22/Nov 19:12
Clara (hi5) diz:
Muito obrigada, Vitor. Eugénio de Andrade, certo??? Maravilhoso!
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Envio-te um poeminha meu, daqui do fundo da minha gaveta, com um abraço e votos de uma boa semana. Prepara-te porque é grande....Vai lendo ao longo da semana...........
Envio-te um poeminha meu, daqui do fundo da minha gaveta, com um abraço e votos de uma boa semana. Prepara-te porque é grande....Vai lendo ao longo da semana...........
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A nossa árvore
No tempo em que a cor das papoilas era rubra
E os teus passos soavam por detrás de mim
Os meus pensamentos coloriam-se de azul,
E os meus olhos jovens palpitavam verdes de todo.
As nossas mãos moviam-se como pássaros
Sem lembrança dos ninhos,
As tuas mãos, violinos afinados,
procuravam as cordas dos meus cabelos
e a humidade emergia em meu redor
como gota de água tremendo no coração do estio.
Desesperadamente,
Com a alma suspensa do calor de ti
Os meus pensamentos chegavam coloridos à flor da tua pele.
Recordo ainda o primeiro dia da nossa sede.
Era Maio, o sossego da noite reinava no jardim
E a lua, enorme, prenhe de todo, cobria aquela árvore
Que ainda hoje, com as folhas perdidas
Pergunta por nós.
E por cada dia que cai,
Por cada passeio sem sentinela
Por cada dia sem chuva
Ao longo de cada silêncio meu despojada de ti e de mim
As horas das estações rolam
Desfiando os colares das contas das nossas vidas.
Hoje
Eu passo ali e fico a olhar longamente,
Com uma ternura infinita e vagamente saudosa
Aquela árvore no nosso jardim
E penso na paixão remota, sem espiga
profundamente sumida
por entre o abismo dos nossos dedos sem anéis…
.
Clara Roque Esteves
.
Julho de 2009
A nossa árvore
No tempo em que a cor das papoilas era rubra
E os teus passos soavam por detrás de mim
Os meus pensamentos coloriam-se de azul,
E os meus olhos jovens palpitavam verdes de todo.
As nossas mãos moviam-se como pássaros
Sem lembrança dos ninhos,
As tuas mãos, violinos afinados,
procuravam as cordas dos meus cabelos
e a humidade emergia em meu redor
como gota de água tremendo no coração do estio.
Desesperadamente,
Com a alma suspensa do calor de ti
Os meus pensamentos chegavam coloridos à flor da tua pele.
Recordo ainda o primeiro dia da nossa sede.
Era Maio, o sossego da noite reinava no jardim
E a lua, enorme, prenhe de todo, cobria aquela árvore
Que ainda hoje, com as folhas perdidas
Pergunta por nós.
E por cada dia que cai,
Por cada passeio sem sentinela
Por cada dia sem chuva
Ao longo de cada silêncio meu despojada de ti e de mim
As horas das estações rolam
Desfiando os colares das contas das nossas vidas.
Hoje
Eu passo ali e fico a olhar longamente,
Com uma ternura infinita e vagamente saudosa
Aquela árvore no nosso jardim
E penso na paixão remota, sem espiga
profundamente sumida
por entre o abismo dos nossos dedos sem anéis…
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Clara Roque Esteves
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Julho de 2009
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