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domingo, 15 de março de 2009

O Sono

a maçã no escuro


O Sono.

Posted: 14 Mar 2009 02:36 AM PDT

Ele deve estar dormindo agora – como um corpo dorme, estirado sobre o leito. Mas dorme como um pequeno mamífero, alheio ao mundo, alheio à chuva, alheio ao dia. Eu sei que ele dorme. E antes que ele acorde, muito urgentemente, preciso entoar um hino de louvor. Sem que ele saiba, um hino delicado, que não seja alto demais para acordá-lo e nem baixo demais que não penetre por uma fresta. Ele dorme como um pequeno rinoceronte dorme – eu sei da respiração e das grossas sobrancelhas. Eu sei do tempo que ele leva para adormecer. Eu sei do calor que o corpo dele produz dormindo, sei das pedras que dormem, sei do tempo – e ele está comigo, embora não saiba, embora ele seja apenas um pequeno animal em seu sono. Eu fiz uns rastros no barro. O sono dele são as marcas. Sei da pele do rosto e da pele do peito, sei das pálpebras e das membranas, eu sei do interior dele, mesclado, sanguíneo, estou ali como um guardião. E nada que diga respeito ao sono dele me escapa, nenhuma tragada de ar que ele inspira me escapa, nenhuma rajada de ar que ele expira me escapa. Eu estou ali, como uma presença, como uma rocha. Ele deve estar dormindo agora. Eu velo pelo corpo compacto, eu velo pelas veias muito finas que irrigam a massa cerebral, eu velo pelo coração dele e pelas coronárias, eu velo pelos olhos cobertos, eu velo pelo sexo, eu velo pelos pêlos que da face dele despontam, eu velo pelos pés, eu velo pela face, eu velo pelas mãos e pelos dedos das mãos, eu velo pelo dorso sinuoso e pelas espáduas, eu velo pelo ventre. Aonde foste, que velo por teu sono na distância? Em que câmara enfiaste a tua carne? Por que não te diriges a mim, com teu hálito? És um sopro, eu sei, e jamais te alcanço. Mas estou em ti, embora estejas fora de mim.

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a maçã em processo


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recebido em dom 15-03-2009 12:19
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