Viva a Vida !

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sexta-feira, 17 de agosto de 2007

AÍ VEM A AURORA...

* Maria Mamede

Quando penso na última viagem
E meu cabelo se agita, pela aragem
Que se levanta na espera de embarcar
Uma lágrima furtiva desce o rosto
E meu coração é fogo posto
Pela saudade dos que vou deixar...
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E minha barca ao longe, se agiganta!
E eu choro e minha alma canta
Belas canções antigas, de embalar
Ó céus, ó mares, ó ventos, penedias
Adeus, adeus, que se findam meus dias
Na doce aurora que me vai levar...
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Adeus ó fontes, regatos, ribeiras
Adeus vinhedos, campinas, ceifeiras
Adeus ó gente, meu povo, meu lar
Adeus aldeia, ó casa dos meus
Adeus amigos queridos, adeus
Aí vem a aurora para me levar!...
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posted by Maria Mamede em De Amor e de Terra
Quinta-feira, Agosto 16, 2007
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NOTA de Victor Nogueira, ...

... a partir dos vários comentários colocados a este poema no blog original, acima referido.
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1. - Num dos meus blogs onde pouca gente vai ou deixa comentário - e Maria Mamede é uma das raras excepções - eu falo das palavras e dos seus olhos e lábios e das múltiplas leituras que as mesmas palavras podem ter conforme o ouvinte ou leitor.
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Ao ler o texto da Maria Mamede, acima reproduzido e que deste modo inaugura a sua participação neste blog, entendi à primeira leitura que o poema está cheio de movimento e podia ser uma canção de emigrante. Emigrar é triste, mas a esperança que assim se busca para uma vida melhor, pode prenunciar uma aurora que representa um novo dia com uma qualidade diferente, mais rica e saborosa.
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Uma segunda leitura, poderia dar a aurora como a chegada do amor e da saída da casa dos pais ou da solidão, para uma outra vida, com outra(s) pessoa(s), incluindo talvez os filhos em potência.
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Nunca a morte me veio à cabeça nem é interpretação que este poema me desperte na sua leitura. É verdade que está lá a barca, que desde tempos muito remotas é conduzida pela Morte, que nos transporta da margem desta «vida» para outra, cuja existência é uma incógnita e serve de suporte a todas as religiões, que admitem que essa outra «vida» existe, boa ou má conforme nos comportemos na breve passagem por este planeta.
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Mas a barca pode também significar mais ou menos metaforicamente o meio de transporte que será utilizado quer pelo emigrante, quer por qualquer dos enamorados recém casados.
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Do copo com água até meio, uns dirão que se trata dum copo meio vazio, outros que se trata dum copo meio cheio. Uma mesma realidade, objectiva, sem metáforas, dá origem a duas interpretações. Qual delas é a verdadeira e porquê? Mesmo que as verdades em confronto representem a mesma realidade, a sua interpretação diverge. Porquê, então?
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2. - Encontro em «Aí vem a aurora» ritmo e movimento e, se os comparasse, seria não sei bem porquê, aos de «Por este rio acima», do Fausto.
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Mas eu sou quase sempre diferente da maioria e não sei se isso é bom ou mau. Quando comento, e comento umas vezes com seriedade e outras com humor ou ironia, «comento» de maneira diferente da maioria.
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Aqui na blogosfera, mais vale cair em graça do que ser engraçado e eu na vida real procuro ser «engraçado», no sentido de bem disposto e sempre com a piada muitas vezes oportuna e certeira.
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3.- Mas pedindo desculpa pelo «desvio», pois o que está em causa é o poema da Maria Mamede e de comentários interpretativos deste seu poema, voltei a lê-lo e encontro nele também um não sei quê de camoneano. Talvez leve, mas ele traz-me também à lembrança a lírica de Camões, que me encanta e prende.

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Olá Victor, muito boa tarde e muito obrigada;
Em relação ao poema em causa, o mesmo foi motivado pela sensação da partida, no sentido Morte; quando o escrevi, de quem mais me lembrei foi de Rosalia de Castro de quem tanto gosto e do seu poema
"Adeus rios, adeus fontes..."
também ela emigrante, também ela a sentir-se morrer...
Acho que por vezes, temos muitos sentires comuns.

Agradeço a honra que me dás e envio um abraço de gratidão.

Maria Mamede