Victor Nogueira ~~-~ Tejo de tantas águas!
1
Rio
Um manto soalheiro
de estrelas brocado
em mil flores esmaecidas
de sonhos desbotados
cerzidos
nas margens do esquecimento
jazem
nas carcaças dos navios
de viagens desfeitas
enovelados no areal
Tejo de tantas águas! espelho de tantas mágoas!
2.
Tejo
Rio meu
Imerso de saudade
Espelho de tantas águas
minhas de tantas mágoas!
3.
Rio
Um manto soalheiro
de estrelas tecido
.
Mar
Com mil flores esmaecidas
de sonhos desbotados
cerzidos
nas margens do esquecimento
.
Praia
de navios em carcaça
Esqueleto do viajeiro
no areal
pé ante pé
onda após onda
numa roca a girar
.
Tejo de tantas águas!
espelho de tantas mágoas!
Publicada por Victor Nogueira em Segunda-feira, Janeiro 30, 2012
Victor Nogueira ~ És uma voz
.
.
És uma voz
que sorria
entre nós
a teia tecia
uma gaivota
companhia ou
galeota
paleta
de cuore alvoraçado
na magia torneado
alquimia ou fantasia
dum pensar sem penar
Setúbal 2012.01.27
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Publicada por Victor Nogueira em Sexta-feira, Janeiro 27, 2012
Victor Nogueira e João Baptista Cansado da Guerra
Em seu pensar as letras (es)corriam: "Por vezes parece que as nossas conversas terminam em "conflitos", enredados nas palavras que caminham por atalhos que não são uma estrada larga e desassombrada, talvez porque elas não estão vestidas do sorriso reconfortante, da inflexão da voz coalhada de estrelas, da presença real e calmante do estreitar do abraço, da mão no ombro ... E em lugar da paz e da serenidade e do riso cristalino nascem em nós sombras intimidantes e noites sem luar, reflexo negativo do que nos outros busco e em ti procuro.
- E assim apagam-se as luzes e cerram-se as janelas e as portas que avistara ao longe ou ao virar da esquina, na maldição da vida de eterno caminheiro que é a de João Baptista Cansado da Guerra !"
... ... ... ... ... ...
- e sai ela da cena com ar altivo, ombro direito atirado para trás furando o espaço com o esquerdo, mão esquerda na anca, indómita, saia rodada, cabelos ao vento esvoaçando, altaneira ...
... deixando atrás de si um rasto de credos e um rosário de cruzes feitas de espinhos de ouriça caixeira.
- Timidamente, pé ante pé, silencioso, o chapéu rolando nos dedos afilados, ele aproxima-se da inflamada Pasionara e murmura qual anémona do mar:
"- Olá, sereia !
- Já é um novo dia, bonito e cheio de sol, e passo por aqui, menina que não estás à janela, para deixar-te no meu aceno um sorriso", disse João Bimbelo.
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Publicada por Victor Nogueira em Sexta-feira, Janeiro 27, 2012
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Victor Nogueira ~ Sonhos
- e sonha comigo para que os teus sonhos contigo me façam sonhar
Publicada por Victor Nogueira em Segunda-feira, Janeiro 23, 2012
Victor Nogueira ~ Em que língua falarei
Em que língua falarei
e à míngua cantarei?
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Ínsula
ou Península.
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Publicada por Victor Nogueira em Sábado, Janeiro 21, 2012
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Um dia ...
Victor Nogueira
- Sigo os comentários para relembrar quem é Leonor; alguma das minhas leitoras perdida no passado, no tempo em que comentavam nos meus blogs e eu nos de outrem, no tempo que mediou entre o mIRC / MSN e o hi5 / InFaceLock
O nome não me é estranho mas o caminho que hoje percorro desemboca no esquecimento e em dois blogs parados no tempo que, por breve que seja, neste efémero mundo corresponde a uma eternidade. Morreu Leonor ? Casou ? Separou-se ? Cansou-se ? É tão pouco o que realmente sabemos da maioria das pessoas que estão para lá deste frio monitor ou caminham ao nosso lado ! Tão frágeis os laços que ligam a maioria das pessoas entre si ! Pó, cinzas e o vazio !
