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terça-feira, 3 de abril de 2012

Antunes Ferreira - Uma gralha na varanda

Na TRAVESSA
Tiro liro liro
Regressados (e muito cansados de nada fazer, excepto cómidas e bóbidas) da praia de Colva, com nove dias em caldo de carne, isto é, água do Índico a 29º, acabo de publicar um testículo, com x, intitulado Tiro liro liro. Já saíra no Sorumbático e no Sexo Forte... mas o tempo não dá para mais... Mas é uma versão corrigida, ampliada e desengraçada. É o que se pode arranjar...

Henrique Antunes Ferreira





UMA GRALHA 
NA VARANDA 

Tiro liro liro

Antunes Ferreira
Palavra de honra que nem o escriba queria acreditar, mas acontecera. Conta-se, sem necessidade de tradução. Se vos custar a crer bem podem encolher os ombros; mas, aconteceu e pode o mesmo escriba assegurar que o espanto foi seu e, obviamente da Raquel. Esta terra tem preciosidades que nunca o escriba poderia imaginar, não fora o caso de as ter visto e ouvido.

O Caso do Tiro liro liro Inopinado nem sequer teria sido assinado por Mr. Erle Stanley Gardner, porque não tem mistério, assassínio, muito menos julgamento empolgante, para não falar de Miss Della Street e de Mr. Paul Drake. Desculpem se o escriba se meteu por caminhos ínvios, não pode nem deve deixar-se levar pela imaginação e meter ao barulho romances policiais. Donde, deixe-se o escriba de frioleiras e, por conseguinte, volte ao ocorrido. Se assim não for, o terrível Minotauro e o labirinto serão meros mitos desrazoados e acéfalos.

 Tínhamos ido a Pangim para a cara-metade do escriba fazer umas compras, encontrar umas pulseiras tipo semana (um conjunto de sete aros mas todos separados) destinadas a ofertas, apreçar uns tecidos para o mesmíssimo efeito e mais mas quantas diligências concomitantes. Para tal contava – e contou – com a Dr.ª Ângela, médica, prestimosa esposa do Dr. José (Zico) Gracias Menezes, igualmente clínico, companheira da Raquel nos sete anos do então Liceu Nacional Afonso de Albuquerque. Ao casal já o escriba se referira em textos que escrevera há cinco e há dois anos. Um encanto.

Enquanto as senhoras saíram para chopar(neologismo que acabo de criar, ou seja fazer shopping, estão a ver, obviamente sem ter em conta o Acordo Ortográfico), o Zico e o escriba ficaram a conversar sobre o nosso Sporting. Perdoe-se o escriba, ele crê que já o terá dito, mas o motivo da quiçá repetição é justíssimo: o ilustre hipocrático é um leão de corpo inteiro, especialista em madrugadas a ver os jogos dos nossos que a RTPI transmite. Magnífico cidadão, portanto.

Perguntarão os que ainda fazem o obséquio de seguir estas linhas desconchavadas onde raio é entra o tiro liro liro do título. Já lá vamos. Tem o escriba de seguir o caminho que entende ser o mais completo possível, e lá se chegará, em tempo. As Donas foram-se atrasando, que nestas coisas de mercas desrespeitar o decurso do tempo é condição sine quanon. Por isso a charla virou-se para o novo Governo local chefiado pelo Shri (Senhor) Parrikar e para a necessidade de limpar o território. Todas as moedas têm duas faces. Este caso da insanidade pública está a transformar Goa numa lixeira por toda a parte.

O lixo ... as vacas
Já o escriba neste blogue contou de três coisas menos boas por estas bandas, mas repete-as: a corrupção, as muitas minas ilegais e o lixo. Em paralelo com a enorme diferença entre os muito ricos e os muitos pobres. Há outras, esta terra não é o Paraíso, dizem que já o foi; mas, comparado com o que temos pelo triste e desanimado Portugal que espera pelo casal Ferreira, é ainda uma maravilha. As novas que nos chegam de Lisboa são assustadoras. E PPC até diz que tem sido «o lombo» dos tugas a pagar, mas há que aguentar. Um exemplo do é preciso sofrer cá na terra para se ganhar o céu. Nunca o escriba conseguirá entender esta dicotomia contraditória. Sina danada.

O escriba já voltou a descarrilar. Tem de meter os travões a fundo, porque desta maneira desgarrada não conseguirá terminar o escrito. Regressaram as compradoras, acabou a conversa, já era tarde para cá, rondavam as oito da noite. Vá de tomar um táxi para se voltar a Mapusa. Os 16 quilómetros custam… 350 rupias. Recorde-se que um euro anda à volta das 65. O condutor era um goês bem-disposto, o que, de resto é facílimo de encontrar. Chamava-se Ajay. Hindu.
Ganda táxi!

Foi uma viagem muito agradável. O homem falava inglês e fazia comentários com muita graça e oportunos, de resposta pronta na ponta da língua. Desde as considerações sobre a política e o descrédito da esmagadora maioria dos que a exercem, até às pontes. Porquê? Porque para ele as do «tempo dos portugueses» são estreitas, mas não caem. Agora, se duram dez anos é uma festa… Exagero manifesto. Dele.

Voltam as gargalhadas e o escriba pergunta-lhe se sabe alguma coisa de Português. Respondeu: olá, como está? E de seguida, bom dia, boa noite, muito obrigado, Cristiano Ronaldo, Mourinho. O pai era secretário das Finanças, falava a nossa língua, a mãe, não, mas ele, já depois da libertação, muito miúdo aprendera com o progenitor umas palavras e umas frases. E, de repente, disse que se lembrava de uma cantiga: lá em cima… E o escriba respondeu: está o tiro liro liro. Até a música o Ajay sabia. Acabámos em coro com um sonoro: cá em baixo está o tiro liro ló, juntaram-se os dois à esquina, a tocar a concertina e a dançar o solidó.
Lá em cima está o tiro liro liro

E ele tirou as mãos do volante para fingir que tocava o acordeão. No meio do trânsito louco, nem foi motivo de cagaço, tão-só, de galhofa com imensos decibéis. E foi a Raquel que, do banco de trás, recomendou atenção. Ao que o inspirado e afinado dueto não ligou peva.




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