Voz do comando final
Destoutra rebelião,
Mesmo que eu diga que não,
Que te erga o punho e proteste
Negando que aqui vieste
Sem bater, nem dar sinal,
Pôr fim, a bem ou a mal,
A quanto sobre à função
De ir conjugando alma e mão
Em versos que me não deste
E, decerto, não escreveste,
Mas nos quais deixaste o sal,
De nada me servirá,
Mas… que fazer, se esta vida
Me pede pr`a ser vivida
Toda do lado de cá?
Sei que, nem boa, nem má,
Esse teu ciclo cumprindo,
Não te orgulhas de ter vindo
E, à força de tão cumprida,
Tanto te faz que eu decida
Dizer que de ti prescindo…
Alguns chamam-te destino,
Eu, muito pelo contrário,
Dar-te-ei, de modo vário,
Um nome menos latino,
Mais simples, mais pequenino,
Em jeito de desafio
Pois, já que morro de frio,
De ti cobro o estranho erário
De mudar-te o corolário
Nas contas que aqui desfio!
Aqui deixo, à revelia
Da vontade que nem tens,
Como se escólio de bens,
O nome que me ocorreu
Pois, nem inferno, nem céu,
Antes sal de humana origem,
Me surge em estranha vertigem
Num verso a que não convéns
Já que terminá-lo vens
Quando o sei ser muito meu,
Ponto final que resultas
De um percurso acidentado,
Circunstância, tempo errado,
Poder no qual nunca exultas,
(Sei que as pessoas mais… “cultas”
criticarão quanto digo,
mas, “isto” nasceu comigo
e trago-o tão bem pensado,
tão sentido e tão estudado,
que ouso e desdenho um tal p`rigo!)
Coisa comum que magoas,
Banalidade inclemente
Que arrebatas são, doente,
Gentes mesquinhas e boas,
Que, num segundo, atordoas
E noutro te retiraste
De quanta dor cá deixaste,
Só sei que fico contente
Por saber fazer-te frente
Quando te chamo “(con)traste”!
Maria João Brito de Sousa – 08.11.2013 – 14.31
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