Viva a Vida !

Este blog destina-se aos meus amigos e conhecidos assim como aos visitantes que nele queiram colaborar..... «Olá, Diga Bom Dia com Alegria, Boa Tarde, sem Alarde, Boa Noite, sem Açoite ! E Viva a Vida, com Humor / Amor, Alegria e Fantasia» ! Ah ! E não esquecer alguns trocos para os gastos (Victor Nogueira) ..... «Nada do que é humano me é estranho» (Terêncio)....«Aprender, Aprender Sempre !» (Lenine)

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

No campo da morte lenta - TARRAFAL -




* Gilberto de Oliveira

No céu as nuvens em densa atmosfera,
“premendo" os montes, o horizonte, a vida,
á mais angustiante, funesta e deprimida
das existências que nos dilacera.
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No chão o lixo - que vergonhoso era! -
em pó, em ossos, em erva ressequida,
medrando a esmo, como enlouquecida
fecundação de torpe primavera.
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Por fauna, aves negras e guerreiras
de garra adunca e bicos de morder,
só rapinando em lutas traiçoeiras.
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Por flora apenas, ainda por crescer,
quase mortais, raquíticas purgueiras ...
e nada mais que se pudesse ver. (1)

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1 - No outro dia, véspera da anunciada chegada do "Guiné" em que embarcaríamos com destino ás nossas terras, passámos o tempo a passear - eu e os meus dois companheiros de saída antecipada - circundando as proximidades do Campo para além das zonas nossas conhecidas, isto é, a zona das pedreiras, bem como do lado oposto, a da praia do Chão Bom, onde fomos fazer uma última despedida aos nossos camaradas que ficavam no cemitério do Tarrafal. A sensação que me ficou desse passeio foi tão triste e desoladora pelo que vimos de miséria nos raros sítios habitados pelos indígenas naquela faixa da ilha que, ainda hoje evocando a desolação da vida daquelas gentes, a pobreza dos quase buracos em que habitavam e das refeições cozinhadas ao ar livre sobre simulacros de fogo alimentado com bosta seca colhida pelos caminhos, o seu muito sofrimento que se imprimira no meu espírito durante aqueles anos vividos em amarga aridez, traduzi nestes versos.

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Chão Bom (em Crioulo cabo-verdiano (escrito em ALUPEC): Txon Bon) é uma aldeia a noroeste da ilha de Santiago, em Cabo Verde.
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A norte da mesma aldeia, fica um tristemente célebre campo de concentração, onde eram encerrados os inimigos políticos do regime ditatorial de Salazar. Este local era denominado por Colónia Penal do Tarrafal, tendo sido para lá enviados os primeiros prisioneiros (157) a 29 de Outubro de 1936, tendo lá falecido cerca de 40 detidos. O primeiro a falecer foi Pedro de Matos Filipe em 20 de Setembro de 1937. Foi encerrada em 1954, tendo sido reaberta em 1961, especialmente vocacionada para presos políticos africanos.
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in Wikipedia
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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

A MINHA CIDADE

* Maria Mamede

A minha Cidade não se chama Lisboa
não tem cheiro a sul
nem por ela passa o Tejo
mas como ela, tem Nascentes
leitosos e marmóreos...
na minha cidade os Poentes são de ouro
sobre o Douro e o mar
e só ela tem a luz do entardecer
a enfeitar o granito,,,
na minha cidade, tal como em Lisboa
há gaivotas e maresia
mas não há cacilheiros no rio
há rabelos
transportando nectar e almas...
da minha cidade nasce o Norte
alcantilado, insubmisso
e o sol, quando chega, penetra-a
delicadamente, carinhosamente
depois de vencido o nevoeiro...
na minha cidade também há pregões
gatos, pombas, castanhas assadas e iscas
e fado pelas vielas, pendurado com molas,
como roupa a secar nos arames...
a minha cidade tem também tardes languescentes
coretos nas praças
velhos jogando cartas em mesas de jardim
e o revivalismo de viúvas e solteironas
passeando de eléctrico...
é bem verdade que na minha cidade
a luz, não é como a de Lisboa
mas a luz da minha cidade
é um frémito de amor do astro-rei
a beijá-la na fronte, cada manhã!...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A unidade entre socialismo e movimento operário. Uma questão candente

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O João Aguiar, das Vinhas da Ira deu conhecimento do seguinte:
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«Foi hoje publicado o artigo da minha autoria "A unidade entre socialismo e movimento operário" em o diario.info
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Visita, discute, divulga.
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Um abraço a todos»
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Este é o início do artigo:
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«A unidade entre socialismo e movimento operário. Uma questão candente
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A derrota das experiências de construção do socialismo na ex-URSS e no leste europeu representou uma perda para todos os povos. Para os povos que se propuseram construir uma nova sociedade, já que a reintrodução do capitalismo puro e duro nas suas sociedades trouxe um cortejo de desigualdades sociais, destruição de serviços públicos e mesmo a redução da esperança média de vida. Para os restantes povos, pois perderam um factor de contenção das garras do imperialismo e das dinâmicas mais puramente mercantilistas do capitalismo nos seus países”. »
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cuja continuação se encontra em:.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

SOMBRA DA GUERRA COLONIAL



Carne Fresca

Antunes Ferreira

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T
irou a folga do gatilho e voltou a apurar a mira. A palanca, imóvel, levantou o focinho, parecia cheirar algo, não sabia o quê. Raspou o solo capinado, com um tanto de nervosismo, os cascos restolhando nos cotos da erva segada. Lingrinhas pensou um, dois milésimos de segundo, quiçá três, mesmo cinco. Assim faziam os touros mansos antes de investirem. Por isso disparou.

