Carmen Montesino partilhou a foto de Kovács Jocó.
Segunda-feira
Boa semana, Victor :)
"A good painting to me has always been like a friend. It keeps me company, comforts and inspires."
- Hedy Lamarr
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Gostas disto.
Victor Nogueira Bjos meus, Carmen, retribuindo com ... Gedeão, aliás, Rómulo de Carvalho :-)*
Poema da auto-estrada
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
Leva calções de pirata,
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio nao é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pelo cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
Como rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demonio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa de lambreta.
in "Máquina de Fogo", 1961
Segunda-feira às 23:21 · Gosto · 3
Carmen Montesino Belo, Victor! Quando li este poema no Secundário, a parte que me ficou para sempre foi: fuge, fuge Leonoreta, vai na brasa de lambreta, ahahah :))) Beijinhos, querido amigo!
Segunda-feira às 23:32 · Não gosto · 1
Carmen Montesino E olha que tinha sido uma otima ilustração para a pintura!!!
Segunda-feira às 23:34 · Não gosto · 1
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