Até que anoiteça nas varandas
E nos pátios interiores da cidade
Nada saberemos das sementes mansas,
Se partem ou regressam,
Como um Arco-íris total
Aos olhos da criança,
Que nos conduz, pelas Antípodas do sono,
Ao Jardim da Celeste.
Falha-me a geometria do encontro,
Onde os paralelos se diluem
E a hipermédia não chega
Para estabelecer pontes de contato.
Nem a fala alcança o silêncio
Das estrelas cadentes,
A noite não suporta a luz
E mesmo quando Lucifer cai
As palavras são obscuras,
O tempo turva, a visibilidade entrava
E os limites pesam, como uma adaga de bronze,
Sobre a garganta da escrita.
Dançamos, agora ou depois,
Sobre as arestas invisíveis
De um cato absurdo,
Roça-te a pele, mas não morde,
Deixaste de sentir.
Posso experimentar ainda a harpa afetiva
( a música é a última Arte a deixar - nos )
As notas comuns de sempre
As teclas partidas, ainda que soem nuas
Como ossos, sem tempo,
Ou atirar pedras ao abismo,
Mas ninguém me ouve,
Estou parado sobre a linha dos limites sensuais
Deixei mesmo de temer a ultrapassagem
Das paredes brancas, nenhum cheiro etilizado.
Procuro em vão a casa, no interior de mim,
Um piano velho ou um violino aceso,
Tem de haver, pelo menos, um cravo difuso,
No meio do barroco onde me debruço,
Restos antigos, histórias por contar,
Nada, nem sequer as carpideiras tradicionais
Ou o velho do realejo a manipular a voz.
Hás de voltar a ti, com as mesmas perguntas,
As mesmas respostas por dar,
Mas nunca mais serás o mesmo,
Porque já sabes tudo
Sobre o que já sabias, sem saber.
Voltou o sol, aqui,
Sereno, com laivos de paz
E o dia ergueu-se
Irradiando fábulas vividas.
A partir de agora
Jamais deixarás de ter tempo
Para acariciares a vida
Dos teus filhos
E internacionalizarás o sonho
Num passe latino:
Quieres bailar, mi Amor ?
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RECANTO DA POESIA EM VERSO E PROSA
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