O animal saltou para a frente, como que começando a corrida, mas ficou-se no arranque, como que suspenso no ar, parado no tempo e no espanto. Caiu de lado, esperneando, nos estertores de quem acaba, seja bicho ou homem. Caralho, Lingrinhas, deste-lhe na mouche! Dois pontos para o Lisgás! Porra, essa foi do suco da barbatana!

Os cinco soldados – tinha saído uma secção incompleta a ver se abastecia de carne fresca a companhia, farta de enlatados, de bacalhau sem batatas e linguiça em pão duro e bolachas Capitão – quase o levavam aos ombros. Ó pá tu és um meia-leca, se os turras te atacassem, punham-te debaixo do braço e ala que se faz tarde… Mas, no fogacho ninguém te bate!

Por alguma razão o capitão Malveira tinha mandado o Cristóvão Lingrinhas, mais o quinteto de camaradas ao açougue da mata. Era quase certo. O trinca-espinhas traria bifes e costeletas e lombo e perna e todas essas coisas que um homem quer ter quando voa para o rancho. Já não apanhamos mais nada, o eco assustou os animalejos, vamos embora.

Nem pó. O caçador cheirava presa, algo mais viria para enriquecer a despensa do aquartelamento e os desejos gastronómicos da soldadesca. Os cinco, entre o medo de uma qualquer merda – já bastava o que bastava – e a gula de cascata na boca, começaram a falar fininho, por causa das moscas – e do resto.

Andavam por ali uns quantos cabrões, que se intitulavam a eles próprios guerrilheiros, comandados por um tipo que infundia cagaço ao mais pintado. Era um tal Mata-Mata, mulato, dono de uma carabina Mauser de precisão, com mira telescópica, prenda do pai branco, que onde punha o olho punha o chumbo. Era igualmente caçador, mas de soldados tugas, não se sabendo se se dedicava a outras sortes cinegéticas.

Ó pá, talvez fosse mais seguro pegarmos no animal e leva-lo para a esfola e a panela. Basta pensar que nos podemos meter em trabalhos, uma alhada nunca vem só. Depois, com estes filhos da puta, nunca fiando. Chico Cristóvão nem lhes dava troco. Vamos apanhar a palanca, meter-lhe umas varas para ser mais fácil de transportar, tipo padiola. Quatro levam-na para o quartel; o Sebastião vem comigo. Não se desorientem, seus atrasados mentais. E voltem logo para levar mais caça.

O silêncio ouve-se

Sebastião deitou contas à vida. O sacrista do Lingrinhas ainda lhe arranjava uma valente enrabadela. E os pretos, dizem as meninas do Bairro Operário, têm a piça grande. Da-se, nem pensar nisso que lhe sobe um arrepio pela espinhela acima. Ó camarada, e se nos puséssemos na alheta? Medricas, sempre me saíste um bom mariquinhas pé-de-salsa. Aqui não morre ninguém, muito menos te tocam no cu, estamos quites.

Mas de alimária – nada. Até os macacos, empoleirados em seus galhos, deixaram de guinchar. O silêncio na mata ainda é mais opressivo. O silêncio ouve-se. Tal como o barulho. Os dois deitam-se no leito de folhas secas da floresta. Vai um cigarrito, Lingrinhas? És mesmo uma besta-quadrada! Lume aqui? Mas foste tu que acabaste de dizer que não nos pode acontecer nada. Cala-te e nada de piriscas.

Emboscados, por entre troncos apodrecidos, pensavam que confundiam o camuflado com os tons do que os rodeavam. Esperavam. Presa ou os transportadores de carne fresca. Quem seria o primeiro? Sebastião, a quem chamavam na companhia o come-tudo, sem ou com colher, lembrança da canção dos putos, avançou um tímido estou cheio de larica. O comparsa nem lhe respondeu. Se calhar nem lhe ligou nenhuma.

A ramaria deixava coar uma luz cada vez mais esparsa, avermelhada do poente. Um tiro, um só. Sebastião nem soltou um pio. Pedaços da mioleira esfacelada saltaram sobre o Lingrinhas que se enfiou ainda mais, se possível, pela podridão vegetal. Segurou com força a G3 de mira também telescópica, como a da arma do Mata-Mata. E se fosse o gajo?


