Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Que dia é hoje?

* Victor Nogueira
.
Bem, hoje é o dia 15 de Agosto. E feriado nacional. Tempo de férias ou de mini-ponte. Ou para passeios à beira-mar, para que uma eventual fescura da brisa marítima afugente este calor húmido, plúmbeo e pegajoso, que se cola ao corpo, tal qual como em Luanda, coberto de gotículas de suor que às tantas escorrem por nós abaixo, de acordo com as leis da gravidade, para além de ensopar a roupa de tal modo que se a torcêssemos encheríamos um alguidar avantajado e, depois de evaporados os liquídos do suor, encontraríamos talvez uns grãozitos de sal, o tal cloreto de sódio de que fala António Gedeão em «Lágrima de Preta».
.
Hoje o tema é Luanda. Porquê. Ora ... vamos «dar tempo ao tempo, que a pressa e má conselheira» e «quem muito corre pouco alcança»
.
Pois a Vila de S. Paulo de Luanda, minha terra natal, foi fundada em 1575, na Ilha do Cabo, por Paulo Dias de Novais. Essa ilha, território do Rei do Congo, era a sua reserva monetária, pois lá eram apanhadas as conchas cauri que serviam de equivalente geral, isto é, de moeda que permitia avaliar o valor das mercadorias no mercado.
.
(ver agora ou mais tarde um artigo em http://kantoximpi.blogspot.com/search?q=cauri )
.
Entretanto a povoação foi transferida para um morro de fronte, em 1576, inicialmente chamado de S. Paulo e depois de S. Miguel. Aí, na cidade alta se instalaram os serviços administrativos, as igrejas e as figuras importantes. A parte baixa ficou reservada para a «escumalha», pois Angola era terra de presídio para onde se desterravam os criminosos de Portugal e do Brasil. Um presidiário famoso foi o Zé do Telhado, mas as levas incluíam intelectuais e homens de saber que no Brasil queriam libertá-lo do jugo e da «exploração» dos Portugueses. Para além disso Angola e outros territórios africanos eram reserva para a «colheita» de escravos para as explorações agrícolas e mineiras dos países das Américas (ou Índias Ocidentais) e mesmo do Continente Europeu. Durante muitos anos a povoação denominava-se pois S. Paulo de Luanda, que ganhou foro de cidade em 1605, a mais antiga fundada por europeus a sul do Sahara e na costa ocidental
.
De 1641 a 1648 ficou nas mãos dos holandeses, enquanto o Governo Colonial se refugiou num local quase inexpugnável, onde havia uma fortaleza-presídio: Massangano. Deste modo os holandeses, ou a Companha Holandesa das Indias Ocidentais, assenhoram-se do comércio de escravos que, fazendo falta aos fazendeiros do Brasil, tentaram armar várias esquadras, a última delas capitaneada pelo branco «brasileiro» Salvador Correia de Sá e Benevides.
.
Face à recusa de rendição dos holandeses, parte dos quais na altura em Massangano para tentar conquistar aquele «foco» de resistência portuguesa, as forças «brasileiras» reconquistaram a Fortaleza de S. Miguel, colocando a colónia e o comércio de escravos novamente nas mãos dos portugueses, na altura mais preocupados com a Guerra da Independência após o domínio dos castelhanos de 1580 a 164o, no território europeu.
,
Perguntarão agora os meus leitores a que propósito vem este arrazoado se este espaço é para «obra» de outrem. Calma, pois dando novamente a palavra à proverbial sabedoria popular, «devagar se vai ao longe» e «as cadelas apressadas parem cães cegos», embora não se deva «deixar para amanhã o que se deve ou pode fazer hoje».
.
O assalto à fortaleza de S. Miguel iniciou-se a 15 deAgosto, dia da Assunção da mãe de Cristo aos céus, pelo que desde então esse dia, considerado como o da Reconquista de Angola, passou a ser Feriado Municipal. E a cidade ganhou uma nova denominação: S. Paulo da Assunção de Luanda, embora fosse correntemente designada apenas por este último nome até 11 de Novembro de 1975, data em que retomou o nome gentílico de Luanda.
.
Aqui termina a minha historia, para dar lugar ao João Coimbra que, com a irmã Estrela, vizinhos de casa do lado na Praia do Bispo, são neste momento os meus amigos mais antigos, cerca de 40 anos, apesar da distância que nos separa.
.
Pois o João um dia destes enviou-me dois mail com fotos de Luanda e com elas inicio a Colaboração de Outrem neste blog.
.
No Kant_O, para quem quiser, no marcador Luanda encontra textos sobre a cidade, de várias autorias (Pode também procurar atendendo às datas de publicação):
.
Uma outra Luanda - antes e agora ou o impossível retorno (VN - 2007.05.29)
Luanda (VN - 2007.o5.27)
Raizes - poema (VN 2007.05.09)
Fados do Tempo da Outra Senhora (37) (poesia de vários autores Angolanos - 2007.05.09)Fados do Tempo da Outra Senhora (36) (poema Quitandeira, de António Cardoso - 2007.05.09)
S. Paulo de Luanda no século XIX - Two Trips to Gorilla Land and the Cataracts of the Congo (Richard F. Burton - 2007.01.30)

Sobre a reconstrução de Luanda ou a criação duma nova capital de raiz ver:
.
que se pretende entregar ao arquitecto brasileiro Óscar Niemeyer.
.
Outros temas:
.
Breve História de Luanda :
.
Recuperação de colónias portuguesas depois da Restauração:
.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Recupera%C3%A7%C3%A3o_de_col%C3%B3nias_portuguesas_depois_da_Restaura%C3%A7%C3%A3o
.
Guerra Luso-Neerlandesa:
.
.
Noutra linha, mais «religiosa»:
.

Findos os entretanto, vamos aos finalmente no próximo post. Então até já !

Sem comentários: