* Victor Nogueira
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Não esquecer de assistir aqui à Abertura solene do Convívio do Tempo, Estação, Mudança e Memória. Basta carregar na hiperligação atrás.
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O 25 de Dezembro «coincide» com o solstício de inverno, tempo de festas pagãs, que a Igreja Católica pretendeu cristianizar ou «santificar» fixando para esse dia o Natal ou dia do nascimento de Cristo. E essa data e este significado foram-se impondo ao longo dos tempos e alargando a sua área de influência. É apresentado como tempo de frio, cinzento, talvez lamacento, de neve e desconforto para a maioria. Mas será assim esse dia em todo o Mundo? Claro que não. No hemisfério sul, é tempo de calor intenso, de céu límpido. E no entanto alguns de nós, nos trópicos, púnhamos na árvore de natal ou no presépio flocos de algodão em rama como se de neve se tratasse, antes de se comercializarem umas latas de spray branco. A sul, nas zonas equatoriais e tropicais, desconhecia-se o que era neve.
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Mas esse dia marca o nascimento de Emanuel ou Jesus Cristo, «venerado» em cada uma de três religiões monoteístas, cada uma das quais se arroga de ser a Verdadeira – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. E no entanto, Cristo é um simples profeta para os Judeus e os Maometanos, enquanto para os Cristãos ele é o Messias, o filho de Deus feito homem.
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Mas mesmo o Cristianismo se foi dividindo, deixando de ser uma religião que proclamava a igualdade, a justiça e a solidariedade entre os homens, religião de escravos e deserdados da sorte, para se subdividir ao interesse dos poderosos e dos senhores do dinheiro, transformando-se de religião de liberdade e consciência em religião de opressão e alienação. O menino Jesus e o presépio transformaram-se no Pai Natal, um simpático e bonacheirão velhote de barba branca e vestido, ironicamente, de vermelho, que é também a cor da Revolução contra o capitalismo para o qual tudo se compra e se vende, incluindo armas letais, sentado num trenó puxado por renas, meio de transporte e simpático animal desconhecido no hemisfério sul.
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O solstício de inverno marca a passagem duma estação – o Outono – para outra – o inverno, mas apenas no Hemisfério Norte. Assim, o próprio conceito de Estações do ano origina seguramente sabores, memórias e registos diferentes. Tal como as Estações dos Caminhos de Ferro ou dos Metropolitanos ou as «mudas» no tempo das diligências e da mala posta ou do poney express.
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Mas a própria história regista mudanças mais ou menos radicais. Em Portugal, o 5 de Outubro marca a passagem do regime monárquico para o republicano. 1º de Dezembro a «reconquista» da «independência» de Portugal em 1640, face à ocupação pelo Reino de Castela em 1580. O 25 de Novembro de 1975 «marca» o fim da «utopia», do «sonho», das portas e janelas e do poder na rua que um outro 25, mas de Abril de 1974, o da Revolução dos Cravos (1) parecia ter aberto de vez para os deserdados da terra e para aqueles que comem o pão que o Diabo amassou. 0 4 de Fevereiro em Portugal é um dia como outro qualquer, mas em Angola marca o inicio da guerra pala independência em 1961, sequência duma luta contra o ocupante estrangeiro iniciada séculos antes. E que sucedeu em 27 de Dezembro de 1703? É a data da assinatura do Tratado de Methwen, que atrasou a industrialização portuguesa a favor da Grâ Bretanha, de que Portugal se tornou de facto uma «colónia», pese embora tal atraso no desenvolvimento do espírito capitalista remontar à expulsão dos judeus de Portugal e às perseguições da Inquisição.
