a Terça-feira, 27 de Dezembro de 2011 às 17:46
Num furor de estrelas, estilhaçados vidros,
O céu arrisca o dia.
O mar, de tão quieto,
Ganha um tédio azul.
Por detrás, o monte, num ensonado não banal,
Perde o sorriso dos tons de verde.
Em volta, uma corda de silêncio sublime e
Os ouvidos adivinham uma espiral de vontades envelhecidas.
Nós, os loucos
Não vemos sinais de alerta,
Tal como aos surdos escapm as consoantes.
Lá fora a chuva miudinha
Não vandaliza o empedrado
Mas, por uma questão de princípio,
Um transeunte corre,
Abre o guarda-chuva
E, num ritmo de bem-querer,
Entra na loja em frente.
Depois, sai para a urgência do lusco-fusco.
Numa mão, com os dedos enraivecidos
Prende o guarda-chuva,
Na outra, mão apaixonada, três gladíolos.
Eu, saudosa de palavras indizíveis,
Apago a lua
E acendo esta viagem feita à pressa
Para ganhar saudades.
Clara Roque Esteves ( Funchal, Dezembro de 2011)
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