Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Margarida Piloto Garcia - Notas de outono




Notas de outono ( a publicar)

Anoitecia quando vieste cobrir-me de outonos.
E eu a voar como uma efémera, presa às poucas horas
que me restam para te dizer palavras impossíveis!
Teimam em mim os rubores extasiados e primaveris
de um corpo foragido e inquieto.
Confesso que te balbucio liturgias
enquanto te suspiro os cabelos, a boca entreaberta
à procura dos cheiros que possa engolir em golfadas
numa apneia de ti.
Trazes-me um frio azul e pálido como mãos silenciosas
que apenas me respiram intermitentemente
sem me arderem na pele.
E perdes-te sempre à bolina da razão enquanto me calas.
Doem-me os poros e a raíz dos cabelos
enredados no musgo dos muros que contróis.
Mas tudo entre nós é apenas paralelo.
Tu comes blinis em Moscovo nos jogos de vermelho e negro
enquanto eu saboreio crepes e sonho na Place de L’Opera.
E é por isso, que apesar do desejo estar perto
os nossos outonos nunca serão iguais.


© Margarida Piloto Garcia
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

uma partilha de maria sinhá

a Sabedoria suprema consiste em termos sonhos suficientemente grandes para nunca os perdermos de vista ...
a ti, Victor Nogueira, que pinta com a Arte das Palavras. Bem Hajas mano poeta.
" Quem pinta com palavras é poeta."
Nietzsche

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Márcia Marques - É preciso pernoitar à beira mar

Maria Márcia Marques

É preciso pernoitar à beira mar, onde os navios flutuam no teu regaço e te fazem ficar nos rios dos teus sonhos....



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Victor Nogueira - o ciúme

Maria Sinhá partilhou a tua foto.
do meu mano poeta ...
O CIÚME
* Victor Nogueira

doloso e doloroso
é o ciúme

macilento
do amor conhece apenas a dor
o sufoco

sem florescer nem viver
mata
esgana e engana

sem piedade
o ciúme mói e dói

caminho sem carinho
de verdade
o ciúme
aprisiona a liberdade
sem felicidade
vegeta sem confiança
nem abastança ...

... o ciúme
tem o perfume do estrume
não engrandece
mas arrefece

sem fé nem fiança
o lume em chamas
falece
esfria sem sabedoria
paciência
sapiência
alegria
ou fantasia

sem ciso nem riso
o ciúme é

pobre teorema
riima que não rema para o poema


setúbal
2013.09.16

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

fotografia - uma partilha de maria sinhá

Margarida e a amizade

Um dia feliz.
Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira. 
Amizade não é dependência, submissão. Não se tem amigos para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da letra. 
É independência, é respeito
O que é mais importante: a proximidade física ou afetiva? Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis da maturidade. Aqueles que não estão perto podem estar dentro. Amigo é o que fica depois da ressaca. 
É glicose no sangue. A serenidade.

Fabrício Carpinejar

domingo, 15 de setembro de 2013

Yolanda Botelho - GREGORIANO


15 de Setembro de 2013 às 16:36
EU VI AS AS PEDRAS NUMERADAS
DA CATEDRAL EM RUÍNAS
ESTAVAM ALI PRONTAS A JUNTAREM-SE DE NOVO
A VER O RIO PASSAR E SENTIR
O FRESCO CLAUSTRO
OUTRA VEZ LIVRE
DE RUÍDO.
O SILÊNCIO QUE NOS
LEVA SÓ A PENSAR
EM PAZ....
E A FONTE NO MEIO JORRA ÁGUA FRESCA
E ISSO BASTA.....
O CLAUSTRO É UM PRESSENTIR
UM ADIVINHAR
DE MANTOS E SANDÁLIAS
O RISO DAS MAIS NOVAS...
POR VEZES À NOITE
DÁ-SE O MILAGRE
DE UM GREGORIANO
MISTURADO COM A
ÁGUA FRESCA DA FONTE.....
LÁ FORA É OUTRO MUNDO
DE CAVALEIROS,DE MANTOS
COLORIDOS,DE TORNEIOS,
E SUSPIROS.
MAS AS PEDRAS NUMERADAS
TÊM SÍTIO JÁ DELAS
E ESTÃO AQUI,HOJE....
PARECE QUE FOI ONTEM.

YOLANDA




MAS AS PEDRAS NUMERADAS TÊM SÍTIO
MAS AS PEDRAS NUMERADAS TÊM SÍTIO

sábado, 14 de setembro de 2013

Carlos Rodrigues ~ “ CERAS E OUTRAS FORMAS DE POLIR “

  • CERAS E OUTRAS FORMAS DE POLIR “

    Salvé ó parafina dos ufanos
    Cultores de brilhantina em solo austero,
    Que de velas altas fazem abano
    E da língua polida magistério,

    Salvé ó clarabóia dos naufrágios,
    Que iluminas as palavras e os dentes
    Com que se agarram ratos e vigários
    A tudo o que flutua no presente.

