“ BIS – XARADA “
Condensam - me na vidraça mil promessas de luar,
Só vejo cinzentos pardos e entre os toscos da visão
Há um poldro de cortesias, com antolhos no olhar,
E um rato de cerimónias beija uma rata na mão.
Não é chuva o que me turva, é esta náusea dos bichos,
É a mula que recua e a esperança desatrela,
É a carroça que não arranca, são os caixotes do lixo,
São os gobos da calçada, são os lobos nas canelas,
São atrasos, são artroses, são desgastes na amurada,
São as arestas do chão, são os cerdos do mercado,
Mais os buracos na estrada e é sempre o mesmo que os paga,
Que de resto vamos andando, até já nem sinto nada.
Vem o vento e assobia, já o faz até de ouvido,
É uma forma de luta, não o digo por chacota:
Para os garganeiros domar, há muito som repartido,
A palavra sem garrotes, tem mais força que o chicote.
Carlos A.N. Rodrigues, 06 / 12 / 2012
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