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sexta-feira, 2 de março de 2012

Antunes Ferreira - Sinfonia de buzinas

.A minha Travessa do Ferreira..

SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012



UMA GRALHA 

NA VARANDA


Sinfonia de buzinas

Antunes Ferreira
Na Índia, todos os veículos motorizados, incluindo os tractores, podem prescindir de diversos componentes que, para um ocidental são considerados incontornáveis: espelho retrovisor, pisca-pisca, isqueiro, rádio e sei lá mais quais. Há um, porém que é imprescindível: a buzina. Isso mesmo, a buzina. E… Goa é Índia. Por isso ela não poderia aqui faltar; ela, obviamente, a buzina. Que é, igualmente, é atributo imprescindível nas bicicletas. Nas vacas sagradas não é.

Há-as de todas as qualidades, feitios e, sobretudo, decibéis. Nas estradas e nas cidades, vilas, aldeias, freguesias, ruas, largos, vielas, becos, travessas e similares são as notas de uma sinfonia rodoviária realmente extraordinária. Há, como em toda a parte, os mais prevenidos: carrinhas, camiões e afins, solicitam nas respectivas traseiras, HORN PLEASE. E o pessoal corresponde, cumpridor e honesto.
Buzine por favor...

Buzinar é, assim, uma prática saudável, sentida e entusiástica. Permanente, pois até de noite ela acontece. Mais vale prevenir do que remediar. Se o cavalheiro do lado apita, por que bulas há-de o concidadão não buzinar? De resto, o trânsito indescritível justifica perfeitamente esta orquestra ciclópica e desafinada. Pelo sim, pelo não o cláxon é instrumento, simultaneamente de alerta, de aviso, de defesa; de ataque, por vezes, também. E, não há solistas, cada um toca o eu sabe.

Se algum dia alguém, paternalmente, me aconselhasse a conduzir por estas bandas - não podendo responder menos educadamente, a gente tão amável de cá não o mereceria -, em vez de a mandar para qualquer local ou atributo conhecidos e pouco recomendáveis, teria duas alternativas: a fuga ou o suicídio. Já viram um formigueiro em que se tivesse eliminado a rainha? Imagina-se a desordem nas filas (indianas?) dos insectos trabalhadores. É apenas uma modesta comparação com a forma de circular aqui. Quanto maior a confusão – melhor.

E o que é mais espantoso é que se registam poucos acidentes. Aliás, quando acontecem, normalmente saldam-se por umas quantas vítimas mortais. Ou seja, quando se bate, bate-se. De resto, é o desvario. As ultrapassagens são, muitas vezes, no mínimo, emocionantes. Deveria, quiçá, escrever aterrorizantes. Mas isso, foi ao princípio, em 1981, quando aqui vim pela primeira vez. Agora, sentado calma e sossegadamente ao lado do condutor, acho-as normalíssimas. 
Um pequeno exemplo...

Cruzamentos, rotundas são emaranhados mais… emaranhados do que teias de aranhas múltiplas e sobrepostas. E, curiosamente, enquanto se esgueiram motos, scooters, bicicletas, motorizadas e riquexós por entre os 12,7 centímetros que separam as restantes viaturas, ninguém insulta ninguém: buzinam, com alma e denodo. Igualmente interessante, motivo para study case que se preze, são as filas de veículos. Ziguezagueantes. E, no que toca a traços contínuos ou passadeiras, louve-se quem os pintou - para serem tranquilamente ignorados.

   

1 comentário:

Belisa disse...

Olá
Cheguei hoje aqui novamente....
Está tudo diferente ou sou eu que já perdi o norte...
Já estou desabituada...
Espero voltar e ser tua amiga e postar...
Venho deixar beijinhos e estrelinhas...