* Virgílio Torres
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Finda a hora do almoço, Pedro descobre duas das suas ovelhas totalmente remoídas. Se o rebanho tivesse mil cabeças era motivo provável para nem se preocupar. Há comida para nós e para eles, iria pensar.
Por obra da natureza o ataque fora planeado para treze ovelhas, que no seu reduto proporcionavam o acrescido ganha-pão ao mestre Carpinteiro.
João, velho Ansião, negociante e contrabandista de profissão havia declarado o estado de emergência. Há que contactar aqueles que regem as leis naturais da coabitação Homem-Bicho, apelou.
Seria de esperar, após uma fervorosa troca de ideias, um ataque em massa (respeitando a ideia do autor), com batedores experientes, aos causadores da imensa tragédia, mas não.
Impôs-se o bom, ânimos acalmados.
Com o auxílio dum lápis de refugo, de umas palavras desenhadas e frases bem construídas, foi redigida a missiva à autoridade regulamentadora.
Pedro sente-se mais calmo, e claro está, qualquer tostão que venha será sempre bem-vindo. Embora escasso poderá vir a remediar a compra de um borrego, ou mesmo os dois.
A época do ano não era favorável.
O Outono aproximava-se…
O Outono veio e com ele o esquecimento.
Desfeita a reunião, emitida e enviada a carta, declarou-se o fim do trabalho selado com duas fatias do outro presunto e um tinto fresco, para manter saúde.
Já a geada cortava quando a tragédia bateu à porta.
O Inverno chegou, e com ele a morte de mais umas quantas canhonas. Seis no total, repartidas por Pedro, duas novamente, Zé da Montanha três e João com a restante.
Deveria ter chegado uma resposta mas nem por ela se ouviu.
O estado de emergência fora novamente declarado.
Com toda a população abrigada em frente ao café, sob uma potente trovoada, foram apresentados os factos. Ouviram-se opiniões chegou-se ao consenso. Tomada a decisão.
Veio a madrugada e os sinos a rebate.
Uns e outros chegavam lentamente.
Agasalhados e abrigados da chuva em deslocação ao centro.
Marcas de sangue na ponte velha pareciam setas, a indicar o caminho a percorrer.
Olhos expectantes e arregalados contrastavam com os rasgados e brilhantes de quem tinha feito a proeza.
O Salgueiro era deus, o tampo de granito o altar e em cima, a merecida recompensa de quem arriscou a vida por umas quantas ovelhas.
Sem qualquer formalidade, um abraço.
Saudações literárias
Vergílio Torres
1 comentário:
Sábado, 14 horas, pego no meu teclado a gasóleo e aqui estou eu a agradecer a sua fidelidade. Obrigado por me terem embebedado de tanta amizade.
Para o ano há mais e conto com todos vocês. Um bem-haja a todos.
Vamos voltar às palavras e deixemo-nos de lamechices.
Abraço aos amigos e beijos ás damas.
A duplicar...hehehe...Abraço.
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