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Em 11 de Setembro de 1973, um golpe militar e fascista liderado pelo catolicíssimo e perjúro Augusto Pinochet derrubou a ordem socialista legal e democraticamente sufragada pelo voto popular num Chile presidido pelo socialista Salvador Allende, iniciando assim uma época de terror, perseguição, miséria e sangue, apoiada pela «democracia» dos Estados Unidos da América, acabando por morrer sem prestar contas dos seus crimes e possivelmente abençoado e perdoado por uma extrema-unção católica que ele não permitiu a quem por ele tivesse sido perseguido e encerrado nos curros da morte, por serem para ele, seus apoiantes e sequazes, não filhos de Deus mas enviados do Demónio, a quem a Graça de Deus dificílmente será concedida pelas ordenações do Vaticano.
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Mas é também neste tempo cronológico que se verifica a Revolução de Outubro, ocorrida em Novembro, numa Rússia onde ainda predominava a autocracia, o regime de servidão e a indústria era incipiente. Revolução que teve efeitos em todo o mundo durante o século XX, tanto ou mais profundos que as Revoluções Industrial na Inglaterra, a Francesa ou a que esteve na origem dos actuais Estados Unidos da América.
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Noutros países outras datas significativas, do ponto de vista pessoal ou colectivo, actual ou pretérito, poderão ser consideradas para este convívio.
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O dia 1 de Novembro é o Dia de Todos os Santos , para os católicos, especialmente para os que morreram na Graça de Deus, para além de todos aqueles que a Igreja Católica tem considerado deverem ter honra de altares, mesmo que entre eles se encontrem «almas» controversas como Santiago, o Mata-Mouros, Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador da Opus Dei ou padres católicos que alinharam pelas hostes fascistas, contra-revolucionárias e sanguinárias de Franco, mas não aqueles que alinharam pela «Ordem Democrática e Republicana» sufragada pelo povo nas eleições. Mas 1 de Novembro em Portugal é uma data histórica também porque em 1755 ocorreu o terramoto de Lisboa que destruiu muitas outras vilas e povoações, como Setúbal, mas permitiu ao Marquês de Pombal e Conde de Oeiras reconstruir a baixa lisboeta ou a Lisboa Pombalina de acordo com os princípios urbanísticos e racionalistas do iluminismo centralizador em oposição ao espírito e cultura medievais, ainda predominantes na sociedade portuguesa.
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Mas logo a seguir, em 2 de Novembro, temos o Dia de Finados. Dia dos Mortos ou dos Fiéis Defuntos (do ponto de vista católico), isto é, daqueles que deixaram de pertencer ao «reino» dos vivos a tomaram a «barca» para a outra margem.
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Depois poderíamos falar da passagem do ano, coincidência entre as 24 horas de 31 de Dezembro e as zero horas de 1 de Janeiro, comemoradas com mais ou menos fausto e fogo-de-artifício comercializados, em detrimento dos populares bater de tampas das panelas ou do lançar da velharia pela janela fora. Claro que esta «passagem do ano» é válida apenas naquelas partes do mundo onde a Igreja Católica impôs o Calendário gregoriano, porque outros ainda coexistem ou existiram, como se pode ver n' «A história do calendário». Dia 1 de Janeiro, segundo o calendário gregoriano é o Dia da Faternidade Universal ou o Dia da Paz. Neste dia, em 1899, foi proclamada a «indepêndencia» de Cuba, nos arredores da Florida, EUA, e em 1938, no Brasil, Getúlio Vargas instaura um regime ditatorial e fascista. Tal como em 1 de Janeiro de 1959, foge de Cuba Fulgêncio Batista, o ditador fascista e corrupto apoiado pelos EUA durante décadas, permitindo a tomada do Poder pelos revolucionários liderados por Fidel Castro, com o apoio popular, instaurando um regime desde então ferozmente perseguido pelas auto-denominadas democracias ocidentais, a maior parte das quais situadas a Leste ou a Oriente dos EUA. Fulgêncio Baptista que encontrou refúgio no Leste solidário do Portugal de Salazar e da Espanha de Franco, onde pacíficamente faleceu, tal como os seus hospedeiros, e confortados pelos Sacramentos da Santa Madre Igreja, a tal misericordiosa das torturas e mortes na fogueira na sequência das tenebrosas decisões do Tribunal do Santo Ofício.(2)
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Curiosamente foi a 1 de Janeiro de 1986 que Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Adesão à União Europeia (do Capital), abrindo um processo crescente de perda da verdadeira soberania nacional e popular. E em Portugal o chamado Tratado de Lisboa (2007) ou Tratado de reforma institucional da União Europeia foi assinado a 13 de Dezembro de 2007 que substituiu a falhada constituição europeia, Tratado que dá mais um golpe mortal na Europa Social, dos Povos e dos Trabalhadores. Voltando atrás, o Euro (€) é a moeda oficial de 15 dos 27 países da União Europeia. O euro existe na forma de notas e moedas desde 1 de Janeiro de 2002. Foi também em Lisboa que 23-24 de Março de 2000 foi definida a chamada «Estratégia de Lisboa», entretanto «reformulada» em 2005
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O resto da vossa contribuição para Ao Sabor do Olhar está nas mãos, nos olhos e no espírito de cada um de vós, que quiserem participar no Convívio do Tempo, Estação, Mudança e Memória ou Registo.
