Fragmentos
por Maria Clara Roque Esteves a Domingo, 6 de Novembro de 2011 às 0:24
Fragmentos
Num imenso espaço de tempo
Construí rios e
Cumpri sonhos de espumas.
Olhos abertos
Permiti-me ternura (sem regateio nem trocas)
Alcançando sempre o último ponto.
Um dia,
Ao encontro de outras albas
Parti para o futuro
Por mares de brilho afogueados.
Insaciável, a Vida surpreendeu-me…
Hoje as palavras não têm ar
Os sonhos queimam-me
E os cânticos apagam-se
Em horas fora do tempo.
Já vi nascer o sol no mar do Guincho
Numa incursão de ternura e de alegria culpada;
Encontrei na Aurora de Nietzsche
Um doce poema de amor
( palavras de ternura que enobrecem a alma);
E no fim de uma tarde cinicamente ventosa
Li um coração a bater como louco,
Expectante, esperançoso,
Oferecendo ao amor e ao mundo
Uns verdes campos retalhados
E ondas que as rochas devolviam ao mar.
À minha revelia, empurraram
Despojos de um naufrágio demolidor
Que em névoa abatida e memórias de amor e cinza
Se enterraram ao meu lado como se eu fora caixa forte.
Da história não sei nada…
Clara Roque Esteves ( 2009)
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