Jorgete Teixeira ~ É domingo

Maria Jorgete Teixeira

• É domingo e desço de novo ao rio, de onde bebo as palavras que alimentam os meus dias, com elas moldo contas de um rosário, em carreirinhas, numa teia de sentidos, recantos da alma misturados com pedaços de paisagem, o movimento dos barcos à procura de cais, asas que passam serenas no azul rarefeito do céu…

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  Na margem esquerda da minha vida há um rio de mágoa e de esperança, estendo o braço a tentar agarrar o sonho que me foge e se perde num tempo que passa sem me ver.

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  Inebrio-me de luz, afogo-me nas águas que me trazem ecos da cidade distante.

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  O casario inundado da mágica luz de Inverno guarda histórias de gente que não conheço. Lá longe estará alguém que chora, alguém que nasce, alguém que morre sozinho…

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  Deixo-me ficar do outro lado do rio, do outro lado da vida, sem que uma aragem me perturbe, deixo-me ficar no limbo dos sentidos, no purgatório da alma…

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  Deixo-me ficar na outra margem do tempo, esperando que a vida por mim passe sem me magoar…

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  MJT