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(1) - O termo «cravos», em português, tanto designa as flores, geralmente vermelhas, que o povo na rua espontânea e livremente colocou nos canos das espingardas metralhadoras dos soldados revoltosos, como o símbolo da referida revolução, agora «democraticamente» substituídos por outras flores e cores, quer os pregos de ferro, como aqueles que pregaram Cristo na Cruz por causa das suas heresias e da sua mensagem ou Boa Nova, subversivas para a ordem imperial, religiosa(s) e social então vigentes.
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(2) - Francisco_Franco, «Generalíssimo» como Pinochet, a si mesmo se intitulava "caudillo de España por la gracia de Dios» e «el defensor de la "Europa cristiana" contra el "comunismo ateo"» a quem sucedeu Juan Carlos, o «Porqué no te Callas?», «rey de España por la Gracia del Generalíssimo Francisco Franco», educado no exílio do Portugal de Salazar a quem o futuro Cardeal Cerejeira teria escrito "António, foi Deus que te chamou para salvar a Nação" e que veio a ser de facto o Chefe Supremo dum regime fascista, saído da autodenominada «Revolução do 28 de Maio» assente na tríade «Deus, Pátria e Família», popularmente conhecido como o regime dos três F (Fátima, Futebol e Fado) a que se deveria ter seguido o regime dos três D (Democracia, Descolonização e Desenvolvimento), na sequência da internacional e popularmente conhecida Revolução dos Cravos, com ou sem ironia.
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Não nos esqueçamos doutra carta do já então Cardeal Cerejeira, na qual escrevia em 1945, a propósito duma outra visão da Irmã Lúcia, a única sobrevivente e testemunha do chamado Milagre de Fátima e detentora dos seus três segredos: "O facto de ser a nossa paz um favor do Céu (predito pela Irmã Lúcia), não te tira nem diminui o mérito. Pelo contrário, faz de ti um eleito, quase um ungido de Deus. Foste tu o escolhido para realizar o milagre".
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Foi sem qualquer milagre que Franco e Salazar resistiram e sobreviveram continuando Chefes Supermos, apesar da queda de Hitler e de Mussolini, que haviam apoiado, sobrevivência devida à «compreensã0» das autodenominadas democracias ocidentais, a esmagadora maioria a Leste ou a Oriente dos EUA, os da Estátua da Liberdade oferecida pela França na sequência da Revolução Francesa.
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ADENDA - em Mu(n)do Phonographo
2 comentários:
Amigo
Isto é quase um tratado do conhecimento geral.
Fazia do amigo um homem rico mas...tanto!
Agora a sério, não sei como este passa-tempo vai terminar mas:-começou da melhor maneira, e que me sugere esta frase,"só a verdade é revolucionária"
josé manangão
Faço minhas as palavras do comentário anterior.
Bj
Maria Mamede
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