Para além da utopia... (II)
Crise académica de 1969.
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Em 1969, foram realizadas eleições livres, algo que não acontecia há três anos, já que a AAC era dirigida por uma Comissão Administrativa do Governo.
.«Concorreram duas listas às eleições. Uma, à esquerda, que era a do Conselho de Repúblicas e Organismos Autónomos, de onde eu saí como presidente, e uma lista conservadora, de estudantes ligados às comissões administrativas anteriores e ao regime político, defendendo a continuidade da tutela governamental na vida associativa. (...)
.Nós aprofundámos a nossa capacidade de resistência, sem esquercer que, na altura, havia em Portugal uma guerra colonial que durava há alguns anos, e em que os estudantes eram vistos como potenciais soldados na guerra colonial. Foi um momento de grande encruzilhada histórica, que correspondeu a um acréscimo de consciência cívica, política e cultural da academia de Coimbra.
.De toda a greve académica e do tempo de revolta estudantil, o mais marcante foi o momento inicial, o 17 de Abril, em que sou encarregue de pedir a palavra ao Chefe de Estado da ditadura, numa sessão pública, em nome dos estudantes da Universidade. Ele não me dá a palavra e à noite, quando saio da AAC, sou preso pela PIDE, às duas horas da noite, e libertado ao meio-dia do dia seguinte. Passado um ou dois dias suspendem-me. Não sabíamos o que ia aocntecer. Todos tínhamos a ideia de que era uma expulsão definitiva.
.Depois, desencadeia-se uma greve às aulas. O Ministro, num momento posterior, fecha a Universidade e começam estudantes a ir à polícia, a ser julgados e absolvidos. Depois, dá-se a maior greve de sempre da história da universidade portuguesa. Uma greve a exames,com 85% de adesão dos estudantes. Cerca de 200 estudantes são presos pela PJ e 50 de nós são incorporados, compulsivamente, no exército como traidores à pátria, apesar de todos termos direito a adiamento. (...)
Coimbra estava em pé de guerra. Foi uma ilha de liberdade, na altura. No Portugal da ditadura, durante vários dias e meses.» (Alberto Martins, Presidente da DG/AAC em 1969)
. posted by tiagofigo at 12:41 PM in Losango de História: Abril 2007
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Em 11 de novembro de 1940, os nazis fecham o acesso ao Gueto de Varsóvia o maior gueto judaico construido pela Alemanha nazi, com um muro ao redor. Nos três anos de sua existência estima-se que 310.000 pessoas morreram. Foto de 19 de Abril de 1945
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