Houve um tropel de cascos misturado com botifarras calcando o solo pegajoso. Eram os militares que voltavam e tinham ouvido a detonação. Pelo ruído, corriam. Mas, por trás de uma moita agigantada surgira um burro do mato, grande e encorpado, fora do normal. Um verdadeiro desafio para o Portuga. Uma provocação.

O Chico não podia levantar-se, o bandalho fuzilá-lo-ia, mas o vício era desmesurado. Ou lhe atirava a matar ou as entranhas saíam-lhe pela boca, pelo olho de trás, pelos poros. Os soldados gritavam por ele, aguenta-te Lingrinhas que estamos a chegar, não te vás abaixo! E chegaram, ofegantes, disparando um tanto à toa, assim os turras não respondiam, tinham medo de dar a posição deles. Ou dele, pensou Cristóvão, enquanto mecanicamente disparava – mas sobre o animal. Qual Sebastião, este caiu de chofre, sem qualquer hipótese.

Já um pouco afastado ouviram um berro de ameaça – eu volto! Promessa sangrenta que sabiam que iria ser cumprida. E uma gargalhada de bazófia, mas também da consciência do medo que infundia. Era o Mata-Mata, não havia dúvidas, a maneira de falar dos brancos, mulato fino, voz rouca. Ele voltaria, não se sabia quando, mas voltaria. Cumpriria o prometido, era homem de palavra.

Dois cadáveres

Regressaram os soldados, com dois cadáveres aos ombros: o burro do mato e o Sebastião. Ou vice-versa. A recepção que se antevia eufórica no pressuposto de mais carne fresca, enlutou-se com a carne também fresca – mas do magala desditoso. A tudo assistia o Lingrinhas, esbodegado, como se lhe tivesse passado um cilindro das estradas por cima, lágrimas ensacadas, um homem não chora.

O capitão Malveira chamou-o ao seu «gabinete» numa jotacê e perguntou-lhe se achava bem o que tinha causado. O Sebastião, de resto, era um gajo porreiríssimo e um paz-de-alma. Tocador de acordeão. Se não tivesse sido a tua estúpida ideia de dar mais uns tiros, o rapaz ainda estava vivo. Mas tu pensaste, cabeça de atum em lata, que estavas no Parque Mayer com as putéfias a regougar – vai um tirinho, freguês? A pensar morreu um burro, meu sacana!

Não estou a gozar. Isto não é para brincadeiras. Estou fulo. Estou fodido! Vou mandar levantar-te um auto de corpo de delito por homicídio involuntário. O nosso alferes Lucindo trata disso. Vais ver como elas te mordem. Nunca mais vais esquecer isto. E, a partir de agora, só sais com a canhota para combate. Meia volta, volver. Rua!

Estava metido numa boa alhada. Maldita a hora em que cheirara presa. Maldita a hora em que a mãe o parira. Esperava-o um futuro bem negro. Um auto de copo de litro, como os taratas gostavam de arremedar, atropelando a versão correcta. Como os que diziam auga em vez de água. Caraças, todo este torvelinho de ideias lhe vinha à cabeça – de atum em lata?

E o Sebastião? E a mulher do Sebastião, Gracinda de seu nome, 23 anos empinados? E a filhinha do Sebastião, Laurinda, a Laurindinha, doze meses incompletos, fazia anos a 22 de Setembro? E os pais do Sebastião? Que fora um camarada ali para as curvas, não dizia mal de ninguém, nada de coscuvilhices, nem intrigas, muito menos fum-funs ou gaitinhas. Estava para ali a cismar no seu futuro, quando o do desgraçado não era nenhum. Apagado, como fósforo queimado.

Uma grande cagada. Não tivesse ele mandado os outros levar a palanca e o Sebastião que ficasse com ele e outro galo cantaria. Assim, o galo fora do come-tudo, para ali espapaçado nas folhas podres, descapotado, os miolos espalhados em redor, até nele, Chico Cristóvão. Um arrependimento, tardio e enviesado, espalhava-se-lhe pela casquimónia. Que lhe restava agora? Nada. Mas, muito menos do que ao Sebastião.

Não te mortifiques

Muitos praças olhavam-no de viés. Já não bastavam os terroristas, também este cabrão, resmoneou o Marques açoriano da Fajã, às vezes nem se entendia o que dizia, mas agora não. O Fagundes, apontador de morteiro, agarrou-lhe um braço e afastou-o da censura quase generalizada. Ouve, Lingrinhas, ouve. Ouve-me e não me copules. Escuta-me filho duma pega.

Toma nota. O destino já tinha marcado a hora do Sebastião. Não tens que te mortificar e assumir a culpa. Limitaste-te a tentar trazer mais paparoca para os dentes da malta. Estivesse eu no teu lugar e, se calhar, fazia o mesmo. Essa gajada – deixa-a falar. O que tu bem sabes é que eles cobiçam-te a pontaria. O olho, salvo seja. Atira para trás das costas e não te enterres a ti próprio.

