“ AMORFOS E METAMÓRFICOS “
Descem ao povoado os Tragicómicos
Restaurando velhos hábitos
Com penas de pavão floretes de dois gumes
E muito jogo de cintura
Assim celebram os rituais da reconciliação
Perpetuando as máscaras em esgares conhecidos
Agitam os mutantes de forma inequívoca
A importância da ilusão redentora
Mantêm as aparências e afinam os tons
Reavivando os guizos da Confraria
E ostentando amuletos globalmente bem vistos
Chocalham palavras de conforto sobre o umbigo
De virtuosas Sacerdotisas tatuadas pelo hálito
Festivo de muitos carnavais enquanto os actores
Se aplaudem mutuamente
No palco criteriosamente escolhido
Para o sacrifício dos inocentes.
Na bancada dos curandeiros vendem-se mezinhas
Para a paz interior excomunga – se a Galeria
E preparam-se decretos de água benta
Para matar a sede de verdade dos infiéis.
Digam o que disserem o vírus propaga-se
De forma directamente proporcional
Ao esforço destrutivo dos seus emissores
A intimidação é contagiosa
E o ambiente propício ao mistério
Sendo que ninguém se deverá abster
Do processo de transformação em curso
Para que o Corso carnavalesco
Prossiga sem incidentes a caminho do nada absoluto
Há sobretudo que evitar manifestações de sangue quente
Que possam de algum modo prejudicar
A sacra intenção dos mascarados
De iludirem o maior número possível de crentes.
É no entanto expectável que seres de estatura isenta
Vacinados contra a possibilidade da praga alastrar
Cheguem a tomar medidas desesperadas
Pintando nas portas um manguito
Para salvar os seus primogénitos
Da conversão às teses da Confraria
Defendendo – os da força oculta que se move
Entre o Carnaval e a Realidade
E desmistificando em definitivo a ideia
De que o Povo só existe por via dos Caretos.
Carlos A. N. Rodrigues, 12 / 07 / 2013
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