Testamento ( a publicar)
O que me cabe de ti são as palavras
Nada mais habita o testamento do que me deixaste.
Dentro de mim a tua voz passeia omnisciente
sobe os degraus do meu corpo
e grita ousada e quente na posse profunda e feroz.
Só as palavras nos pertencem
porque tudo o mais é labirinto e imaginação
Estas nossas bocas são louva-a-deus que se devoram
sem que os olhos se abram e desnudem verdades.
Cresces em mim e eu abro-te o centro de mim mesma
para que nele expludam os céus e as marés.
Mas apenas te sonho e te aconchego sem pressas, nem temores.
A tua presença ficou agarrada às maçanetas das portas
e aos cortinados flutuando nas janelas. Tudo respira o teu hálito.
Eu trago o sorriso a tremer, corredor fora. Busco fantasmas
de uma ausência bruscamente afirmada.
Mas nada mais existe e necessito
e a vida que me resta, está toda nas palavras que me cabem.
© Margarida Piloto Garcia.
(todos os direitos reservados)
Foto de Iaia Gagliani
O que me cabe de ti são as palavras
Nada mais habita o testamento do que me deixaste.
Dentro de mim a tua voz passeia omnisciente
sobe os degraus do meu corpo
e grita ousada e quente na posse profunda e feroz.
Só as palavras nos pertencem
porque tudo o mais é labirinto e imaginação
Estas nossas bocas são louva-a-deus que se devoram
sem que os olhos se abram e desnudem verdades.
Cresces em mim e eu abro-te o centro de mim mesma
para que nele expludam os céus e as marés.
Mas apenas te sonho e te aconchego sem pressas, nem temores.
A tua presença ficou agarrada às maçanetas das portas
e aos cortinados flutuando nas janelas. Tudo respira o teu hálito.
Eu trago o sorriso a tremer, corredor fora. Busco fantasmas
de uma ausência bruscamente afirmada.
Mas nada mais existe e necessito
e a vida que me resta, está toda nas palavras que me cabem.
© Margarida Piloto Garcia.
(todos os direitos reservados)
Foto de Iaia Gagliani
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