Enterrar. Enterro seria o do Sebastião, caixão desembarcado no Puto, a viúva em ânsias, os pais amarfanhados, a menina no carrinho, já dando os primeiros passos, nunca junto à cova do pai. Assim, não vais a nenhum lado, Lingrinhas. Assim consomes-te por dentro, comes-te a ti próprio, dizia o Prof. Candeias que serias um autofágico, lembras-te?

De passagem: enterrar sim, mas outra coisa, naquela moça do bengaleiro do cinema Império, mestiça danada, calças justas, segunda pele a azul ponteado, um par de mamas viçosas e tesas, sem sutiã, que nós bem lhe vimos os mamilos desenhados na camiseta encarnada debruada a preto. Aí sim, aí enterrava até aos tomates e tenho a certeza de que ela se rebolaria como uma cabra no cio.

Repara Chico, e só estivemos em Luanda, no Grafanil, oito miseráveis dias e umas horas. A fita era a mesma, A Revolta na Bounty, com o Marlon Brando, mas fomos lá cinco vezes. Já sabíamos de cor o enredo, o motivo do desatino era a moça morena. De canela, Lingrinhas, morena de canela, mulatinha. Mau. Mulato era o Mata-Mata que enfiara o balázio na fronha do Sebastião. Ele dissera que voltaria. Quando o fizesse, ele, Chico Cristóvão estaria lá, à sua espera.

Com o rodar dos dias, as folhas do calendário que tinha à cabeceira - com uma louraça abonada e de peito ao léu, rapariga muito cobiçada ainda que de papel, frente à qual muito boa gente esgalhara uma pívia à maneira – foram-se arrancando. No mato, sem sanzala perto, era uma merda, e mais a mais as palmas das mãos não tinham cabelos. Mas era o que havia.

O fradalhão de Santa Comba

Filha da puta de guerra era aquela. O Fagundes, pela calada da noite, abria-se em palavras sussurradas – à sorrelfa. Os gajos tinham razão em quererem a independência. O Brasil era um exemplo. E os africanos estavam agora a dar cabo da colonização. Isto não são províncias ultramarinas, são colónias. Em Lisboa até há um bairro das colónias, se não sabes, aprende que eu não duro sempre.

E acrescentava, cada vez mais baixinho, que o maricas do fradalhão de Santa Comba – quem? – o Salazar, meu animal, o Botas, é que mandava o pessoal apanhar no cu, sacrifício ignóbil e inútil, porque aquilo ia acabar mal para a malta. Destas conversas de cobertor participava o Machado, sacristão na civil, até comentava que o Fagundes era comunista, igualzinho ao tio Serafim, que fora apanhado pela PIDE e estava a ferros em Peniche. Não sou, mas podia muito bem ser. Bons sonhos.


José Malveira, capitão de Infantaria (QP), decidira, face aos constantes ataques, agora já não apenas na picada, mas ao aquartelamento, que um pelotão reforçado iria montar uma emboscada, junto ao carreiro da água. Dali vinham disparos nocturnos e, até, pelo entardecer, barbaramente certeiros, eu cá seja ceguinho se não é o Mata-Mata.

Cristóvão ofereceu-se, o grupo de combate nem era o dele, mas foi. O comandante – águas passadas não movem moinho – aceitou, já que se tratava de acção de combate e a pontaria do Lingrinhas fazia muito jeito. E como em tempo de guerra não se limpam armas, o caçador seguiu. Fagundes, agarrado ao seu eterno morteiro, ainda lhe disse que não se devia ter metido naquilo pelo que quer que fosse.

Agachados, ajoelhados, deitados por trás de sebes de verdura húmida, os emboscados aguentaram horas. Que já pareciam dias, senão mesmo semanas. Nisto, um restolhar manso e suave, quiçá um descuido sem razão, entrou pelos tímpanos da malta. Eram eles, não havia dúvidas. Por gestos, passaram palavra. Uma secção por ali, outra por acolá, aqui ficam os restantes. Chico à cabeça da primeira, o alferes Janica em seguida.

Os guerrilheiros, sem disso se aperceberem, já estavam cercados. A um berro do capitão, voaram as primeiras granadas de mão, encheu-se a mata de fogachos, gritos e insultos, fumo e metralha. E sangue. Chico nem disparara. Mexia-se sorrateiro, pé após pé, arma em riste, dedo no gatilho. Pela cabeça – de atum em lata? – passava-lhe o Sebastião tocando o acordeão, nisso era um alho. Mas igualmente o desejo lancinante de encontrar o Mata-Mata, que devia andar por ali.

E, de chofre, ficaram cara-a-cara, espingardas expectantes, quase a dois metros um do outro. O Lingrinhas e o Mata-Mata. Quando dispararam, em simultâneo, ainda disseram um para o outro – é o Chico, porra!, é o Lourenço, foda-se! Ficaram de papo para o ar, a linfa vermelha esvaindo a vida aos borbotões, empapando o solo ele próprio revoltado.

