Sexta-feira, 8 de Outubro de 2010 às 22:09
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Na minha vida as lembranças são aves voando em inundação de nuvens.
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De quando em vez algo me bate na porta sem explicações: Drama de faca e alguidar? Assunto de novela? Há de tudo…
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Almofado o espanto no peito, foco-me no meu melhor amigo e exalo serenidades enquanto factos se me cruzam na cabeça. Aos poucos, retiro explicações aos pássaros e encosto a cabeça no seu ombro. Não estou no cinema mas (re) vejo um filme ladainhado sem turnos, com uma periodicidade caprichosa.
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Hoje, o meu amigo cheira a ontem, e, assim mesmo, tudo pode acontecer: ganhar ou perder as gotinhas de chuva do dia seguinte.
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Alguém soletra, outra vez, o meu nome. Olho a janela. Os pingos são iguais uns aos outros. Penso que a chuva é a única coisa não dispendiosa e que dela apenas me sobrevêm lembranças quentes. Um pingo na vidraça é lágrima desnuda, carícia de homem delicadamente doce. E guardo-a, bordando a minha vaidade sem procura de nomes.
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Quando secarem as poças de água na rua renasço a minha paciência e ordeno que é a minha vez de existir. Apresento-me ao mundo geneticamente transformada e ( re) penso que há gente persistentemente chata.
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Irra! Eu não sou santa, não abdico da vida (por enquanto), mas sempre que a criatura deixa cair um pingo, decepa a calma, amachuca os nervos e mancha a memória (i) maculada deste território. É chata!
Clara Roque Esteves (Setembro de 2010
. Victor Nogueira Gosto do que escreveste e li. E também da foto do Eduardo Martins :-) Bjo
há 4 minutos ·
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Maria Clara Roque Esteves Muito obrigada! És um simpático amigo. Ambos agradecemos. Bjo e abraço!
há 2 minutos ·
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