Bom… se é certo que tem de seu…
Mas será de carne e osso ?
Tens de tirar isso a limpo,
Fá-lo jurar por esta cruz
Que se casa para sempre;
Joana não perde tempo,
De manhã logo assim faz:
- Se quer casar como disse,
Há de o jurar por esta cruz.
- Gosto de ti, não sentiste ?
- Jura lá pelo crucifixo,
( Ele recua e ela insiste ),
Já vejo que me enganaste,
Mas se não juras nem existes,
Tira-me esta ideia fixa,
Cuido que me seduziste,
Podes ser Mouro encantado…
Só então ela dá conta:
Está de costas no relvado ,
P’la cruz ele jura deitado,
Mas ai… que um trovão se escuta,
Cai um raio no noivado,
Joana fica viúva
Mesmo antes de casada.
- Foi-se o Mouro, minha mãe,
Deixou- me, mas sem vontade,
Ou com a verdade sonhei,
Que nunca cantei tão bem,
Ora fico encantonada;
Cantarás para os de Estói,
Como soe, meia verdade:
Cuidando do meu cuidado,
Fui ao rio para lavar;
Mas logo um mouro encantado
Apareceu a meu lado
Para comigo casar,
Mas porque é mouro encantado
Cristã não pode levar.
Carlos A.N. Rodrigues, 20 / 04 / 2013
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