Tinham andado na mesma escola, veio depois a saber-se, o Francisco da Costa Cristóvão e o Lourenço da Silva Mendes tinham feito a primária juntos, sentavam-se na mesma carteira. Eram como irmãos, melhor, eram amigos. Que diria a Dona Alzira se soubesse que se tinham matado um ao outro, em Angola, na mata, no caminho para o Quitexe?

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in http://travessadoferreira.blogspot.com/

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O LEGADO DAS PALAVRAS



* Maria Mamede

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Nas minhas veias, não corre somente sangue Português...(o que quer dizer Celtibero, Lusitano, Grego, Romano, Vicking) mas por inconsciente opção genética avoenga, também Galaico Duriense, Basco, Catalão, Britânico e Francês (Parisiense), o que faz de mim esta amostra híbrida de gente do mundo.

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De todos eles, sinto algum defeito e alguma qualidade; em todos eles encontro algo com que me identifico; em todos eles me debruço, olhando-os apenas de uma vida, esta que estou vivendo desta vez!

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A todos eles admiro e por todos entristeço; de todos eles vejo marcas, nos achados arqueológicos que me espantam e me dão a vontade da procura, nos traços fisionómicos da minha gente (tão iguais e tão diversos) e muito especialmente nas palavras,(topónimos, vocábulos) porque as palavas são o que mais me encanta e o que mais amo.

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Através delas, comunico melhor os meus sentimentos, todos os sentimentos; através delas consigo compreender melhor, o que fui, o que sou, os meus legados genético-sociais e idealistas que aos meus vindouros entrego, com todo o amor e humildade de que sou capaz.

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As palavras sempre tiveram lugar cimeiro na minha vida, a par dos pensamentos.

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Elas me têm ajudado a sobreviver a "naufrágios", "incêndios" e todo o tipo de "catástrofes" de alma, de coração e de mente e em alturas de crise, têm sido elas o farol maior na minha vida.

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Foi com elas que aprendi a dizer "Mãe"!

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São elas que me dizem da Fé, da Esperança e do Amor.

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E são elas que me lembram:

- que se há Tempestade, há Bonança

- que se há Treva, há Luz

- que se há Guerra, há Paz

e que sempre, sempre, pode haver AMANHÃ!...

domingo, 26 de agosto de 2007

ainda sobre o Rimance da Biblioteca Municipal

Antunes Ferreira disse...

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Pasmai, senhores, o Nogueira
É poeta dos pés à cabeça
Quer queira, quer não queira
Rima certo, não tropeça.
Ó Victor toma cuidado
Podes ser de novo tramado…

Bibliotecas aos milhares
Por este pobre Portugal
E escolheste pra malhares
A da Câmara Municipal.
Ó Victor toma maneiras
Cuidado com as prateleiras

Deixo aqui um comentário
Tão isento quanto quero
Sem ouvir o Comissário
Vou levar porrada, espero.
Porque a tua versalhada
Foi feita à ponta da espada!

Agosto 21, 2007

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Travessa do Ferreira

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Ao (es)correr da pena e do olhar: RIMANCE DA BIBLIOTECA MUNICIPAL

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Ao Sabor do Olhar

Sobre

Jack II


Pedro Branco disse...
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Basta-me o horizonte para te encontrar
Do outro lado da minha memória
No outro lado do teu olhar
Onde me procuras, no fundo da tua história
Para de novo te deixar ficar
À solta nos pensamentos...
Sao assim os momentos
Em que entro de novo em ti, sem idade.
Porque tudo o que importa também é amizade.
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Cumprimentos na 1ª visita.

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25 de Agosto de 2007 13:08

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Victor Nogueira disse...
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Olá :-)
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Dei pela tua passagem por um dos meus blogs (uma das minhas 6 chagas, como digo na brincadeira) e vim dar uma olhadela pela janela que abriste ao Sabor do Olhar. Agradeço a tua visita e sobretudo as tuas palavras. Encontrei um blog simples e original, por onde perpassa, parece-me, numa leitura em diagonal, uma certa tristeza. Mas voltarei.
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As palavras deste post assemelham-se um pouco com aquilo que eu às vezes de mim digo: um pouco de mim fica sempre e vem comigo com as pessoas que conheci e das terras onde estive. Nada desaparece e tudo fica, às vezes como um peso plúmbeo, outras como ave liberta em busca do sol e do mar.
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Um abraço

Victor Manuel

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25 de Agosto de 2007 13:57:00 GMT

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Eu visitei Das palavtas que nos unem e convido-vos a passar por lá. (VN)

sábado, 25 de agosto de 2007

D'O Cantinho da Zé

Jack II
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Às vezes, na ilha Graciosa, eu subia o monte e sentava-me num certo banco de pedra. Alguém me tinha dito que naquela direcção, sempre em frente, do outro lado do mar profundo, ficava Lisboa.

