a Quarta-feira, 8 de Dezembro de 2010 às 21:21
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“ O BRANCO E A VOZ “Tem muito que se lhe diga
O dizer que a nada obriga,
Quando neutro se diz ser,
Sem esperar resposta alguma,
É leve, desfaz-se em bruma,
Nem diz o que quer dizer.
Face ao mar perdeu a cor,
Disfarçou, falou de amor,
Disse vaga, nem a viu,
E na areia escreveu Paz,
Sem sol, foi branca raiz
E até o mundo esqueceu.
Diz que a guerra é mal da terra,
E o bem o cristal que a encerra,
Sem culpa de coisa alguma,
Pois a luz engendra a glória
De incontestáveis vitórias
De seda, algodão e espuma.
E, assim, neste tudo – nada,
O dizer camuflado,
Traz um florete à presilha,
E num esgrimir , mal pensado,
O caçador é caçado,
Na sua própria armadilha.
Passivos são Letra morta,
Lanças brancas, setas pretas,
Que nos trespassam subtis,
Sem um motivo aparente,
Palavras somos a gente,
Mas isso o neutro não diz.
Não há asas lisas em nós,
Nem inocência na voz,
Que nos branqueie o Presente;
O que falta é ser intenso,
É movimento e bom senso,
Nem neutro, nem inocente.
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