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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Carlos Rodrigues - " SOL E DÓ "

31 de Julho de 2013 às 14:40
                                                         “ SOL – E – DÓ “

                                       Numa noite perversa acordei vi tordos,
                                       Na janela em frente, coisa mais bizarra,
                                       Eu vi o Magriço  tocando  guitarra,
                                       Uma gata preta lhe vibrava as cordas.

                                      O fundo do canto era electrizante,
                                      Mas por trás dos acordes, Alexandrinos,
                                      Uma  voz lancinante, com laivos de sino,
                                      Como um dó de peito, de efeito raro,

                                      Acordava as aves na Rua da Esperança
                                       E as rosas, no Parque, escutavam, caladas,
                                       Cravos esperados, na berma da estrada,
                                       Despertavam vasos na nossa lembrança.

                                       Fumei dois cigarros, esfumei  o olhar,
                                       Com o mar tão perto, não há horas desertas,
                                       A maré subia, p’la muralha incerta,
                                       Icei-me no tempo, murei-me ao cantar.

                                        Esfreguei os olhos, não arredei pé,
                                        Compus as ramagens da manhã, em franjas,
                                        Vi o sol perdido, em sumos laranja,
                                        E o Magriço sentado, à porta do Café.

                                        Disse, Bom dia, amigo, ‘ inda está fechado…
                                        E ele resmungou –  Você dorme acordado ?
                                        Está-se a meter onde não é chamado…
                                        E, ainda por cima, não entende o Fado…

                                         Vi-o, na varanda, estava agoniado ?...
                                         A minha gata, p’ra si,  tem altos demais ?...
                                         A minha tiorba importuna os seus Jograis ?
                                         À hora da ceia, já  estava deitado ?...

                                         Vocês, os burgueses, são todos iguais…
                                         Desculpe lá, vizinho, eu ando cansado,
                                         Mas se lhe apraz  o canto, do nosso lado,
                                         Por acaso tem aí um cigarrinho a mais ?


                                          Carlos A.N. Rodrigues, 1 / 08 / 2013


" SOL-E-DÓ "
" SOL-E-DÓ "


  • Flora Vasconcelos Nós , os burgueses , somos todos iguais : vamos ao Café , lemos os jornais , sentimo-nos grandes intelectuais , mas feitas as contas não sabemos mais . Choramos o fado em acordes finais , chamamos à sorte milho pra pardais , deitamos o lixo nos outros quintais , quando o caldo entorna damos aos pedais . E tiraste-me o fôlego com tantos ais . Jinhos .
  • Zé Troia Vaz Fragoso A rua da Esperança é uma autentica sala de estar meados do século passado numa Lisboa saudosa onde existiam as velhas tabernas de vinho a copo,de acolhimento informal e duns fadunchos arrancados a amadores,divertidos,revivalistas e caprichosos.E a boa petiscaria,por vezes ainda a fumegar.Coisas de encantar do meu antigamente,estudante em Lisboa e notívago curioso.Que dizer de um empadão de codorniz com alheira e tâmaras.E para finalizar ''o abade de Priscos '',mas o genuino.Vamos nessa amigo Carlos..
  • Quim Cigano Ganda Carlos,ta fenomenal e da pra cantar em fado.
  • Carlos Rodrigues Boa tarde, Glorinha, viste no Timeline, não foi, mas acho que também te fiz Tag nas Notas, ando sempre embrulhado. Obrigado, Beijinhos e um abraço a todos.
  • Carlos Rodrigues Florinha, em vias de extinção pode não estar o Burguês / Mas pelo sim, pelo não vê lá como é qu' estão / os teus feijões e o grão / com que compras os melões / que mais tarde ou mais cedo / o mais certo é que de modo vário / com classe ou sem ela / tenham os sem medo / de voltar à Reforma Agrária ! Eu sou como são aqueles que trabalham / têm dores de cabeças / não dão urros, nem ais/ que para para trás mija a burra / mas sabes que mais / podes deitar o lixo do teu quintal / no milho dos usurários / que são uns ordinários / sem classe alguma / e ainda menos obra / Já nesta música falei em tiara, não tem nada a ver / ou até talvez tenha / mas eu queria queria dizer uma tiorba tamanha / que os ensurdecesse. Não chores por mim que sou proletário / Às vezes otário / Mas não dês mais ais / Vai pela Esperança e leva a minha cruz até ao Calvário ! Beijinhoe e até mais ver, Flor do Agreste.
  • Carlos Rodrigues Amigo Zé Tróia a Esperança é tudo isso e mais CARACÓIS, claro que há outro estilo mais Palaciano ( Presidentes para aí moraram ) e Restaurantes de comer e chorar por mais. O Fado, esse, está em todo o lado, bem enraizado, há do bom e do mau. Mas este Magriço, hoje já não tem lanças, tem tiorba e gatas na corda bamba, mas ´é bom rapaz e a Liça continua, muito embora o Fado seja mais dado ao Alexandrino, aqui retratado, por graça com viola eléctrica e muito ruído em noite perversa, mas manhã esclarecida. Obrigado, Grande Abraço.
  • Carlos Rodrigues É isso mesmo, Amigo Ventura, mas temos muita gente capaz de fazer e bem a simbiose do antigo e do moderno. Eu confesso não sou fadista estático, mas Amália houve uma só e também cantou bons Poemas de grandes Poetas,Camões, Davis Mourão Ferreira,Carlos Ari dos Santos e tantos outros, o que na altura jera já uma revolução no Fado, mas é claro que não era acompanhado à viola eléctrica. O Fado vadio, onde ainda se canta Marceneiro, entre shots, cerveja e vinho tinto, é uma realidade, são dois mundos que se alternam e às vezes interceptam. Os Magriços de antigamente existem, como existe uma Marisa, para não mencionar mais dos que, modernamente, internacionalizaram o Fado. Mas o " malcriado, avinhado e mal comportado fadista, é que é, realmente, o de raíz ".
    1/8 às 11:42 · Gosto · 1


  • Victor Nogueira Cheguei, Carlos Rodrigues, mas 

    Com silêncio ou não, é tempo do fado
    naifa bem afiada, na viela
    a fadista, guitarra lado a lado,
    o carlos poetando leve, à janela.

    Do Magriço a Severa vai pintando
    com Malhoa a tasca da Esp'rança
    Junto à doca, pé no cais, musicando
    desnoitando os burgueses de pança!

    Abraço 

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