    Salvé ó brilho do untuoso escárnio,
    Salvé ó sol dos espelhos cónicos,
    Ó hiperbólica lucidez do Averno,

    Salvé ó lustro parafrástico,
    Lubrificante amaciador de crónicas,
    Salvé ó polidores do discurso plástico !

    Carlos A.N. Rodrigues, 7 / 09 / 2013

Brecht - o elogio da dialéctica

Elogio da Dialética

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

Bertolt Brecht

um poema de Manoel de Barros

Victor Nogueira partilhou a foto de Arminda Griff.
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insectos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.


__Manoel de Barros__ 

Foto: Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insectos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
__Manoel de Barros__

Maria Jorgete Teixera - Virar a Cidade


Virar a cidade


As casas não são apenas um aglomerado de cimento, tijolos, vidros, pedra, lenho, água…a estes se juntam os músculos e a força, a vontade e os sonhos…
As casas têm cheiro, têm histórias, têm alma dentro…daí que as casas, nas cidades velhas, tenham para nós um outro valor. Porque as memórias, sem um suporte material, ardem e apagam-se em poucas gerações…
Nas casas antigas, há tramas de sangue e de sal, de choro doce, gemidos de amor, tranças de lamentos, cordas de enforcados, trinados de pássaros, latidos de raiva, murmúrios, medos sufocados, facas afiadas, risos de crianças. 
Nas casas antigas há bancos de sol onde se sentavam os velhos, cânticos de mulher, cavalgadas nas costas dos pais, vozes ciciadas, brisas de ternura, berços e tumbas.
Quando as casas se esvaziam entristecem e deixam de cuidar de si…
Ainda durante algum tempo, o musgo se entrelaça nas fachadas, mas aos poucos as ervas daninhas tomam conta de tudo e as pedras, sem o calor humano, vão deixando de suster-lhes a alma…e elas vão definhando aos poucos, desventradas, até caírem numa morte humilhante de quem sabe que para nada serve, já …
Cada uma que se abate é um nicho de história que deixamos morrer, irremediavelmente…
Mas nas casas antigas, batem ainda corações mesmo depois do último suspiro…pois elas são documentos vivos, papiros onde se inscreve a passagem do tempo… 
Dentro das paredes vivem adormecidas bandeiras insubordinadas.
Depois, as casas não vivem sozinhas, formam tessituras, agrupam-se segundo sensibilidades, as casas pequenas juntam-se com outras das mesmas dimensões, os azulejos formam fachadas de cor onde a luz incide da mesma maneira, as casas tem mãos que se enlaçam…por isso, quando alguma é abandonada ou morre empilhando-se em pó, as outras contorcem-se em desespero.
A sociedade, os poderes, centrais ou locais, são assassinos por incúria, baixam-se aos grandes interesses económicos e, como dá muito nas vistas cometer o crime de homicídio qualificado, optam por comete-lo por negligência, pela passividade, pela falta de prestação de cuidados. Interesses económicos assediam as pessoas com urbanizações em cartazes apetitosos que oferecem a preços mais competitivos, novas moradias, novas vidas e a felicidade em pacotes de “suaves “ prestações…
E as velhas casas vão definhando, sem que lhes sarem as feridas, sem mãos femininas que lhes enfeitem as janelas de rendas ensolaradas, sem as gargalhadas das crianças, sem as malvas a sorrir nas sacadas…
E é uma dor que escorre nas calçadas ao vê-las desventradas, rasgadas pelo vento, pelo calor e pela chuva, de orgulho mortalmente ferido. Estão assim as casas da nossa cidade, resistindo ainda, num último aceno de ingénua vaidade que lhes ficou dos dias gloriosos, à espera de que alguém olhe para elas e as salve de uma morte anunciada. 
Maria Jorgete Teixeira

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

No Barreiro Velho ainda se brinca assim...




No Barreiro Velho ainda se brinca assim...



  • Victor Nogueira parece uma cena em áfrica. Já há muitos anos que deambulei pelo Barreiro Velho, de que gostei mas muitoo degradado. Deambulações no tempo cada vez mais longínquo em que o barreiro era uma realidade para mim e não algo cada vez mais perdido ns meandrosdo tempo, da vida e da memória - Bjos, Maria Jorgete Teixeira
    há 4 horas · Editado · Gosto · 1

Antonio Jorge - A Chuva, a Rapariga e o Cão!

Victor Nogueira partilhou a foto de António Jorge.
A Chuva, a Rapariga e o Cão!

...não deixemos que aconteça ficarmos apenas com direito à água da chuva - lutemos para que a água que sai pelas torneiras, uma dádiva da natureza, alguém a possa privatizar para comercializar e nos submeter à sede por razões económicas e politicas! 

António Jorge - Luanda
Foto: A Chuva, a Rapariga e o Cão!

...não deixemos que aconteça ficarmos apenas com direito à água da chuva - lutemos para que a água que sai pelas torneiras, uma dádiva da natureza, alguém a possa privatizar para comercializar e nos submeter à sede por razões económicas e politicas! 

António Jorge  - Luanda