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Às vezes, em Braga, eu subo ao monte e perco-me à procura das belas ilhas a ocidente. Falta-me o mar.

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Não lamento o que deixei para trás ao voltar ao continente, apenas tenho saudades.

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Foi dos meus momentos a olhar o horizonte que me lembrei quando recebi a bela foto do Jack II, o cão que gostava de olhar para o Brasil :)

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

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Cá para mim o Jack era um cão com bom gosto. Obrigada, Victor.
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2007.08.20
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Comme un rendez-vous em

O Cantinho da Zé

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Olá, Zé :-)
Amor com amor se paga, é da sabedoria popular. Em nome do Jack II, digo que ele, lá no etéreo espaço onde repousa, me disse em sonhos que ficou muito encantado e orgulhoso em ter possibilade de rever-se no tempo em que por cá andou. E envia tb um abanar de cauda à Paloma, que também considera mui charmosa! Como está calor, ficam ambos «refrescados» com a brisa do abanar. (VN)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

SE AO MENOS EU NÃO VISSE !

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* David Santos
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Tanta guerra, tanta guerra;
tanta guerra, tanta morte...
São todos da mesma terra,
mas sem ter a mesma sorte!
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Domingo, Novembro 05, 2006
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david santos disse... (1)
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Olá, Victor!
Agradeço o tema. É sempre muito importante encontrarmos blogues que se esforçam por nos relembrar ou ensinar algo. Parabéns. Fiquei muito contente por ter passado por aqui. Obrigado.
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(1) ... em Ao (es)correr da pena e do olhar, a propósito do post Evolução do Conceito de Direitos Humanos. Não é a 1ª vez que comenta, pelo que espero me não leve a mal a reprodução dum seu post em «SÓ VERDADES». Podem visitá-lo clicando na hiperligação. (VN)

Marteladas Sinistras



* Gilberto de Oliveira

Mais marteladas sinistras ...
... ecos de morte na noite
no Vale da Achada Grande ...
mais um caixão se fazia,
pois outro preso morria.
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Quando algum não urinava
por biliosa fatal,
era a morte que rondava
os presos do Tarrafal.
As próprias vítimas presas,
com a dor no coração,
socorriam se das mesas
fazendo mais um caixão.
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Na mágoa que a noite cobria
p'las marteladas ouvidas,
nenhum preso ali dormia ...
... angústia e dor repetidas.
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Noite e dia acompanhado
pelos companheiros de então,
por turnos era velado
até sair o caixão.
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Mais uma mesa faltava,
Mais uma cruz de cimento,
Mais um preso que afirmava
no cemitério local
o combate tão cruento
dos vivos do Tarrafal.
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Breve Biografia:posted by Daniel Melo @ 11:29 AM
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José Gilberto FLorindo de Oliveira:preso pela 1.ª vez em I/1933, como dirigente das Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas. Saiu em liberdade em III/1935. Participou no VII Cong.º da Internacional Comunista e no VI Cong.º da Internacional Juvenil. EM VII/1936 é novamente detido, sendo enviado para o Tarrafal, onde fica enclausurado até I/1946. Participou no II Cong.º Ilegal do PCP (1946). Passou entretanto à clandestinidade, aí permanecendo durante vários anos(fonte: AAVV, Tarrafal - testemunhos, 4.ª ed., Lisboa, Edt. Caminho, 1978, p.336)..


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Nascido em 1915, já falecido - O meu amigo Gilberto de Oliveira é referido num post do Kant_O_XimPi em 2007.06.14
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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

TOMAR e CONVENTO DE CRISTO


Título: FRAGMENTOS

Local: Tomar - Convento de Cristo.

Autor: Maria P.

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NOTA - Apresentação de Maria Pedrógão

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«Sou apenas a inquilina da Casa, com algumas assoalhadas para partilhar: Coisas do Sótão; 123, diz outra vez!; voz do povo; Na última gaveta; ...era uma vez; Da janela Norte; Da janela Sul; Ao anoitecer; Ao amanhecer; Ao entardecer; mitos & milho-rei; Aforas; Autores.»

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Eu gosto da Casa de Maio e de passar por lá. Tem interessantes fotos, geralmente da Maria P., para além de breves textos, a maioria sintéticos, mesmo que seja d'outrem a autoria. Passem pois pela Casa de Maio, onde a luz da entrada está sempre acesa: é já ali. Podem apanhar o comboio para a Casa de Maio

Se quiser conhecer mais de Tomar a partir desta foto, pode dar um saltinho até AQUI, em Tomar

