Notas de outono ( a publicar)
Anoitecia quando vieste cobrir-me de outonos.
E eu a voar como uma efémera, presa às poucas horas
que me restam para te dizer palavras impossíveis!
Teimam em mim os rubores extasiados e primaveris
de um corpo foragido e inquieto.
Confesso que te balbucio liturgias
enquanto te suspiro os cabelos, a boca entreaberta
à procura dos cheiros que possa engolir em golfadas
numa apneia de ti.
Trazes-me um frio azul e pálido como mãos silenciosas
que apenas me respiram intermitentemente
sem me arderem na pele.
E perdes-te sempre à bolina da razão enquanto me calas.
Doem-me os poros e a raíz dos cabelos
enredados no musgo dos muros que contróis.
Mas tudo entre nós é apenas paralelo.
Tu comes blinis em Moscovo nos jogos de vermelho e negro
enquanto eu saboreio crepes e sonho na Place de L’Opera.
E é por isso, que apesar do desejo estar perto
os nossos outonos nunca serão iguais.
Anoitecia quando vieste cobrir-me de outonos.
E eu a voar como uma efémera, presa às poucas horas
que me restam para te dizer palavras impossíveis!
Teimam em mim os rubores extasiados e primaveris
de um corpo foragido e inquieto.
Confesso que te balbucio liturgias
enquanto te suspiro os cabelos, a boca entreaberta
à procura dos cheiros que possa engolir em golfadas
numa apneia de ti.
Trazes-me um frio azul e pálido como mãos silenciosas
que apenas me respiram intermitentemente
sem me arderem na pele.
E perdes-te sempre à bolina da razão enquanto me calas.
Doem-me os poros e a raíz dos cabelos
enredados no musgo dos muros que contróis.
Mas tudo entre nós é apenas paralelo.
Tu comes blinis em Moscovo nos jogos de vermelho e negro
enquanto eu saboreio crepes e sonho na Place de L’Opera.
E é por isso, que apesar do desejo estar perto
os nossos outonos nunca serão iguais.
© Margarida Piloto Garcia