Sem marcas este é um poema intemporal que alguém hoje perdido inspirou. A Leonor não, seguramente. Poderei talvez saber buscando através da data em que foi escrito mas isso já não importa. Fica a intemporalidade despersonalizada para quem o lê e por isso posso vesti-lo de ti como se em todo o tempo fosses tu o seu destino, o porto por mim ansiado. Sirvo-me hoje das palavras de ontem porque me recolhi em mim e não consigo voar para dar cor à paleta das palavras com novos sons para ti, só teus, só nossos.
Porque algumas pessoas persistem através de toda a nossa vida, para além da materialidade, como tu, uma marca indelével na vida e nos caminhos de João Baptista Cansado da Guerra. Eu e tu sabemos quem és e este reconhecimento, não me bastando, me basta.
Para ti, em Setúbal a 9 de Janeiro de 2012
Ao (es)correr da pena e do olhar: Um dia tu virás
aoescorrerdapena.blogspot.com/2007/11/um-dia-tu-virs.html
Publicada por Victor Nogueira em Segunda-feira, Janeiro 09, 2012
Victor Nogueira ~ No domingo marca o tempo
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O domingo marca o tempo
soalheiro ou não
tempo barreira
tempo da (des)crença
das flores colhidas na berma da estrada
gira-sóis ou papoilas
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No domingo é tempo
..................de sorriso
da colheita
cabelos soltos ao vento
da esperança e da minha mão na tua
.
Entre domingos
tempo da cheia e do vazio
das ilusões florirem ou se perderam na espuma das ondas
.
Ao domingo há tempo
de malhas e de redes
de voos rasteiros ou alti-sonantes
.
ou não
.
Perdido no teu olhar
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Ao domingo sou um guerreiro cansado por batalhas inúteis
contra o vento
contra o tempo
contra mim
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"Grandes são os desertos e tudo é deserto"
Publicada por Victor Nogueira em Domingo, Janeiro 15, 2012
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Victor Nogueira ~ Não partas a flor !
.
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Não partas a flor, não,
Numa roda sem fim
Não nos largues da mão
Ruídos p'lo cupim
Jazz mal seco no chão
Desmaiado capim
Num feroz turbilhão
Em calado clarim .
Ah Quem desse vida ao coração
Nosso, com toda a razão
na teia que a candeia
incendeia !
Publicada por Victor Nogueira em Domingo, Janeiro 08, 2012
Victor Nogueira ~ Cravos e Rosas para cada dia
De repente pensei que fossem cravos mas não, são rosas, vermelhas como convém.
Que sejam perfumadas para os seres humanos e cheias de espinhos para os rafeiros que governam e ocultos mandantes a favor de quem governam, de bolsa cada vez mais cheia com o saco a saco de grãos que esportulam dos nossos bolsos.
Que 2012 seja um ano de paz, alegria e serenidade para as nossas consciências temperado pela resistência e luta
( Victor Nogueira )
Publicada por Victor Nogueira em Domingo, Janeiro 01, 2012
Victor Nogueira ~ A ilusão das nuvens
(a partir duma foto de Clara Esteves)
No poema a saudade
construída letra a letra,
laboriosamente.
e
ao olhar a Photo
clara
entre a neve e o fogo
- negro vivo e rubro - temperados
de
vermelho e violeta
os cumes nevados
um
turbilhão
vulcão
de pássaros negros e
refulgindo
um peixe - Ulisses e a sereia
em fugaz e dourada paleta
nas cores do deserto
areia
do
Norte de África, Portugal
.
e as ilhas
Setúbal, 2011.12.30.
Publicada por Victor Nogueira em Sexta-feira, Dezembro 30, 2011
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