Victor Nogueira

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

No Leito da Vida: Uma tragédia em dois actos ~ Rui Pedro Gato


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Foto Victor Nogueira


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* Rui Pedro Gato
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A tarde dissolve-se sobre a terra, sobre a nossa casa. O céu desfia um sopro quente nos rostos. Acende-se a lua, e com ela acende-se o teu rosto apagado, cansado, derrotado. O rosto ausente de ti.
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Olhas o vazio que em cima tens, o tecto. Eu choro o vazio que em ti me lembra o chão. A lua foca-te como se numa peça de teatro na qual eras a actriz principal, fizesses o monólogo final. Calada, imóvel, condenada. A lua eterna foca o cair do teu pano.
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Foi sob esta mesma lua que nos beijámos a primeira vez. Lembras-te? Eu lembro-me. Lembro-me como se não tivesse acontecido. E tinhas tu 17 anos. Parece impossível. Já fomos jovens...eras linda. Tinhas vida que dava para ti e para mim. Eras jovem. E eu estava lá, nos teus 17 anos... Lembras-te? Lembro-me como de cima da colina te dei a cidade, com todas as suas luzes. Como de cima da colina víamos a cidade insignificante e ignorante de nós. Adoravas que te levasse a passear de carro. E eu adorava ver os teus olhos brilharem. E ao som do piano de Chopin fizemos amor pela primeira vez, quando os teus pais tinham ido ao norte ver a tua prima Matilde. Lembro-me tão bem. Eras linda e jovem. Abraçaste-me e eu protegi-te e prometi que nunca mal algum te iria acontecer. Beijei-te a testa e os teus olhos brilharam. Eu namorava com a Graça na altura. Lembras-te? Eu lembro-me que eras linda.
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A vida dissolve-se sobre a terra. Sobre o tempo que imóvel nos vê passar. A vida continua lá fora, e tu vais continuar a morrer aqui dentro e a não te lembrares que me amas. Não te lembras que fui jovem? Hoje um velho careca e gasto olha-me do espelho. É normal que não te lembres de mim. Nem eu próprio me reconheço nesta carcaça bolorenta. Ao lado da tua cama uma foto transporta-me 60 anos no tempo. E tens 20 anos. Eras tão linda, na tua camisa de dormir, a tua camisa transparecia um corpo que por todos os poros transpirava feminilidade. A tua pele jovem e macia. Nunca beijei pele mais macia. O teu cabelo despenteado caído sobre os teus brilhantes e felizes olhos... Foi pouco tempo depois que engravidaste. Lembras-te? Lembro-me como choravas quando me contaste. Fiquei sem fôlego. Olhei a cidade lá em baixo e a sua insignificância devolveu-me a mim. E decidi. Lembro-me como choraste com a minha decisão. Mas decidimos bem. Tratei de tudo. Paguei tudo. Tenho pena que essa acção te inviabilizasse de ter filhos até hoje. Mas não tínhamos outra opção na altura. Juro-te que eu não tinha. Afastaste-te de mim... Mas voltaste. Sabias que me amavas. Mais linda que nunca com os teus olhos brilhantes. Foi a opção correcta.
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Os teus olhos baços, sem vida continuam a olhar o tecto. Que pensarás? Pensarás? Serás alguém atrás dessa ausência? Essa doença que te consumiu ao longo destes últimos anos. A doença que apagou tudo o que te fazia ser. A tua memória.
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Gostava que te lembrasses daquele dia em que vim de propósito de Londres. Eu lembro-me. A tua mãe tinha morrido. O céu pesava nesse dia, e eu chorei contigo. Lembraste como era raro eu chorar? Chorei contigo. E prometi-te que eu não morria e tu prometeste-me que não morrias... o que estás a fazer agora?

Que sentido faz eu ficar cá depois de desapareceres? Com quem vou amar o passado amanhã? A quem vou dizer que eras linda e jovem? O que me impede de me deitar a teu lado e morrer contigo?

Já é noite, o sopro continua quente e abafado... era noite também quando vimos na televisão o Armstrong pisar a lua. E ao mesmo tempo que os teus olhos brilhavam maravilhados e sonhadores eu te dizia que uma montagem de uns americanos dissimulados não me enganava. Mas no fundo, cá dentro, também sonhava. Foi nesta casa que te comprei que assistimos ao “pequeno passo.” E foi nesta mesma janela por onde o sopro morto entra que ficámos madrugada dentro e me prometeste que um dia lá faríamos um piquenique. Lembras-te? A lua eterna continua distante...a diferença é que hoje também distante estás. E eu no meio das duas...a lua eterna e tu, finita.
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As tuas mãos estão geladas... não se ouve nada neste quarto senão o meu pensamento e o teu arfar cansado. Dirijo-me para a varanda, também eu cansado...a rua continua a mesma...os mesmos postes, o velho marco do correio, a mercearia do Américo, a mesma rua continua a banhar a nossa casa. Lembro-me como se fosse hoje... dormias e eu, acabado de acordar, desta varanda vi um tanque passar, frente ao sr. Américo. E corri a acordar-te. Lembras-te? Quando percebeste o que se passava saíste de pijama de cravo na mão. E eu vi-te desta janela. Não vi o 25 de abril nas ruas. Vi o 25 de abril em ti.
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Estamos sozinhos, como sempre estivemos sempre que estivemos. E tu calada, na noite, pela calada, onde sempre fizemos tudo o que fizemos.
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Estás na cama, sozinha na tua cabeça, na tua doença. E eu na varanda, sozinho, prisioneiro do meu pensamento...Eras linda e jovem...
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Faz-se tarde. E hoje não posso ficar mais tempo. Sabes que dia é amanhã? Lembras-te? Faço 60 anos de casado com a Graça. 60 anos...Como nós passamos rápido pelo tempo. O Rodrigo e a Maria já devem ter chegado a Lisboa. E sabes como a Graça fica toda contente quando eles trazem os netinhos lá a casa. Vamos renovar os votos. Grande festa querem eles fazer. Vamos renovar a mentira que é a vida... e tu perdida aqui dentro...aí dentro de ti...
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O velho veste o casaco, ajeita o cachecol e senta-se mais uma vez ao lado da cama. Passou o dia todo num silêncio pesado de ouvir e durante 10 minutos não se ouve mais do que o respirar a conta-gotas da velha. Ele levanta-se e na cómoda liga o velho gravador de cassetes e sai porta fora como se nunca tivesse entrado. E na cama, no rosto da velha - não sei se do reflexo da lua, se do som de um piano intemporal – parece que por instantes luzem os olhos... como se ele nunca tivesse saído.
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Rui Gato 2779 AIS
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Fotografia de Victor Nogueira (Rui Pedro)
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    • Victor Nogueira Em tempo - o texto é do meu filho
      1 de Outubro de 2010 às 23:30 ·  ·  1


