por Maria Clara Roque Esteves a Segunda-feira, 8 de Agosto de 2011 às 0:33
A DONZELA
Um ramo de raios de sol
Serpenteia serenamente e
Surpreende a donzela que depressa
Devassa o desejo.
Gestos perfeitos
Autoridade no coração
Labirinto de sensações
De curta duração.
Aparentemente
O sol parecia semear acalmias.
Amorosamente alguém apanhava e sentia
Viçosos malmequeres
Expressão simples de fantasia.
No corpo e na alma
Uma lógica de mel
Angústia marmórea na pele
Gotas grandes, azuis nos olhos e
Um enredo espantado
Traficando equívoco de saudade.
Antes que a lua soletre a tarde
A donzela desmorona a verdade
De lembranças frágeis
E chora num claro choro
Feridas de flor sem fruto.
No chão negro, parado e secreto
Estende os braços ao vento inquieto.
Acordam no céu as primeiras estrelas,
Fora do tempo, dentro do destino
A donzela adormece em orgulho divino.
Clara Roque Esteves
há 22 minutos · Gosto
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Victor Nogueira E retribuo com uma receita do milénio passado, quando ainda escrevia poesia ou o que tal dizem-me ser:
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RECEITA PARA UMA MENINA CALADA
Em toalha de renda
planta-se uma seara de gestos e palavras
sem novelo, q.b.
azul de amizade, macia como veludo
murmúrio do mar com sol a nascer
ósculos, dois, odoríferos
Estende-se bem e junta-se um traço de união
ternura e uma esmeralda.
Leva-se ao lume em fogo brando.
À parte no almofariz mistura-se
uma pitada de sal, pimenta, salsa, vinho e pão
Junta-se tudo e agita-se com delicadeza suave.
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Serve-se fresco com doce riso sem rodelas
au clair de la lune
Próprio para qualquer estação
acompanhado de açucenas
malmequeres
orquídeas e
rosas em fundo verde
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FIM
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