Palavras III
São feitas de carne e sangue, corpo autónomo, fogem para aqui e para ali ao ritmo do bombear do coração. São lianas que abraçam, rede de trapézio, fornalha de beijos, terra prometida em enlaçadas mãos, olhos que se penetram em completo esquecimento…
Umas vezes são água em areias cáusticas, outras, estrias de luz, abrem trilhos nas estrelas, indicando caminhos ao luar…
Outras vezes são puas ardentes, cravam-nos de espinhos, explodem-nos na pele.
Em certas alturas assaltam-nos os sonhos, esfrangalhando-os como cascas de árvores ressequidas e pelas ruas das cidades, tangentes guitarras, desgarram solidões.
Vêm de manhã e são o pão, à noite chegam de manso, com receio de acordar a lua e estendem-se sonolentas e dengosas nos leitos dos amantes. Húmidas se insinuam nas fendas da carne e é aí que endoidam, fazem-se corcéis fogosos cavalgando beijos e carícias, depois, exaustas, desmaiam ao alvorecer.
De vez em quando transformam-se em raiva, justiceiras erguem os punhos como bandeiras vermelhas de esperança e ganham as ruas, ondulando multidões.
Outras vezes sufocam-nos de ternura, leves, leves, são sussurros, plumas, fios de orvalho, beijos breves, malha indelevelmente tecida.
Não raras vezes se desfazem em rios de sal, destroçadas, rotas, prenhes de amargura.
Nas primaveras, perfumosas enchem os ares, voltejam como mariposas, riem como crianças endiabradas.
Às vezes gastam-se de tão repetidas, perdem a razão de ser, rarefeitas, partem vazias de sentido…
É quando mais doem…
Então recolhem-se ao silêncio, nos claustros do meu peito, esperando ainda e sempre que as venham salvar
mjt
São feitas de carne e sangue, corpo autónomo, fogem para aqui e para ali ao ritmo do bombear do coração. São lianas que abraçam, rede de trapézio, fornalha de beijos, terra prometida em enlaçadas mãos, olhos que se penetram em completo esquecimento…
Umas vezes são água em areias cáusticas, outras, estrias de luz, abrem trilhos nas estrelas, indicando caminhos ao luar…
Outras vezes são puas ardentes, cravam-nos de espinhos, explodem-nos na pele.
Em certas alturas assaltam-nos os sonhos, esfrangalhando-os como cascas de árvores ressequidas e pelas ruas das cidades, tangentes guitarras, desgarram solidões.
Vêm de manhã e são o pão, à noite chegam de manso, com receio de acordar a lua e estendem-se sonolentas e dengosas nos leitos dos amantes. Húmidas se insinuam nas fendas da carne e é aí que endoidam, fazem-se corcéis fogosos cavalgando beijos e carícias, depois, exaustas, desmaiam ao alvorecer.
De vez em quando transformam-se em raiva, justiceiras erguem os punhos como bandeiras vermelhas de esperança e ganham as ruas, ondulando multidões.
Outras vezes sufocam-nos de ternura, leves, leves, são sussurros, plumas, fios de orvalho, beijos breves, malha indelevelmente tecida.
Não raras vezes se desfazem em rios de sal, destroçadas, rotas, prenhes de amargura.
Nas primaveras, perfumosas enchem os ares, voltejam como mariposas, riem como crianças endiabradas.
Às vezes gastam-se de tão repetidas, perdem a razão de ser, rarefeitas, partem vazias de sentido…
É quando mais doem…
Então recolhem-se ao silêncio, nos claustros do meu peito, esperando ainda e sempre que as venham salvar
mjt
- Victor Nogueira Sê bem aparecida, mai-las tuas palavras, Jorgete. Na concha do teu nome que alinhavo, um rio de sons, suave lucerna bailando. Bjos meus :-)*há 19 horas · · 1
- Maria Jorgete Teixeira Ando por aqui, eu e as minhas palavras...tu é que andas distraído...O teu comentário é, ele próprio um poema! Beijinhos!há 19 horas · · 2
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