    • Alice Coelho lindo victor!!!! é impressionante como o passado longinquo se relecte num futuro tao proximo....

      os olhos relectem sempre as luzes vidas da alma....
      adorei!!!!

      1 de Outubro de 2010 às 23:31 · 


    • Lurdes Martins Já não me bastava o pai fazer chorar...
      2 de Outubro de 2010 às 12:13 · 

    • Victor Nogueira Lurdes, em que te fiz chorar ? Eu ???!!!
      2 de Outubro de 2010 às 12:16 ·  ·  1


    • Carlos Rodrigues 
      Que bem dito esse reflexo da Lua que nunca deixa de brilhar, nos olhos de velhos e novos e no leito da vida, quando se descreve tão bem o Amor. Parabéns ao filho e ao pai, Vitor, por que, muito bem o partilharam, conseguindo transmitir essaluz interior com que a experiência da vida, amarga ou acri-doce, sempre nos transmite e transforma, quantas vezes com a serenidade e o saber das dores que o tempo vai relativisando, no que nunca esquece.
      2 de Outubro de 2010 às 17:05 · 


    • Manuela Miranda NÃO SEI O K SINTO NESTE MOMENTO, MAS É MAIS UM LINDO TEXTO, MAS SEI K O MEU SENTIMENTO É POSITIVO E ESTE TEXTO TEM MUITO SENTIMENTO. OBRIGADA CONTINUE!!!!:-)))
      2 de Outubro de 2010 às 20:21 · 


    • Carmen Montesino Ia perguntar mas já vi a resposta em cima! Filho de peixe sabe mesmo nadar! Um abraço, amigo Victor, adorei!
      2 de Outubro de 2010 às 22:02 · 


    • Odete Maria Botelho Botelho Este texto trás mta. emoção.O meu amigo da margem direita do Sado tem uma grande alma, e um enorme coração.Gostei mto.Beijinhos!!!
      2 de Outubro de 2010 às 22:41 ·  ·  1

    • Victor Nogueira Odete - O texto é do meu filho Rui Pedro, que escreve melhor que o pai :-)
      2 de Outubro de 2010 às 22:42 ·  ·  1


    • Odete Maria Botelho Botelho Então parabéns ao filho que tem a mesma alma os mesmos sentimentos

      e que sabe transmitir as mesmas emoções que o pai.Deves sentir-te mto orgulhoso.Beijinhos amigo!!!!

      2 de Outubro de 2010 às 23:57 · 


    • Cecilia Barata LINDO E MTO BEM ESCRITO. GOSTEI IMENSO.OBRIGADA.BEIJINHOS, VICTOR!!!
      3 de Outubro de 2010 às 18:55 · 

    • Victor Nogueira Transmitieai ao Rui estes comentários a ver se ele levanta o astral e a auto-estima :-)
      4 de Outubro de 2010 às 11:43 · 


    • Maria Jorgete Teixeira Muito bem escrito, com uma extrema sensibilidade e maturidade nada comum num jovem da sua idade!

      Comovente e tão humano! Parabéns ao Rui e a ti que lhe soubeste incutir o valor das relações humanas e o amor à escrita!

      há 28 minutos · 
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1 comentários:

Maria disse...

Muito belo, seja de quando for, o que é bom não tem tempo.
Bj
Maria

1 comentários:

Belisa disse...

OLá

Gostei de ler, prende na leitura e imaginei o desenrolar da história. Fiquei triste mas a vida nem sempre nos alegra...e além do mais como escrita pode ser ficção...:)

Beijos estrelados